quinta-feira, 29 de março de 2018

O sacrifício da vida pela comunidade

A França comoveu-se quando o Presidente Emmanuel Macron prestou homenagem ao tenente-coronel Arnaud Beltrame, que foi morto por um extremista islâmico depois de se ter voluntariado para substituir uma refém que aquele retinha sob ameaça num supermercado de Trèbes, no sul de França.
Vários factores convergiram para que a França se comovesse, mas um deles terá sido a surpresa com que assistiu a um acto de coragem protagonizado por alguém que, certamente, havia jurado defender a comunidade “mesmo com o sacrifício da própria vida”. Essa ideia de defender a pátria ou de defender a comunidade parece cada vez mais uma coisa do passado porque, tanto os soldados como os polícias, se tornaram funcionários, provavelmente com mais deveres e menos direitos do que os outros funcionários. A generalidade dos políticos também se tornaram funcionários e não lutam por causas nem por valores, mas apenas por interesses, mas o mesmo acontece com muitas outras profissões que deveriam servir o interesse público.
Os tempos e as escalas de valores estão a mudar muito rapidamente por toda a parte e o egoismo está a dominar as sociedades, prevalecendo o interesse pessoal ou de grupo sobre o interesse colectivo, como bem se vê nas desigualdades que existem entre os homens e entre as nações. Em muitos aspectos, parece que o mundo já está dominado mais pelo capital tecnológico e pela robótica, do que pela sensibilidade e pela inteligência humanas. É por isso que a corajosa acção do tenente-coronel Arnaud Beltrame surpreendeu e comoveu a França.
A comoção dos franceses extravou as suas fronteiras e sensibilizou alguma imprensa mundial que também ficou surpreendida com este gesto cada vez mais singular de alguém que leva até ao fim o seu juramento de defender a comunidade “mesmo com o sacrifício da própria vida”. The Wall Street Journal foi apenas um dos jornais internacionais que publicou a fotografia do presidente francês junto da urna do malogrado oficial.

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