segunda-feira, 26 de março de 2018

Os novos episódios da questão catalã

A questão da Catalunha, a região autónoma espanhola em que metade da população quer ser independente e a outra metade não quer, teve ontem mais um episódio relevante, quando Carles Puigdemont foi detido pela polícia alemã na sequência de um pedido das autoridades judiciais espanholas.
Não se sabe se Puigdemont se distraiu ou se quis ser detido, nem se vislumbra se quer ser um líder no exílio ou um mártir na Catalunha, mas o facto é que os independentistas catalães vieram para a rua protestar e que esta detenção fez reanimar a contestação às instituições espanholas e a conflitualidade nas ruas das cidades catalãs, onde de imediato houve confrontos e se verificaram alguns feridos.
A Espanha é um estado soberano cuja Constituição diz, no seu artigo 2º, que “la Constitución se fundamenta en la indisoluble unidad de la Nación española, patria común e indivisible de todos los españoles, y reconoce y garantiza el derecho a la autonomía de las nacionalidades y regiones que la integran y la solidaridad entre todas ellas”. O que acontece é que, segundo o Tribunal Constitucional, Carles Puigdemont e alguns outros dirigentes independentistas catalães têm atentado contra a unidade da Espanha e, por isso, afrontam a lei constitucional e estão detidos ou têm sobre eles mandados de detenção.
Albert Rivera, o fundador e presidente do Ciudadanos – Partido de la Ciudadania, que é o maior partido da Catalunha, comentou a detenção de Puigdemont e disse que “se acabó la fuga del golpista”. De facto, a forma como tem sido conduzida a luta pela independência da Catalunha tem sido desastrada e, muitas vezes, tem tido contornos de golpe com que o orgulhoso poder centralista de Madrid não pactua.
O problema da Catalunha continua, portanto, bem vivo, embora os catalães comecem a estar cansados desta história. A História, porém, ensina-nos que quando os líderes de uma ideia ou de um movimento político vão para a prisão, as suas teses acabam por se impor no futuro.

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