quinta-feira, 12 de abril de 2018

A manipulação da verdade e os mísseis

A receita é bem conhecida: cria-se uma situação anómala que é divulgada pelas agências noticiosas internacionais amigas, fornecem-se imagens para os jornais e televisões e fica criado um estado emocional na opinião pública necessário para justificar uma intervenção militar, sem que se investigue se a mensagem divulgada é falsa ou verdadeira. O caso mais evidente passou-se em 2003 com as “armas de destruição maciça”, uma mentira que serviu para o ataque americano ao Iraque e para iniciar a destabilização que desde então tem atravessado o Médio Oriente e o Norte de África.
Porém, esse modelo que acusa e que incita à punição sem que sejam feitas as necessárias investigações independentes para apuramento da verdade, continua a ser usado pelos falcões de ambos os lados do Atlântico. Já em 1994 e 1995 tinha acontecido algo de semelhante com o massacre do mercado ao ar livre de Sarajevo, em que não houve o apuramento da verdade para se saber se foi da responsabilidade de sérvios ou de bósnios, mas que serviu para justificar a intervenção da NATO.
Vem isto a propósito das tentativas de assassinato do espião russo que aconteceu em Londres e que, sem o necessário apuramento da verdade, serviu para Theresa May e os seus aliados expulsarem diplomatas russos. Agora, são as imagens que mostram as vítimas do ataque químico acontecido na cidade síria de Douma que, sem que tivesse havido uma investigação independente e séria para apuramento da verdade, tem sido atribuído ao regime de Bashar al-Assad e tem servido para a ameaça dos falcões do costume para gastarem mais uns mísseis e, dessa forma, alimentarem as suas indústrias de armamento. O Donald prometeu retaliar e avisou a Rússia: missiles are coming. Naturalmente, o mundo está muito apreensivo.

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