sexta-feira, 25 de maio de 2018

A corrupção que fez tremer a Espanha

A Audiência Nacional, que é um tribunal com jurisdição sobre todo o território e a principal instância penal espanhola, condenou ontem 29 dos 37 acusados no processo Gürtel a 351 anos de prisão. A Espanha naturalmente tremeu e muitos espanhóis ficaram em estado de choque, mas muitos outros também ficaram aliviados.
O caso Gürtel refere-se a uma rede de corrupção política ligada ao Partido Popular (PP) que era encabeçada pelo empresário Francisco Correa Sánchez, uma figura da alta sociedade de Madrid, tendo sido baptizado como Gürtel, a tradução alemã de Correa, talvez porque quando as coisas foram detectadas Francisco Correa tinha um estatuto de intocável e ninguém queria associar o seu nome a este caso.
A investigação foi iniciada em finais de 2007 e só agora houve sentença. Apurou-se que, durante muitos anos, nos municípios e comunidades autónomas governados pelo PP, eram adjudicados inúmeros serviços a empresas ligadas a Francisco Correa, a troco de subornos e presentes de elevado valor. Os lucros assim obtidos eram canalizados para contas secretas e paraísos fiscais às ordens do PP. Francisco Correa foi considerado o cabecilha deste caso e foi condenado a 51 anos de prisão, enquanto Luis Bárcenas, o ex-tesoureiro do partido, foi condenado a 33 anos de prisão e ao pagamento de uma multa superior a 44 milhões de euros, tendo a sua mulher, Rosalia Iglesias, sido condenada a uma pena de 15 anos de prisão. Ao todo, houve 29 condenações com 351 anos de cadeia. Uma bomba em Espanha!
Como hoje refere o El País, o PP foi condenado e a credibilidade de Mariano Rajoy, o líder do PP, está de rastos. Aproxima-se, portanto, mais uma crise política em Espanha, a juntar às que já por lá viviam.
Não sabemos se este caso teve ou não teve contágio em Portugal, mas ninguém tem dúvidas que muitas adjudicações por aí feitas ao longo dos anos, beneficiaram os amigos de todas as cores, por vezes escandalosamente.

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