sábado, 30 de junho de 2018

Vitorino: mais um português em destaque

Os 169 Estados-membros da Organização Internacional das Migrações (OIM), criada em 1951 para encontrar soluções para o problema das migrações, elegeram ontem António Vitorino para o cargo de director-geral daquele organismo que integra a estrutura multilateral da ONU. A candidatura foi formalizada pelo governo português em Dezembro do ano passado e António Vitorino foi eleito depois de eliminar na quarta ronda de votação a candidata costa-riquenha Laura Thompson, a actual vice-directora geral da OIM. Vitorino veio a ser eleito na quinta ronda de votação, à qual compareceu sozinho, tendo sido em todas as rondas o candidato mais votado, enquando o polémico candidato americano Ken Isaacs que fora escolhido por Trump, ficou sempre em último lugar.
A eleição foi muito festejada em Portugal porque se trata de mais um português a ocupar um alto importante da cena internacional para o qual foi eleito por aclamação, tal como acontecera com António Guterres e com Mário Centeno. Estas eleições para altos cargos internacionais evocam-nos outros portugueses que, podendo ter sido candidatos a altos cargos internacionais, escolheram a porta pequena e trabalham como lobistas, por exemplo na Goldman Sachs, ou como funcionários de uma qualquer organização ou, ainda, como facilitadores de negócios.
Não conheço, nem tenho qualquer simpatia pessoal por António Vitorino, mas reconheço que a sua eleição resulta do reconhecimento dos seus méritos e da campanha institucional que foi conduzida a seu favor pelo governo. Porém, a imprensa portuguesa vai de mal a pior e apenas dois jornais referiram numa pequeníssima notícia de primeira página a eleição de Vitorino. Então a sua eleição não é uma grande notícia? Não merecia ao menos uma fotografia na primeira página? Que pobreza de imprensa!

sexta-feira, 29 de junho de 2018

Joana Vasconcelos no Guggenheim Bilbao

Abre hoje ao público no Museu Guggenheim Bilbao e estará patente até ao dia 11 de Novembro, a exposição “I’m your mirror”, apresentada pela artista plástica Joana Vasconcelos. É a primeira vez que um artista português se apresenta individualmente no mais moderno museu da península Ibérica e esse facto tem um importante significado cultural, em termos de projecção da imagem de Portugal no mundo.
A exposição inclui uma selecção de trinta obras da mais internacional dos artistas portugueses da sua geração, realizadas entre 1997 e a actualidade, entre as quais 14 obras inéditas, como sucede com a instalação de grande dimensão “Egeria”, concebida especificamente para ficar suspensa no átrio do museu concebido pelo arquiteto norte-americano Frank Gehry.
A exposição é uma antologia do trabalho que tem sido desenvolvido por Joana Vasconcelos e que já conquistou o reconhecimento internacional da crítica, designadamente em Versalhes e Veneza, exibindo algumas das obras emblemáticas dos primeiros anos da sua carreira como “Cama Valium” (1998), “Burka” (2002) e “A Noiva” (2001-2005), bem como alguns trabalhos mais recentes como “Marilyn” (2009-2011), “Lilicoptère” (2012), “A Todo o Vapor” (2012) e “Call Center” (2014-2016).
Não é fácil uma deslocação a Bilbau para ver esta importante exposição, mas já está anunciado que a mesma será apresentada a partir de Janeiro no Museu de Serralves.
E aqui está como a projecção da imagem de Portugal no mundo se faz através de um mix em que aparecem Cristiano Ronaldo, António Guterres e Marcelo Rebelo de Sousa, mas onde também entram Joana Vasconcelos e outros portugueses reconhecidos internacionalmente pelos seus méritos na arte, na música, na ciência, na literatura ou no desporto.

quinta-feira, 28 de junho de 2018

A visita oficial que MRS fez ao Donald

Ontem, dia 27 de Junho de 2018, o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa foi recebido na Casa Branca em Washington pelo Presidente dos Estados Unidos da América, Donald Trump, tendo os dois presidentes mantido uma reunião a sós na Sala Oval durante cerca de 25 minutos, a que se seguiu uma reunião alargada às respectivas equipas de diplomatas e assessores.
Não havia quaisquer assuntos importantes na agenda entre os dois países e MRS nem sequer podia falar em nome da União Europeia. Por isso, foi um encontrosinho para a fotografia, em que  para além das declarações de circunstância, sempre amistosas e elogiosas, os dois presidentes falaram de banalidades diversas, embora o encontro também tenha servido para lembrar ao Donald que Portugal existe e que, como salientou MRS, foi "o primeiro país neutral a reconhecer a independência dos Estados Unidos da América, apesar de ter a Inglaterra como o mais antigo aliado". Como convém, nestes casos, houve uma declaração final em que MRS disse que"não houve nada, mas verdadeiramente nada de relevante naquilo que era convergente ou divergente que não tivesse sido tratado". E ficamos mais descansados.
Tanto quanto sabemos, nas múltiplas viagens presidenciais de MRS desapareceram as extensas comitivas de que os anteriores presidentes tanto gostavam. Anteriormente, eram empresários, banqueiros ou agentes culturais, quase sempre os mesmos, que enchiam os aviões e os hotéis nas viagens presidenciais, com a conta a ser paga pela Presidência da República. Nesse aspecto, MRS inovou e acabou com essa dispendiosa fantasia das comitivas presidenciais. Quanto ao resto, nada mas mesmo nada se pode esperar deste encontro entre MRS e o Donald para além de uma fotografia, que aliás a imprensa portuguesa não deixou de divulgar, embora o Diário de Notícias tenha lamentavelmente sobreposto à dita fotografia uma não-notícia especulativa. Em síntese, é muito útil e animador que possamos exibir pelo mundo um presidente moderno, culto e cosmopolita como é MRS, mesmo que seja só para ser fotografado.

O êxito de Salvador Sobral em Málaga

Salvador Sobral, o músico português que ganhou o Festival da Eurovisão em 2017, iniciou uma tournée por Espanha e actuou ontem no Teatro Cervantes de Málaga. O seu concerto foi um êxito que o jornal Málaga hoy destacou hoje com uma fotografia de primeira página a seis colunas.
Seis meses depois de um transplante cardíaco que se realizou em Lisboa no Hospital de Santa Cruz, o músico português retomou a sua vida normal, embora tenha passado de um quase anonimato artístico para um pedestal de fama. Comunicador, poliglota e com um discurso inteligente e bem humorado, Salvador Sobral foi solicitado para dar entrevistas em que, com humor, recordou uma sua apresentação em Málaga há três anos:
“Toquei em Málaga com mais músicos que público. Éramos um quarteto e havia três pessoas a ouvir-nos. Superdeprimente. Mas voltarei a tocar em bares quando tudo isto (a fama), que é efémera, acabar”.
Uma outra ideia que se destaca nas suas entrevistas é a sua referência à musica dos festivais da canção:
“Foi uma ingenuidade da minha parte pensar que podia mudar alguma coisa. Ganhei a Eurovisão porque era diferente e o que é diferente ganha sempre. Um ano ganhou uma mulher com barba, no outro ano ganhou uma fulana que emite sons de galinha e no outro ano ganhei eu com uma canção bonita”.
O triunfo no Festival da Eurovisão de 2017 projectou-o e permite-lhe ter inúmeros concertos agendados para os próximos tempos em Espanha, Suiça, Alemanha e, naturalmente, Portugal. Ainda bem. Ele mostra-se realista e parece não se deslumbrar com o que lhe está a acontecer. Ele é um homem muito inteligente, de muito valor e de muita coragem, que até sabe que a fama é coisa efémera. O seu êxito não pode deixar de nos emocionar. Parabéns, Salvador Sobral.

quarta-feira, 27 de junho de 2018

A Europa face à sua própria implosão

O jornal belga Le Soir destaca na sua edição de hoje a situação de fragilidade em que vive a União Europeia, afirmando que está em crise e que, pela primeira vez na sua história, a sua principal ameaça não é externa. O jornal escolheu o sugestivo título “L’Europe contemple son implosion”, porque entende que existe um verdadeiro risco de implosão cada vez mais anunciado, porque é demasiado complexo manter a coesão de 28 estados-membros, com 28 culturas políticas e com 28 interesses conflituantes. Não se trata apenas do Brexit ou da “ditadura orçamental” de Bruxelas, da crise migratória ou das velhas questões da repartição de fundos estruturais. O novo problema da União Europeia são as chamadas democracias iliberais que governam a Hungria de Viktor Orbán e a Polónia de Jaroslaw Kaczynski e que se estão a confrontar com as democracias liberais.
O conceito de iliberismo ou democracia iliberal tem sido utilizado para classificar os regimes ou personalidades democraticamente eleitos ou até reeleitos, mas que ignoram os limites dos seus poderes e não aceitam as regras da democracia liberal de tipo ocidental, actuando segundo a sua própria vontade e privando os cidadãos dos direitos e liberdades fundamentais. Apontam-se os casos de Singapura, China, Índia, Turquia e Rússia que, por vezes, são considerados uma ante-câmara de ditaduras. São casos de algum sucesso económico, mas também são casos de grande nacionalismo e de algum extremismo que perturbam as relações internacionais. Por isso, a Hungria e a Polónia e, mais recentemente a Áustria, começam a ser uma perturbante ameaça para a União Europeia e para o seu projecto de progresso e de solidariedade.

terça-feira, 26 de junho de 2018

A popularidade do futebol é planetária

O Campeonato do Mundo de Futebol é o grande acontecimento do momento e os grandes jornais internacionais, inclusive nos países que estão ausentes dos estádios russos, dão ao tema grandes espaços que parecem ensombrar quaisquer outros assuntos. As primeiras páginas desses jornais são por vezes ilustradas com as fotografias mais expressivas da competição ou dos mais famosos artistas da bola, mesmo quando as suas prestações ficam aquém do esperado.
Depois do Wall Street Journal ter destacado Cristiano Ronaldo na sua primeira página, hoje foi a Folha de S. Paulo que dedicou uma espécie de tríptico fotográfico a Cristiano Ronaldo, apesar dele ter falhado um penalti contra o Irão e de ter sido admoestado com um cartão amarelo nesse mesmo jogo, facto que deixou um tal Queirós muito furioso porque, segundo ele, uma cotovelada daquelas tinha que levar um cartão vermelho. Mesmo quando cai e não marca golos, a popularidade de Cristiano Ronaldo é muito grande, mesmo no Brasil onde pontificam os ídolos Neymar da Silva e Phillipe Coutinho.
Porém, não se julgue que Cristiano Ronaldo é o único artista a ocupar algumas primeiras páginas de jornais internacionais, pois Moahamed Salah já apareceu na capa do The New York Times e Harry Kane apareceu na capa de muitos jornais ingleses. Já os grandes artistas argentinos e brasileiros, tal como as suas equipas, ainda não desiludiram mas têm estado próximo disso, pelo que até agora têm sido um pouco ignorados. Porém, o campeonato ainda está na sua fase preliminar e a imprensa mundial não vai deixar de aproveitar as fotografias dos melhores artistas para alimentar o entusiasmo dos seus leitores.

Viva o VAR (video assistant referre)...

O Campeonato do Mundo de Futebol teve ontem dois importantes jogos, um em que a equipa portuguesa defrontou o Irão e outro em que a selecção espanhola jogou com a equipa de Marrocos. Os jogos disputaram-se em simultâneo e a cada uma das equipas ibéricas bastava um empate para passarem à fase seguinte da competição. Porém, quando terminou o tempo regulamentar Portugal vencia o Irão e a Espanha perdia com Marrocos, o que significava que Portugal estava em vias de ganhar o seu grupo de apuramento. Até que surgiu o minuto 91, que o jornal as classificou como “digno de Hitchcock”. Foi então que os espanhóis meteram um golo duvidoso que o VAR decidiu validar e que fez com que a eminente derrota se transformasse num empate. Ao mesmo tempo, um lance duvidoso na área portuguesa suscitou dúvidas e o VAR decidiu que era penalti contra Portugal que, depois de transformado, fez com que a eminente vitória se transformasse num empate. Com esta reviravolta, os espanhóis ganharam o grupo e os portugueses ficaram em 2º lugar, mas ambos foram apurados para os oitavos de final em que vão defrontar a Rússia e o Uruguai. A imprensa espanhola desfez-se em elogios ao VAR... Foi realmente um minuto digno de Hitchcock.
A prestação portuguesa tem sido insatisfatória. Ontem, mais uma vez, os jogadores estiveram abaixo do que se desejava, embora tivessem sofrido com o calor e, sobretudo, com a agressividade dos seus adversários iranianos que, instruídos por um seleccionador português, tudo fizeram para os provocar. Queirós queria ganhar. Era legítimo, porque estava muito dinheiro a caminho dos seus bolsos, mas perdeu a compostura e o fair-play. Muito fez ele, ou mandou fazer, para que Ronaldo fosse expulso. E quase conseguiu...

segunda-feira, 25 de junho de 2018

O triste destino de uma vulgar figura

Durante muitas semanas fomos sufocados com uma corrente desproporcionada de notícias a respeito de uma vulgar figura que, através de um respeitável e centenário clube de futebol, tem conseguido monopolizar a informação em Portugal.
Essa vulgar figura chama-se Bruno de Carvalho e chegou a presidente do Sporting Clube de Portugal sem ter um passado profissional que o certificasse para aquele cargo. Aproveitou-se da notoriedade da instituição e sonhou ser um presidente-adepto, tomando atitudes e fazendo declarações polémicas e, por vezes, muito insultuosas. Ameaçou. Manipulou. Os media aproveitaram esta janela de oportunidade de sensacionalismo e deram-lhe espaço e tempo. Promoveram-no e a vulgar figura deslumbrou-se. A sua auto-estima inchou. Imaginou-se no centro do mundo e passou a encenar o seu comportamento e as suas declarações. Muitos viraram-lhe as costas e não tiveram paciência para o aturar. Os jogadores já não o suportavam e foram-se embora. Não há memória em Portugal de um caso de demagogia e populismo como este.
No passado sábado, numa assembleia geral em que votaram 14.735 sócios e que foi uma das mais concorridas da história do clube, uma maioria de 71,36% dos votos decidiu destituir a vulgar figura que, amuado e triste, escreveu poucas horas depois que já não era sportinguista. Milhões de portugueses ficaram aliviados por imaginarem que esta vulgar figura desaparecia dos écrans televisivos e da capa dos jornais, o que de resto o jornal O Jogo bem descreveu com a frase “Chega de Bruno”.
Porém, poucas horas depois, a vulgar figura deu o dito por não dito e afirmou que se vai recandidatar. Será que teremos de o continuar a ouvir? Como alguém escreveu, este homem sofre de problemas psicológicos e precisa de urgente ajuda médica. Chega de Bruno!

sexta-feira, 22 de junho de 2018

A Gare do Oriente e a nova arquitectura

A Gare do Oriente ou Estação Ferroviária de Lisboa – Oriente é uma importante infraestrutura projectada pelo famoso arquitecto espanhol Santiago Calatrava, que foi concluida em 1998 por ocasião da Expo98 e que se afirmou de imediato como um dos mais expressivos exemplos de arquitectura contemporânea da cidade de Lisboa.
Depois, o bom gosto e a nova arquitectura parece terem assentado arraiais e as ideias amadureceram, começando a surgir obras de grande qualidade estética, sobretudo na chamada frente ribeirinha de Lisboa, por vezes associadas a renovações e transformações do tecido urbano, como aconteceu na Ribeira das Naus, no Cais do Sodré e no Campo das Cebolas. Como exemplos dessa nova atitude surgiram o Centro Champalimaud (Charles Corrêa, 2011), o Museu Nacional dos Coches (Paulo Mendes da Rocha, 2015), a nova sede da EDP (Aires Mateus, 2015), o MAAT – Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia (Amanda Levete, 2016) e o Terminal de Cruzeiros de Lisboa (João Carrilho da Graça, 2017).
Embora se enquadrasse no espírito renovador associado à Expo98 e às várias obras então projectadas e construídas, a Gare do Oriente de Santiago Calatrava foi precursora de uma nova atitude quanto à modernização da cidade através da arquitectura. E tem resultado. E Lisboa está melhor. Por isso, aqui deixo uma singela fotografia de um detalhe do tecto da Gare do Oriente, que diariamente avisto da minha janela.

Uma nova ordem social na Arábia Saudita

A partir do próximo domingo, dia 24 de Junho, as mulheres sauditas já poderão conduzir os seus automóveis nas estradas da Arábia Saudita e esse será o aspecto mais visível de uma nova política social iniciada por Muhammad bin Salman, o poderoso príncipe herdeiro saudita de 32 anos de idade. N asua mais recente edição, a revista The Economist dedica uma extensa reportagem a esta “revolução social saudita”.
Os cinemas de Riyadh abriram as suas portas e os homens já podem sentar-se ao lado das mulheres, pode ouvir-se música nas ruas e as mulheres já frequentam os parques de diversão onde conduzem carros eléctricos. O Comité para a Prevenção do Vício e a Promoção da Virtude, perdeu o poder de impor a moralidade pública, embora muitos religiosos islâmicos prevejam o aumento da imoralidade e condenem esta medida liberalizadora com argumentos retrógrados como por exemplo o de que “as mulheres só têm meio cérebro” ou que “a condução afecta os seus ovários”.
Há uma nova geração rica e cosmopolita em torno do jovem príncipe herdeiro saudita que quer a liberalização social e a transformação da sociedade, acabando com os códigos islâmicos ultra-rigorosos, ao mesmo tempo que ambiciona a diversificação da sua economia que é demasiado dependente do petróleo.  
Os hábitos islâmicos moderados dos seus vizinhos do Abu Dhabi, dos Emirados Árabes Unidos e do Qatar são uma fonte inspiradora para os sauditas, porque não faz sentido poder ir livremente ao cinema no Dubai e não poder ver cinema na Arábia Saudita, por aí ser contra a vontade de um Deus que é exactamente o mesmo.
Nesta liberalização saudita há um pormenor muito curioso, porque a promoção do islamismo moderado está a aproximar a Arábia Saudita de Israel, o que está a fazê-los passar de inimigos a aliados, o que até parece um paradoxo mas que resulta do medo comum que naquela região todos têm do Irão.

quinta-feira, 21 de junho de 2018

O crescente isolacionismo do Donald

Os Estados Unidos anunciaram que vão abandonar o Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas (CDH) porque, segundo declarou Nikki Haley, a Representante Permanente dos Estados Unidos junto das Nações Unidas, consideram essa organização "hipócrita e egoísta". Esta decisão de Donald Trump, que a diplomata de origem indiana anunciou, também resulta do facto da actual administração americana não gostar de ver a China, Cuba e a Venezuela na CDH, porquanto considera esses países violadores dos Direitos Humanos, mas também porque não aceita a forma como é atacado o Estado de Israel e é tratada a questão dos "direitos do Homem na Palestina”.
Esta decisão do Donald segue-se a um número já considerável de decisões polémicas que tomou no plano internacional, que incluem a saída da Unesco, o fim do financiamento a vários órgãos das Nações Unidas, o acordo transpacífico de comérco livre, os acordos de Paris sobre as alterações climáticas ou o acordo nuclear sobre o Irão apoiado pelas Nações Unidas.
Acentua-se, portanto, a política unilateralista e isolacionista da administração Trump ou, o mesmo é dizer, do especial modo como o Donald faz política internacional. Hoje o jornal Le Monde destaca mais este passo no caminho do isolacionismo americano e da sua confrontação com meio mundo, apesar do sinal contraditório que foi a recente Cimeira de Singapura. A fotografia de Merkel e de Macron, que ilustra a primeira página do jornal, bem pode traduzir a crescente preocupação europeia por esta caminhada sem rumo do Donald.

quarta-feira, 20 de junho de 2018

Os melhores restaurantes do mundo?

Ontem no Euskalduna Jauregia Bilbao, o grande centro de congressos da cidade basca, a organização The World’s 50 Best Restaurants (W50BR) anunciou os nomes dos 50 melhores restaurantes do mundo de 2018 e o primeiro lugar foi atribuido à Osteria Francescana de Modena, seguindo-se o Celler de Can Roca (Girona, Espanha), o Mirazur (Menton, França), o Eleven Madison Park (Nova Iorque) e o Gaggan (Banguecoque). A lista dos dez melhores restaurantes do mundo é completada com dois restaurantes peruanos, um francês e dois espanhóis.
A lista dos 50 melhores restaurantes relativa a 2018 inclui 7 restaurantes espanhóis, 6 restaurantes americanos, 5 restaurantes franceses e 5 restaurantes ingleses, mas dela constam restaurantes de 22 países. Porém nenhum restaurante português está incluido nessa lista, embora o Restaurante Belcanto se encontre na 78ª posição na lista em vigor até ontem.
O jornal El Correo deu um grande destaque a este evento realizado em Bilbau, no qual são destacados e promovidos alguns artistas-cozinheiros ou cozinheiros-artistas, que se auto-definem como chefs. Pelo que leio e pelas fotografias que vejo, os cozinhados esta gente nada têm que ver com a gastronomia de antigamente, que era bem temperada, saborosa e com substância, pois muitas vezes esta nouvelle cuisine não passa de um amontoado de coisas banais apresentadas com grande sofisticação ou até com uma estética imaculada, mas que frequentemente não passam de um desafio ao bom senso e um atentado à boa gastronomia, inclusive no preço obsceno que praticam para satisfazer certas vaidades. Serão estes os melhores restaurantes do mundo? Duvido e, por isso, posso afirmar que estes restaurantes nunca farão parte da minha lista de preferências, mesmo que me saísse um valente prémio na Lotaria Nacional.

segunda-feira, 18 de junho de 2018

Unesco vai classificar o Farol de Cordouan

O jornal Sud Ouest é publicado diariamente em Bordéus e é um dos maiores jornais regionais franceses, com uma circulação da ordem dos 300 mil exemplares diários. Na sua edição de hoje o jornal noticia a realização de uma grande festa nas imediações do farol de Cordouan para apoio da sua candidatura a património mundial da Unesco e associa-se a essa campanha com a divulgação da história do farol, com muitas imagens e com informações sobre o processo em vias de decisão.
O farol de Cordouan fica situado sobre uma pequena ilha rochosa à entrada do estuário do rio Gironda, a cerca de 3 milhas da costa, tendo servido desde tempos muito recuados para assinalar a entrada da barra às embarcações que iam carregar vinho na região de Bordéus. Porém, só em 1611 foi construida uma estrutura com as características de um farol. Essa estrutura foi melhorada ao longo dos anos e o alumiamento do farol foi modernizado, mas só entre 1786 e 1790, quando a torre foi acrescentada de 20 metros, é que o farol tomou a sua forma actual com 68 metros de altura.
É uma estrutura monumental de grande harmonia arquitectónica, com vários pisos onde se situam alojamentos, capela e, no topo, o sistema de alumiamento que só em 1950 passou a ser eléctrico. O farol recebeu o estatuto de monumento histórico em 1862 e agora quer ser reconhecido pela Unesco e ter o estatuto de Património da Humanidade. É de facto um farol único no mundo, que os franceses gostam de designar como o “farol dos reis, rei dos faróis” ou o “Versailles do mar”. É uma das atracções turísticas do sudoeste francês e recebe cerca de 20 mil visitantes por ano que pagam 11 euros pela visita, mas que não inclui o transporte por mar até ao farol. Porém, dizem os que já lá foram, que valeu a pena.

domingo, 17 de junho de 2018

Ronaldo vs. Messi ou a luta continua

Nos últimos dez anos o futebol mundial tem sido dominado por uma curiosa rivalidade entre o português Cristiano Ronaldo e o argentino Lionel Messi que conquistaram, por cinco vezes cada um, o prestigioso troféu destinado ao melhor jogador do mundo. Esse troféu é a Bola de Ouro ou Ballon d’Or e foi criado pela revista francesa France Football, tendo tido em determinada altura a parceria da FIFA.
Ronaldo e Messi têm sido os protagonistas da luta por esse prémio e a circunstância de ambos jogarem em Espanha e nos dois maiores clubes ibéricos, tem acentuado essa disputa. Agora, com as duas estrelas a pisar os relvados russos, essa rivalidade voltou a estar no centro da discussão futebolística.
Aconteceu que na sexta-feira Cristiano Ronaldo marcou três golos à Espanha e gastou os elogios que havia disponíveis no mercado, enquanto no sábado aconteceu que Lionel Messi falhou uma grande penalidade contra a Islândia e a equipa da Argentina não foi além de um empate contra a modesta selecção islandesa. Estas prestações não passaram despercebidas aos furiosos da bola e o jornal desportivo italiano La Gazzetta Sportiva pegou nesse tema, porque é interessante para os seus leitores e “vende bem”, tratando de destacar este duelo na primeira página da edição de hoje com o título CR7-Messi 3-0.   
É ainda muito cedo para saber quem irá ser escolhido como o melhor jogador do mundo em 2018 mas, aparentemente, a imprensa mundial continua a apostar nos artistas do costume.

Chegou o tempo dos incêndios florestais

Decorreu um ano sobre o dramático incêndio de Pedrógão Grande e alguns jornais evocaram esse fatídico dia em que algumas dezenas de pessoas perderam a vida e muitos hectares de floresta foram devorados pelo fogo. Foram dias trágicos que vieram a repetir-se em Outubro e, embora o que se passou tenha causas tão diversas como a falta de planos de protecção contra incêndios florestais, ou um ordenamento florestal inadequado, ou as alterações climáticas ou, ainda, o desleixo das populações, todas as críticas se dirigiram contra o governo e, de forma especial, contra a então Ministra da Administração Interna. Foi lamentável o aproveitamento político que alguns então quiseram fazer da tragédia.
Entretanto, os fogos florestais não são apenas um problema português e grandes áreas florestais em Espanha também têm sido consumidas pelo fogo. Por isso, a secção espanhola do Greenpeace publicou esta semana um documento intitulado “Protege el bosque, protege tu casa” em que analisa as causas da nova era de incêndios de alta intensidade dos últimos anos e denuncia a falta de planos de prevenção, emergência e auto-protecção contra incêndios florestais em Espanha, um problema que já está classificado como emergência social. O estudo cita os incêndios do camping e do parque de Doñana de Mazagón e do trágico incêndio de Pedrógão Grande.
O documento foi publicado pelo jornal el Correo de Andalucia e constitui uma chamada de atenção para todos os agentes públicos e privados envolvidos neste problema, desde a população que constrói casas no meio da floresta e não cuida da limpeza dos seus espaços florestais, até ao abandono rural e às alterações climáticas. O documento refere que “não é uma situação única de Espanha” e que “países como Portugal, Chile, Austrália, África do Sul e Estados Unidos têm sofrido grandes incêndios de altíssima gravidade”. Trata-se, portanto, de um problema ambiental que afecta a segurança nacional e que em Portugal se espera possa ser enfrentado este ano com mais eficiência do que aconteceu em 2017.

sábado, 16 de junho de 2018

Os golos de CR7 e o delírio português

O Campeonato do Mundo de Futebol teve ontem, no segundo dia da prova, o jogo entre as equipas de Portugal e da Espanha que foi disputado em Sochi. Tratava-se de um encontro entre os rivais ibéricos, mas também entre duas equipas que figuram nos primeiros lugares do ranking da FIFA, no qual Portugal aparece actualmente em 4º lugar e a Espanha em 10º lugar, entre 211 equipas. São duas equipas de primeiro plano a nível mundial e que contam com muitos dos melhores praticantes de futebol da actualidade.
O jogo foi muito bem disputado e, segundo os especialistas, o empate por 3-3 que se verificou no final da partida foi justo, apesar da imprensa espanhola muito elogiar a sua equipa e sugerir que merecia a vitória, que lhe terá fugido apenas por ter defrontado um Cristiano Ronaldo muito inspirado. De facto, nos momentos decisivos do jogo, Cristiano Ronaldo não falhou e marcou os três golos portugueses, o último dos quais aconteceu a dois minutos do fim e, porque inesperado, deixou os portugueses em delírio.
A imprensa mundial – mais de uma centena de jornais de todo o mundo – divulgou o resultado do duelo ibérico, elogiou a grande qualidade do espectáculo e publicou a fotografia de Cristiano Ronaldo na sua primeira página, muitas vezes a toda a largura da capa. Não me recordo de alguma vez ter visto uma tão grande promoção do nosso país, neste caso através da selecção de futebol e da figura de Cristiano Ronaldo. Os substantivos e os adjectivos utilizados para o classificar são, entre outros, fenómeno, diabo, genial, espectacular, de outro planeta, divinal, marciano, gigante, super-estrela, grandioso, bestial, impressionante, imponente, vibrante... Um jornal hondurenho até diz que Cristiano Ronaldo é uma maravilha do mundo e o Correio Braziliense escolheu para título “o gol fala português”, porque dois golos espanhóis foram marcados por um brasileiro naturalizado espanhol.
Os portugueses estão eufóricos com a festa do futebol e bem merecem estas alegrias e até Marcelo Rebelo de Sousa esteve a aplaudir no Terreiro do Paço, provavelmente tão entusiasmado e delirante como o seu povo!

sexta-feira, 15 de junho de 2018

O futebol pode ajudar o desanuviamento

No conflito porventura mais longo e mais trágico por que passa o mundo e que se tem desenvolvido na Síria desde Março de 2011, o regime de Bashar al-Assad tem a Rússia como principal aliado, enquanto a oposição tem na Arábia Saudita um dos seus maiores apoios.
Porém, no jogo inaugural do Campeonato do Mundo em que se defrontaram as equipas da Rússia e da Arábia Saudita, na tribuna de honra estiveram sentados juntos e em amena cavaqueira, o Presidente Vladimir Putin e o príncipe Mohammad bin Salman Al Saud, o herdeiro do trono saudita e que também é vice-primeiro ministro e ministro da Defesa.
Seguramente, estes dois homens não falaram da Síria, nem do Irão, nem do Iémen, mas não deixa de ser muito curioso este encontro num estádio de futebol na presença do divertido presidente da FIFA , poucos dias depois da reunião havida entre o Donald e o Kim. Parece mesmo que estamos a caminhar para um desanuviamento à escala global e, nesse caso, teremos que dizer: ainda bem . O resultado do jogo pouco importa, mas Putin pôde sorrir porque a sua equipa ganhou por 5-0 e houve festa na Rússia.
O jornal inglês The Independent reparou neste encontro entre Mohammad bin Salman e Vladimir Putin que se registou ontem em Moscovo e trouxe-o hoje para a sua primeira página com uma sugestiva fotografia.
Para os que ainda não acreditam no poder político do futebol, aqui está a prova.

quinta-feira, 14 de junho de 2018

A grande festa do futebol começa hoje

O Mundial de futebol começa hoje na Rússia e, é caso para dizer que, durante 31 dias não se vai falar de outra coisa. De facto, o entusiasmo por esta competição tem uma escala global e, todos os dias, muitos milhões de espectadores estarão em frente dos televisores para ver as transmissões dos jogos. Um serei um deles, embora me concentre apenas no espectáculo do futebol e me desligue completamente do que vai ser dito por inúmeros jornalistas e comentadores que vão entopir todas as televisões com repetitivos e desinteressantes comentários e opiniões. De resto, ainda o campeonato não começou e já estou farto de os ouvir.
Hoje temos o jogo inaugural entre a Rússia e a Arábia Saudita, mas o melhor vai ser a cerimónia da abertura do campeonato, porque os russos não brincam em serviço e não vão perder a oportunidade para impressionar o mundo e mostrar que os tempos decadentes do império soviético já foram ultrapassados.
Amanhã teremos o Portugal-Espanha e nesse jogo estarão concentradas todas as emoções ibéricas, numa prova que revive uma rivalidade centenária, mas que agora é pacífica e até muito fraterna. A equipa portuguesa está cheia de gente de talento e de muita experiência, mas esses atributos também existem nas outras equipas, o que torna muito imprevisível o que vai acontecer. Porém, há que pensar positivo e desejar que os milhões de portugueses residentes no território nacional ou na diáspora tenham a alegria da vitória muitas vezes, até porque a alegria do povo depende cada vez mais dos resultados dos futebóis e da forma como são servidos pelas televisões. Portanto, todos os portugueses pedem aos nossos futebolistas para estarem à altura desta oportunidade.
Nós confiamos neles, mas é preciso que tenham sorte e que não haja bolas na trave.

terça-feira, 12 de junho de 2018

Afinal o Donald e o Kim são bons amigos

A diferença horária entre Singapura e os Estados Unidos é de 12 horas e, por isso, os matutinos americanos já aparecem com a notícia do encontro entre Donald Trump e Kim Jong-un, que se está a realizar no Hotel Capella, na ilha de Sentosa. Tudo parece estar a correr bem e o encontro teve direito a aperto de mão muito afectuoso, largos sorrisos, elogios mútuos e à assinatura de um primeiro documento comum, no qual ambos os países se comprometem a estabelecer relações de acordo com a vontade dos seus povos no caminho da paz e da prosperidade e a trabalhar na direcção da completa desnuclearização da península coreana.
Para além deste documento, são por agora muito escassas as declarações produzidas, até porque é a primeira vez que os líderes dos Estados Unidos e da Coreia do Norte se encontram, além de que o tema é complexo e há que digerir as inúmeras e mútuas provocações e insultos que cada um fez ao outro nos últimos meses.
Porém, o primeiro passo está dado e o mundo até parece que passou a respirar melhor.
As conversações prosseguem, mas os primeiros relatos descrevem um ambiente descontraído e sugerem que o Donald não deixará de convidar o Kim para visitar a Casa Branca. Quem se lembrará do que há tempos disse o Donald ao afirmar que "o homem-foguete tem uma missão suicida para si próprio e para o regime", ou tenha presente a resposta do Kim que lhe chamou "trapaceiro e criminoso" e "senil americano mentalmente perturbado"? Ou quem recordará a história dos botões nucleares que cada um tem em cima da sua secretária pronto a ser accionado?
Essas coisas esquecem-se depressa e, aparentemente, vamos assistir a mais encontros amistosos entre o Donald e o Kim, dois fanfarrões encartados. Que seja para uma nova era de paz na península da Coreia e no mundo, embora o passado político recente destes indivíduos seja pouco confiável.

Os refugiados abalam a coesão europeia

No passado sábado foram resgatadas 629 migrantes que faziam a travessia do Mediterrâneo, em seis operações nas quais participaram unidades da ilha de Lampedusa, três navios mercantes e a ONG SOS Mediterrâneo. Essas pessoas foram recolhidas no Aquarius, um pequeno navio registado em França e que pertence àquela organização não governamental. Porém, as autoridades italianas proibiram o navio de atracar num porto italiano e pediram a Malta que recebesse esses migrantes porque o navio estava mais próximo de Malta do que da costa italiana, mas o governo de Malta recusou e atribuiu essa responsabilidade aos italianos. Estava criado um impasse, com dois estados-membros da União Europeia a recusarem o auxílio humanitário a que os obriga a lei internacional e a terem um comportamente absolutamente desumano e contrário à política da União Europeia, por deixarem à deriva um navio numa situação muito precária.
Porém, ontem o impasse foi desbloqueado quando Pedro Sánchez, o primeiro-ministro espanhol, se ofereceu ontem para que o navio fosse acolhido no porto de Valência. Os chefes de governo de Itália, Giuseppe Conte, e de Malta, Joseph Muscat, agradeceram o gesto espanhol, enquanto Matteo Salvini, que é o ministro do Interior de Itália e que também é o líder do partido nacionalista e xenófogo Liga Norte, gritou “vitória” e “objectivo alcançado”, declarando que “salvar vidas é um dever, mas transformar a Itália num enorme campo de refugiados, não”.
Os jornais espanhóis, como por exemplo o ABC, tratam hoje este assunto com fortes elogios ao seu novo primeiro-ministro. O facto é que, a somar a muitos outros problemas que atravessam a Europa e a sua coesão, o caso do Aquarius e as declarações xenófobas de Salvini vieram lembrar que o problema dos refugiados continua por resolver.

domingo, 10 de junho de 2018

O Donald até sonha ser o rei da América

Nos últimos dias o presidente dos Estados Unidos tem andado nas primeiras páginas dos jornais e nas aberturas dos telejornais, não só pelo seu previsto encontro com Kim Jong-un em Singapura mas, sobretudo, pela forma como se tem afirmado perante o mundo.
Na sua corrente edição, a revista Time analisa a sua faceta de extrema arrogância e ridiculariza-o, ao mostrá-lo perante um espelho a mostrar a sua postura de aspirante a rei do mundo que se quer ver coroado.
A reunião do G7, isto é, o encontro dos sete países mais industrializados do mundo que se realizou no Canadá e que visou melhorar as regras do comércio internacional, não correu bem. O assunto é complexo e os americanos e os europeus estão em acesa discussão. Alguns dos líderes presentes na reunião enfrentaram o Donald, ao mesmo tempo que denunciaram as suas constantes ameaças de guerra comercial. Angela Merkell e Emmanuel Macron “levantaram a voz” ao Donald, tal como Justin Trudeau, o jovem primeiro-ministro do Canadá. O Donald parece que não gostou e abandonou a reunião, sem ter assinado o seu comunicado final.
Um antigo director da CIA classificou as atitudes prepotentes e provocatórias do Donald como palhaçadas que estão a abalar o prestígio americano no mundo e pediu paciência aos aliados e amigos dos Estados Unidos, porque Donald Trump é "uma aberração temporária".
Chegou-se ao ponto de desejar que Kim Jong-un tenha a paciência própria dos orientais para travar este indivíduo que, cada vez mais, entende que pode impor a sua vontade a tudo e a todos.

A festa do Dia de Portugal e de Camões

Hoje, dia 10 de Junho, é o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, um dia que assinala a morte do poeta Luís de Camões e que também é considerado como o Dia da Língua Portuguesa e como o Dia do Cidadão Nacional e das Forças Armadas. É uma data que se celebra com a presença dos mais altos dignitários nacionais e que inclui cerimónias oficiais, desfiles militares, concertos e entrega de condecorações aos portugueses que mais se distinguiram.
O palco das cerimónias oficiais que antigamente era em Lisboa no Terreiro do Paço, há muito que se tornou itinerante e, desde 1977 que, por escolha do Presidente da República, é designada uma cidade para acolher as comemorações oficiais. Em 2016 Marcelo Rebelo de Sousa teve a ideia de escolher duas cidades, uma no país e outra no estrangeiro, para que as comemorações se estendessem às comunidades portuguesas. Assim, as comemorações tiveram lugar em Lisboa e em Paris e, no ano seguinte, foram escolhidas as cidades do Porto e as cidades brasileiras do Rio de Janeiro e de S. Paulo. Este ano, o Presidente da República escolheu Ponta Delgada e as cidades americanas de Boston, Providence e New Bedford, no estado de Massachusetts, onde as comunidades portuguesas estão profundamente inseridas.
Embora o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas não desperte grande interesse popular em Portugal e quase seja ignorado pelos mass media, nas comunidades portuguesas é um grande dia de festa, em que os portugueses afirmam a sua identidade e manifestam o orgulho na sua nacionalidade, na sua língua, na sua bandeira e na suas tradições culturais, através de inúmeras iniciativas. A capa do jornal A Voz de Portugal, que se publica desde 1961 em Montreal, no Quebeque, e que é o mais antigo semanário de língua portuguesa do Canadá, é expressiva do entusiasmo com que o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas é festejado no estrangeiro. Mas para perceber isto é preciso viver ou ter vivido longe daqui.

quinta-feira, 7 de junho de 2018

Mulheres dominam no governo espanhol

No passado dia 1 de Junho, o governo de Espanha chefiado por Mariano Rajoy (PP) foi destituído na sequência da aprovação de uma moção de censura apresentada no Parlamento pelo Partido Socialista Obrero Español (PSOE). Nos termos constitucionais, o líder do partido que conseguiu a aprovação da moção de censura tornou-se automaticamente chefe do governo ou primeiro-ministro. Pedro Sanchez é, por isso, o novo primeiro-ministro de Espanha.
O resultado final da votação foi de 180 votos a favor, 169 contra e uma abstenção e, após a a votação, Mariano Rajoy saiu do seu lugar e dirigiu-se a Pedro Sanchez para o cumprimentar, como novo primeiro-ministro. A aprovação desta moção de censura é um momento histórico em Espanha, uma vez que o PSOE só tem 84 de um total de 350 deputados (24%), mas conseguiu os votos necessários para afastar Mariano Rajoy, com apoio do Unidos Podemos, dos nacionalistas bascos e dos independentistas catalães. É uma mistura muito complexa, de muito duvidosa coesão e, portanto, de durabilidade incerta.
Ontem Pedro Sanchez levou os nomes dos seus ministros ao Rei Filipe VI e depois anunciou-os em conferência de imprensa, com um discurso em que afirmou progressismo, europeismo, modernização e compromisso com a igualdade. O seu governo tem um presidente e 17 ministros, entre os quais 11 mulheres. Nunca houve na Europa um governo tão feminino e, hoje, o diário La Razón destaca esse facto e titula: consejo de "ministras". Os primeiros sinais de Pedro Sanchez foram muito apreciados, não só por apostar no feminino, mas também pelas suas escolhas mais técnicas que políticas, como sucede com Josep Borrell, o antigo presidente do Parlamento Europeu, com Nadia Calvino que era Directora-Geral da Comissão Europeia e responsável pelo orçamento comunitário e, até, com o astronauta Pedro Duque.
Consta que Pedro Sanchez se inspirou na solução portuguesa e o facto é que, à partida, tem um apoio parlamentar de apenas 24% dos deputados, pelo que vai precisar de muita habilidade. O mais certo é ter que preparar eleições.

terça-feira, 5 de junho de 2018

Mais um caso de pouca vergonha

As manchetes dos jornais destinam-se a chamar a atenção das pessoas, a suscitar o seu interesse e a fazer com que comprem os jornais. Têm, quase sempre, uma certa dose de sensacionalismo e, por vezes, nem sequer correspondem a factos verdadeiros e não passam de meras especulações. Porém, como diria o poeta António Aleixo, “para a mentira ser segura e atingir profundidade tem de trazer à mistura qualquer coisa de verdade”. Nesse sentido, mesmo as mais sensacionalistas manchetes têm sempre qualquer coisa de verdade e, por isso, a repetida frase que nos diz que uma imagem vale mais que mil palavras, bem pode dar origem a uma curiosa derivação e talvez possamos passar a dizer que uma manchete vale mais do que mil palavras. 
Isto vem a propósito da manchete da edição de hoje do jornal i que vem dizer-nos que as ajudas aos bancos custaram o equivalente a 23 Pontes Vasco da Gama. Ficamos absolutamente arrepiados com essa informação e com essa pouca vergonha, só possível pelas cumplicidades e pela promiscuidade que tem havido entre a Banca e a Política. Sabemos que a banca arranjou muitos empregos aos políticos e aos protegidos dos políticos, que distribuiu milhões em dividendos aos accionistas e outros tantos milhões em remunerações e prémios aos seus incompetentes ou desonestos gestores que continuam a andar por aí. Sabemos como os quadros superiores da banca continuam a disfrutar de benesses e mordomias como mais nenhum outro sector de actividade usufrui em Portugal. E, no entanto, nada muda e vivemos nesta angustiante realidade em que os contribuintes pagam os prejuízos da banca, enquanto ela absorve os lucros que tem e que não tem.
É ou não é uma pouca vergonha?

Um caso de pouca vergonha

O Expresso anunciou na sua última edição que o ex-banqueiro Jardim Gonçalves ganhou a acção que moveu contra o Millenium BCP no Tribunal de Sintra e vai continuar a receber a pensão de reforma de 167.000 euros mensais que vem recebendo desde 2005, mais as despesas em segurança, carro e motorista que o banco suspendera em 2010, mas que o tribunal agora obrigou a pagar retroactivamente e que já atingem 2.124.000 euros.
O banco tem procurado chegar a acordo com todos os antigos administradores para aceitarem a redução do valor das suas reformas e das suas regalias e todos terão aceite as propostas do banco, excepto Jardim Gonçalves que se reformou em 2005 quando tinha 69 anos de idade.
O senhor Gonçalves é um caso verdadeiramente inacreditável de ganância e de obscenidade social, que choca qualquer criatura, mas a que o tribunal foi indiferente. O juiz cedeu aos argumentos de um bom advogado e ter-se-à agarrado a uma qualquer lei para achar justa uma reforma mensal de 167 mil euros, num país onde o salário mínimo não chega aos 600 euros. O meretíssimo que produziu a sentença ofendeu o bom senso e a racionalidade, lesando os contribuintes portugueses que, directa ou indirectamente, pagam todos os devaneios do senhor Gonçalves. Não sei o que diz a lei, mas este caso parece mesmo um caso de uma terra fora da lei.
É mesmo um caso de pouca vergonha!