quarta-feira, 27 de junho de 2018

A Europa face à sua própria implosão

O jornal belga Le Soir destaca na sua edição de hoje a situação de fragilidade em que vive a União Europeia, afirmando que está em crise e que, pela primeira vez na sua história, a sua principal ameaça não é externa. O jornal escolheu o sugestivo título “L’Europe contemple son implosion”, porque entende que existe um verdadeiro risco de implosão cada vez mais anunciado, porque é demasiado complexo manter a coesão de 28 estados-membros, com 28 culturas políticas e com 28 interesses conflituantes. Não se trata apenas do Brexit ou da “ditadura orçamental” de Bruxelas, da crise migratória ou das velhas questões da repartição de fundos estruturais. O novo problema da União Europeia são as chamadas democracias iliberais que governam a Hungria de Viktor Orbán e a Polónia de Jaroslaw Kaczynski e que se estão a confrontar com as democracias liberais.
O conceito de iliberismo ou democracia iliberal tem sido utilizado para classificar os regimes ou personalidades democraticamente eleitos ou até reeleitos, mas que ignoram os limites dos seus poderes e não aceitam as regras da democracia liberal de tipo ocidental, actuando segundo a sua própria vontade e privando os cidadãos dos direitos e liberdades fundamentais. Apontam-se os casos de Singapura, China, Índia, Turquia e Rússia que, por vezes, são considerados uma ante-câmara de ditaduras. São casos de algum sucesso económico, mas também são casos de grande nacionalismo e de algum extremismo que perturbam as relações internacionais. Por isso, a Hungria e a Polónia e, mais recentemente a Áustria, começam a ser uma perturbante ameaça para a União Europeia e para o seu projecto de progresso e de solidariedade.

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