segunda-feira, 30 de julho de 2018

Mais um título europeu para Portugal

Ontem veio para Portugal mais um título europeu de futebol, pois a selecção nacional de sub-19 triunfou sobre a Itália por 4-3, no jogo da final do Campeonato da Europa de Sub-19 da UEFA disputada em Seinajoki, na Finlândia, que teve prolongamento e um desfecho muito incerto até ao fim.
O título europeu neste escalão etário aconteceu pela quarta vez, depois dos triunfos obtidos em 1961, 1994 e 1999, o que mostra que os portugueses são mesmo muito bons em futebol juvenil. "São de ouro", titulou hoje o jornal A Bola, referindo-se aos novos campeões europeus.
É certo que o este futebol já não é o que era e que, cada vez mais, tende a ficar subvertido pela negociata, pela batota desportiva e pela corrupção. Chamaram-lhe o desporto-rei, mas na actualidade já nem sequer é um desporto. Do futebol do antigamente em que pontificava a sã rivalidade e o amor à camisola, apenas parece ter sobrevivido o espectáculo de excelência que entusiasma as multidões. Essas multidões, excitadas pelas televisões e por alguns educadores do povo, são empurradas para a clubite e para a futebolite que alimentam a máquina do futebol e os seus negócios de compra e venda de jogadores, de contratos publicitários e de manipulação de claques e de outras coisas suportadas e alimentadas pela chamada imprensa desportiva e pelos seus agentes.
Apesar disso, há que prestar tributo aos novos campeões europeus de sub-19, pela enorme alegria que deram aos portugueses. Aqui lhes deixo o meu aplauso. 

Os britânicos dominam o Tour de France

Terminou a 105ª edição do Tour de France e o vencedor foi o ciclista britânico Geraint Thomas que, após o seu triunfo, exibiu com entusiasmo a bandeira do País de Gales. No longo historial desta prova não havia registo de vencedores britânicos, mas nos últimos sete anos, eles conseguiram seis vitórias. Primeiro foi Bradley Wiggins em 2012, seguiu-se Christopher Froome em 2013, 2015, 2016 e 2017 e, agora, Geraint Thomas, o que nos permite pensar que os britânicos estão a interessar-se e a dominar a Volta à França, enquanto os franceses não a vencem desde 1985. Um jejum de mais de trinta anos, que muito deve ferir o seu orgulho nacional…
Nos últimos anos a televisão transformou a corrida num espectáculo desportivo de excelência, mas também num singular documentário turístico-cultural que mostra a paisagem, os monumentos e o entusiasmo dos franceses pelo seu Tour de France.
Desde o dia 7 ao dia 29 de Julho e ao longo de 3351 quilómetros, um numeroso pelotão de 176 ciclistas distribuidos por 22 equipas, percorreu as planicies e as montanhas francesas mas, embora não houvesse quaisquer ciclistas portugueses nesse pelotão, puderam ver-se muitas bandeiras portuguesas ao longo das estradas francesas.
No fim, foi a festa em Paris, sobretudo para os britânicos que, além da vitória de Thomas ainda tiveram o veterano Froome na terceira posição, enquantos os franceses apenas conseguiram um 6º lugar.
Para o ano há mais…

domingo, 29 de julho de 2018

Cais de Agosto e a animação do costume

Termina hoje o Cais de Agosto, o festival que anualmente anima a vila de S. Roque do Pico e, de certa forma, toda a ilha do Pico.
Numa ilha com cerca de 15 mil habitantes e bastante envelhecida, o êxito deste festival mede-se pela presença de inúmeros grupos de jovens das ilhas vizinhas que, juntamente com os turistas que nestes meses de Verão visitam o Pico, fazem certamente duplicar a sua população e baixar a sua média etária.
O ambiente na ilha altera-se com os milhares de jovens que se movimentam por toda a parte, com o comércio da restauração que se anima e com o trânsito rodoviário que aumenta. Acentuam-se as subidas aos 2351 metros de altitude do Pico, a presença nas piscinas naturais e a caminhadas nos trilhos rurais, mas o principal é que todos querem assistir ao festival que apresenta alguns supostos grandes artistas nacionais. 
Porém, o festival também apresenta outros atractivos como o festival das bandas filarmónicas da ilha, a feira gastronómica, as regatas de remo e vela em baleeira, as bancas de comes e bebes e as costumadas barracas que vendem um pouco de tudo.
Para a economia local o Cais de Agosto é uma grande festa popular e um grande acontecimento pelo rendimento que gera em todas as actividades locais, mas é também é uma grande animação para a população residente devido à presença de tanta gente.

quinta-feira, 26 de julho de 2018

O “milagre” de Carlos Tavares na Opel

A última edição do jornal económico francês La Tribune publica na sua primeira página a fotografia do gestor português Carlos Tavares e destaca em título “la méthode Tavares que a sauvé Opel”.
Nas páginas interiores, o jornal inclui um artigo intitulado “Opel: autópsia de um espectacular salvamento industrial”, no qual salienta que ninguém esperava uma tão rápida recuperação da Opel, uma marca que desde 2000 até ao Verão de 2017, quando foi vendida pela General Motors à PSA, tinha perdido cerca de 15 mil milhões de euros. Em entrevista ao jornal, Carlos Tavares explicou que o plano que aplicou à Opel foi exactamente o mesmo plano que tinha aplicado na PSA, quando em 2014 assumiu a sua presidência, isto é, reduzir custos fixos, reduzir custos variáveis e melhorar os preços de venda para aumentar as receitas. Ora isto é o que está nos mais elementares livros de Economia e não se percebe como não é aplicado em todas as empresas em dificuldades, nomeadamente em Portugal.
Porém, Carlos Tavares esclarece que não tem sido fácil a sua tarefa, pois tem obrigado a aposentações antecipadas, despedimentos por acordo mútuo e duras negociações com os sindicatos. Paralelamente, os novos modelos foram adaptados às necessidades do mercado e as economias de escala entre as diferentes marcas do grupo têm aumentado, enquanto em menos de um ano, a margem operacional passou de -2,5% para 5%.
O “milagre” de Carlos Tavares não passou ao lado do mercado financeiro e na terça-feira, dia 24 de Julho, os títulos da PSA subiram quase 10%.
Que pena não termos muitos Tavares destes em Portugal…

terça-feira, 24 de julho de 2018

Os incêndios florestais enlutam a Grécia

Todos os jornais gregos destacam nas suas edições de hoje a calamidade que está a afectar os arredores de Atenas, onde um incêndio florestal gigantesco ou a conjugação de vários incêndios florestais, já provocaram 74 mortos e 187 feridos.
As descrições do que está a acontecer desde ontem são impressionantes e têm a marca de uma tragédia, apontando-se como causas principais as altas temperaturas, os ventos desencontrados e o deficiente ordenamento florestal da região. Uma vila já terá sido totalmente devorada pelas chamas, que destruiram casas, queimaram viaturas e obrigaram a muitas evacuações de pessoas, sobretudo para as praias do litoral. As autoridades gregas pediram ajuda à União Europeia e Chipre, Espanha, Alemanha, Itália, Polónia, França e Portugal já acederam aos pedidos de ajuda da Grécia.
Tal como ainda está a acontecer na Suécia, onde as temperaturas não baixam e há vários incêndios a lavrar sem controlo, a solidariedade internacional é essencial para ultrapassar estas situações imprevistas que se transformam em tragédias.
Portugal deu uma resposta pronta no auxílio solidário a estes países, até porque conhece bem a dimensão humana destas tragédias. O que aqui se lamenta, uma vez mais, foi o degradante espectáculo que alguns agentes políticos portugueses exibiram em 2017, procurando retirar efeitos políticos da tragédia. Foi uma vergonha. Naturalmente que, nem na Suécia nem na Grécia, haverá gente com comportamentos tão censuráveis como os que recordamos do ano passado em Portugal.

domingo, 22 de julho de 2018

A Suécia também com incêndios florestais

As alterações climáticas continuam a afectar o nosso planeta e os incêndios florestais são uma das consequências mais nefastas dessa realidade. Nos últimos dias foram anunciadas temperaturas de 40 graus na Sibéria e de mais de 30 graus na Suécia, onde está a acontecer uma vaga de incêndios florestais que habitualmente só aconteciam no sul da Europa. A situação era improvável e foi classificada como rara, pelo que o governo sueco não estava preparado para enfrentar os efeitos de uma tão intensa onda de calor e para uma tão acentuada secura do clima.
Por isso, o governo sueco pediu ajuda à União Europeia através do Mecanismo Europeu de Protecção Civil e, de imediato, a França, a Itália, a Alemanha, a Polónia, a Dinamarca e a Lituânia enviaram aviões de combate a incêndios, camiões e vários bombeiros para ajudar a apagar os fogos que há vários dias afectam o país e para os quais não se vislumbra quando possam ser completamente extintos. O governo português também se disponibilizou para ajudar a Suécia a combater os incêndios florestais, tendo disponibilizado dois aviões médios anfíbios e um módulo de combate a incêndios.
O matutino Dagens Nyheter que se publica em Estocolmo também destacou na primeira página da sua edição de ontem uma fotografia improvável, isto é, uma imagem de um dos muitos incêndios florestais que lavram no país.
Esta situação mostra como as alterações climáticas e a sua imprevisibilidade estão a interferir na nossa vida e mostram que o que aconteceu no ano passado em Portugal foi um caso de excepção, mas também que uma boa parte das lágrimas choradas foram "lágrimas de crocodilo", sobretudo por aqueles que atiraram todas as responsabilidades para a Constança e pretenderam tirar dividendos políticos da catástrofe.

A força da natureza no estreito de Sunda

Desde há dois dias que o vulcão Cracatoa, ou Anak Krakatau como se diz em bahasa indonésio, situado numa pequena ilha do estreito de Sunda, entre as ilhas de Java e Sumatra, entrou em erupção e o jornal The Jakarta Post publicou uma eloquente fotografia da lava incandescente a escorregar para o mar.
Os vulcões fazem parte da paisagem daquela região indonésia, muito em especial o famoso Cracatoa. Uma catastrófica erupção registada em 1883 tinha feito desaparecer a ilha de Cracatoa, provocando cerca de 40 mil mortos em consequência do tsunami que se seguiu à explosão vulcânica. Em 1927 uma nova ilha emergiu da caldeira formada em 1883, constituindo a actual ilha Anak Krakatau que, segundo os especialistas, tem um vulcão muito activo e que pode ser ainda mais poderoso que o antigo Cracatoa, que figura como um dos símbolos das calamidades vulcanológicas mundiais.
A sua última erupção tinha acontecido em Fevereiro de 2017, mas no passado dia 19 de Julho entrou em erupção lançando pedras a várias centenas de metros de altura, libertando gases e muita lava. Dizem os especialistas que ainda é cedo para saber se esta é apenas uma das regulares erupções do Anak Krakatau ou se é a actividade preliminar de uma crise vulcânica de maior dimensão.
Do que não restam dúvidas é que a erupção proporciona belíssimas fotografias.

sábado, 21 de julho de 2018

No centenário de Nelson Mandela

Se fosse vivo, Nelson Mandela (1918-2013) teria completado 100 anos na passada quarta-feira. O mundo não o esqueceu e, um pouco por toda a parte, foram-lhe rendidas justas homenagens e foi enaltecido o seu contributo para a pacificação étnica e política na África do Sul e para a paz no mundo. O seu contributo para a defesa dos direitos humanos e de uma forma geral para a paz entre os homens é comparado aos contributos de outras figuras como o Mahatma Ghandi, Martin Luther King ou João Paulo II.
A sua vida orientou-se sempre pela defesa da igualdade racial. Foi condenado a prisão perpétua em 1964 mas veio a ser libertado em 1990 devido à pressão internacional. Nelson Mandela passou 27 anos na prisão, nomeadamente na prisão de alta segurança de Robben Island onde tinha o número 46664, tendo-se tornado o mais famoso prisioneiro do mundo e, após a sua libertação, tornou-se no político mais aplaudido e mais galardoado do mundo, responsável pelo fim do apartheid e pela refundação da África do Sul como uma sociedade democrática e multiétnica. Em 1993 foi-lhe atribuído o Prémio Nobel da Paz e, entre 1994 e 1999, foi presidente da República da África do Sul.
Em Portugal também houve quem evocasse o legado de Nelson Mandela e o Jornal de Letras dedicou-lhe a primeira página da sua última edição. Aqui também fica expressa a nossa admiração por esse homem e pela forma como conseguiu evitar uma guerra de grandes proporções no sul da África.

sexta-feira, 20 de julho de 2018

Trumputin: será mesmo o que parece?

O recente encontro entre Donald Trump e Vladimir Putin que se realizou na Finlândia está a gerar uma grande controvérsia nos Estados Unidos.
Depois das declarações inamistosas e das acusações que o Donald fez nas suas visitas a Bruxelas e Londres, em que não poupou nem Merkel nem May e classificou a União Europeia como um inimigo, o presidente dos Estados Unidos alargou-se em elogios ao presidente da Rússia, prometendo o reforço da cooperação bilateral, embora a questão da interferência russa nas eleições americanas não tivesse ficado  bem esclarecida. 
Os estrategas europeus ficaram muito baralhados com o que o Donald disse, mas os americanos não gostaram nada do seu comportamento quase subserviente perante o rival russo. Nos Estados Unidos crescem as vozes dos que querem saber o que se passou no encontro a sós entre os dois presidentes, enquanto o Donald vai dando o dito por não dito e se atira à imprensa e às suas fake news.
Na edição que hoje foi posta a circular, a revista TIME escolheu para tema de capa esse encontro entre Trump e Putin ou entre Vladimir e Donald, com uma curiosa composição fotográfica que vai deixar os americanos muito impressionados, mesmo os mais conservadores e os que elegeram o Donald. A imagem que passa é que o Donald e Vladimir serão apenas dois corpos e duas identidades, mas que representam uma mesma ideia de poder. É o Trumputin ou são dois homens muito ricos e o dinheiro estimula convergências.
Agora, depois de tantos anos em que a América construiu e vendeu a ideia do perigo russo, quem é que vai convencer os americanos de que afinal o amigo está na Rússia e que o inimigo está na Europa? Ou será que o Donald se tem esquecido que é o Presidente dos Estados Unidos e que parece actuar como Presidente da Trump Organization, confundindo a Casa Branca com a Trump Tower em Midtown Manhattan?

terça-feira, 17 de julho de 2018

Nova Zelândia procura novos símbolos

A Nova Zelândia é um país insular do Pacífico Sul formado por duas massas de terra principais, conhecidas por Ilha do Norte e Ilha do Sul, separadas pelo estreito de Cook. Os primeiros europeus que visitaram estas ilhas em 1642 foram os marinheiros do explorador holandês Abel Tasman, mas os europeus não voltaram àquelas ilhas até 1769, quando o navegador britânico James Cook visitou as ilhas e fez as suas primeiras representações cartográficas. Depois de ter sido um domínio britânico, a Nova Zelândia tornou-se independente em 1907, embora mantenha um regime de monarquia constitucional parlamentar em que a rainha de Inglaterra é o Chefe de Estado, mas em que o poder político reside no parlamento e no primeiro-ministro.
O país tem cerca de 268 mil km2 de superfície, cerca de 5 milhões de habitantes e tem a sua capital na cidade de Wellington, mas a sua capital económica e financeira é a cidade de Auckland, fundada em 1840 e onde hoje se concentra cerca de 30% da população neo-zelandesa. Ambas as cidades se encontram na Ilha do Norte.
A construção mais simbólica de Auckland é a Sky Tower, que com 328 metros é o edifício mais alto do hemisfério sul, apenas 8 centímetros menos do que a Torre Eiffel. Porém, segundo o The New Zeland Herald, o Auckland Council decidiu fazer uma mega-construção que possa rivalizar com a Estátua da Liberdade de Nova Iorque e com o Cristo Redentor do Rio de Janeiro, tendo aberto um concurso de ideias para uma estátua de Papatūānuku, a Mãe da Terra na tradição māori, que será colocada no Bastion Point e passará a ser um símbolo da cidade à entrada do porto de Auckland. Supostamente, a nova estátua procurará reforçar a unidade nacional de um país com uma população dominada por cerca de 65% de europeus e apenas 10% da população mãori originária das ilhas.

O Donald e o Vladimir são bons amigos

A Cimeira de Helsinquia entre Donald Trump e Vladimir Putin que ontem se realizou, deu origem a uma invulgar troca de elogios e de promessas de cooperação para resolver alguns problemas mundiais, que só pode constituir motivo de satisfação para todos os que desejam a paz no mundo.
O jornal espanhol ABC publica hoje uma fotografia dos dois líderes e escolheu para título da sua primeira página a frase “tan amigos”. De facto, tudo parece ter corrido bem neste encontro que gerou muito optimismo e até fez subir as bolsas mundiais. Putin negou qualquer interferência russa nas eleições presidenciais americanas de 2016 e Trump disse que a relação entre os dois países “nunca esteve pior”, referindo que a atitude americana face à Rússia tem sido de “loucura e estupidez norte-americana, a maldita caça às bruxas”.
Dois dias antes, o Donald tinha intensificado o seu ataque à União Europeia que classificou como inimiga e essa declaração encheu os jornais de todo o mundo. Estamos, portanto, perante um Donald que num dia pede mais dinheiro para investir na NATO e na defesa da Europa, que no outro declara a União Europeia como um inimigo e que, no outro, elogia o líder russo e promete reforçar as relações bilaterais. É uma verdadeira confusão o que o Donald diz.
No passado dia 12 de Julho, a propósito da Cimeira da NATO em Bruxelas, escrevemos aquí que era necessário definir quem é o inimigo da NATO e este encontro entre Trump e Putin, mostra exactamente isso. Porém, os inúmeros comentadores que enchem as televisões continuam sem perceber que o quadro estratégico da Guerra Fria já está ultrapassado e continuam a falar como verdadeiros papagaios de uma realidade que já não existe.

Coimbra capital do desporto universitário

Decorreu ontem em Coimbra a cerimónia de abertura dos European Universities Games 2018, que foi presidida pelo Presidente da República e, até 28 de Julho, haverá 3140 atletas provenientes de 38 países e de 400 universidades a competir em 13 modalidades.
Depois dos Jogos de Córdova (2012), de Roterdão (2014) e de Zagreb (2016), a European University Sports Association (EUSA) escolheu Coimbra para acolher os Jogos de 2018, nos quais se disputarão provas de badminton, basquetebol, basquetebol 3×3, canoagem, futebol, futsal, andebol, judo, remo, rugby de sete, ténis de mesa, ténis e voleibol.
A logística deste acontecimento desportivo em termos de alojamentos, transportes e instalações desportivas é um desafio para uma cidade de média dimensão como Coimbra, até porque, para além dos atletas, a cidade vai receber equipas técnicas, treinadores, jornalistas e apoiantes. Porém, as autoridades académicas e a autarquia da cidade “agarraram” esta oportunidade para mobilizar a prática desportiva na cidade e na própria universidade, mas também para transmitir uma imagem de qualidade académica e desportiva de uma cidade que tem uma das mais antigas universidades da Europa.
Porém, lamentavelmente, a nossa imprensa não prestou até agora qualquer atenção a estes Jogos, pois tem-se ocupado exaustivamente do Mundial de futebol, da ida de Ronaldo para Turim e das transferências dos jogadores de futebol.

segunda-feira, 16 de julho de 2018

A vitória do Mundial foi para a França

A selecção francesa venceu ontem a selecção da Croácia na final do Mundial de 2018 e tornou-se campeã do mundo de futebol. Muitos milhões de espectadores devem ter visto aquele jogo, em que os vencedores tiveram que jogar bem e beneficiar de muita sorte, pois partiram de uma vantagem resultante de um auto-golo croata e arracaram depois para a vitória com um penalti a seu favor que souberam aproveitar.
A França e os franceses lembravam-se do balde de água fria que foi a derrota frente a Portugal na final do Europeu de 2016 e, agora, estavam muito receosos da equipa da Croácia. Porém, a vitória que conseguiram foi justa, pois a equipa foi muito eficiente e foi feliz, porque nestas coisas do futebol também é preciso ter sorte. O Presidente Emmanuel Macron, que assistiu ao jogo, foi exuberante a festejar os golos franceses e a vitória, a revelar a importancia política que o futebol tem hoje no mundo. O triunfo encheu de orgulho os franceses que muito festejaram este éxito e todos os jornais nacionais e regionais noticiaram a vitória com grandes destaques fotográficos e com palavras de muita gratidão.
A França precisava desta vitória e deste título, pois ele vai contribuir para a unidade e para a auto-estima nacionais, mas também para a afirmação da França como uma potência mundial.
E será que Portugal podia ter sido campeão do mundo? Obviamente que sim, embora fossem tantas as equipas candidatas ao título que muitas teriam que cair pelo caminho. Foi o que aconteceu com Portugal. Assim só há que aceitar a vitória da equipa mais feliz neste Mundial e essa equipa foi a França.

domingo, 15 de julho de 2018

O obcecado Donald a dividir para reinar

A fotografia do boneco insuflável com que os manifestantes de Londres protestaram contra a presença de Donald Trump no Reino Unido, ilustrou as primeiras páginas de muitos jornais europeus, mas também chegou aos Estados Unidos. O nova-iorquino Daily News, que é um dos jornais americanos de maior circulação, não perdeu a oportunidade para fazer chacota com os comportamentos erráticos e preocupantes do presidente dos Estados Unidos e tratou de escolher a fotografia do insuflável do Donald para ilustrar a capa da sua última edição. Como, por vezes, uma imagem vale mais do que mil palavras, aqui está a demonstração da impopularidade do Donald no seu próprio país, que uma cidadã americana afirmava ontem ser uma vergonha.
Donald quer negócios e os seus valores são os negócios. Criticou Angela Merkel e Theresa May como se andasse em peregrinação pelo seu império e pediu mais dinheiro para a NATO, uma aliança defensiva que há poucos meses tanto criticava. Diz tudo e o seu contrário e, demasiadas vezes, dá o dito por não dito. A sua visita à Europa foi provocatória, arrogante e serviu para acentuar divisões entre os seus aliados europeus, numa lógica de dividir para reinar.
A América merecia melhor e, de facto, a história dos Estados Unidos regista-o como o mais impopular dos seus presidentes dos últimos anos. Agora vai visitar o seu amigo Vladimir Putin e, provavelmente, vão trocar muitos abraços e quem sabe se não vão tratar de cooperação militar.

sábado, 14 de julho de 2018

O Donald não foi bem-vindo em Londres

Depois de ter participado na Cimeira da NATO em Bruxelas e antes de se encontrar com Vladimir Putin, o presidente americano fez a sua primeira visita oficial ao Reino Unido. Tal como acontecera com o que dissera em Bruxelas, o Donald também em Londres se mostrou desbocado, arrogante e mal-educado, fazendo declarações intoleráveis a respeito de assuntos que só dizem respeito aos britânicos.
Não poupou Theresa May, nem a forma como decorrem as negociações do Brexit, mostrando uma vez mais um egoismo demasiado perigoso para o mundo com alguns aspectos fascizantes.
Milhares de manifestantes protestaram nas ruas de Londres contra a visita do Donald. Teriam sido entre 100 e 250 mil a gritar palavras de ordem contra a sua presença e a dizer que ele não era bem-vindo, mas o ponto alto do protesto terá sido um balão insuflável de seis metros de altura em forma de “bebé Donald”, que sobrevoou Londres. Muitos jornais publicaram a fotografia desse balão, como aconteceu com o jornal Público em Portugal.
Os organizadores parecem ter atingido o seu objectivo pois o Donald expressou o seu descontentamento por essa iniciativa que o ridicularizou. Entretanto, o Donald seguiu hoje para a Escócia em visita privada para conhecer os seus investimentos pessoais em campos de golfe, mas parece que os escoceses preparam protestos semelhantes aos que foram feitos em Londres.

quinta-feira, 12 de julho de 2018

Ronaldo continua a construir uma lenda

Estava prevista para a próxima segunda-feira, quando estivessem a esgotar-se os últimos episódios do Mundial de Futebol com festa em Paris ou em Zabreg, a apresentação em Turim de um novo jogador da Juventus Football Club: Cristiano Ronaldo. Foi isso que anunciou hoje La Gazzetta dello Sport, ao referir uma verdadeira presentazione show con CR7.
Porém, a mega-apresentação que estava a ser preparada com contornos hollywoodescos foi suspensa, segundo uns devido a dificuldades logísticas e de segurança na preparação de uma festa grandiosa e, segundo outros, apenas para não agravar os problemas causados pela greve de protesto que foi desencadeada pelos sindicatos da FIAT.
A transferência de Cristiano Ronaldo do futebol espanhol para o futebol italiano é um acontecimento inesperado que encheu as primeiras páginas de muitos jornais, sobretudo em Espanha e na Itália. Depois de nove anos no Real Madrid onde se tornou um ídolo e uma referência, é caso para perguntar porquê esta transferência de um jogador com 33 anos de idade pelo qual foram pagos ao Real Madrid mais de uma centena de milhões de euros e vão ser pagos ao jogador todos os anos, contratualmente, 30 milhões de euros. A resposta é simples: é uma grande operação de marketing que visa mobilizar a Juventus e os seus adeptos, potenciar novos negócios de publicidade e merchandising e, em última análise, transferir de Espanha para a Itália alguns dos centros de interesse do futebol mundial. Com Ronaldo em Turim, a Itália vai esquecer-se que nem sequer esteve no Mundial da Rússia e o mundo vai deixar de pensar que futebol é apenas Real Madrid e Barcelona ou o United e o City de Manchester. Ronaldo vai esquecer o fisco espanhol e, mais do que os golos que vai marcar, a Juventus comprou a marca Ronaldo porque precisa dela para se reerguer e para reerguer o futebol italiano no contexto do futebol mundial.

Será que o Donald vai mandar na Europa?

Donald Trump não se cansa de gritar que os contribuintes americanos estão a pagar demasiado para a defesa militar dos seus parceiros europeus da NATO e acusa alguns desses países de não cumprirem os compromissos de investimento em armamento militar e investigação, enquanto pagam milhões de milhões de dólares em facturas energéticas à Rússia, afirmando, numa evidente provocação, que “a Alemanha está capturada pela Rússia”.
O Donald veio a Bruxelas à Cimeira da NATO e parece ter vindo criar mais problemas na relação entre a Europa e a América, ao insistir que a maioria dos países da NATO afecta menos de 2% do respectivo PIB a despesas com a Defesa, quando de imediato deveriam gastar 2% e, até 2024, aumentar para 4%. O assunto foi destacado na imprensa americana, designadamente no The Wall Street Journal.
No caso de Portugal, em 2017 foram gastos 2.398 milhões de euros em despesas de Defesa, o que equivale a 1,24% do PIB, mas no corrente ano de 2018 essa despesa deverá aumentar para 2.728 milhões de euros, o que equivale a 1,36% da riqueza nacional. Foram estas as despesas autorizadas no orçamento aprovado pelos deputados e, por cá, são eles que decidem.
Até parece que o Donald quer mandar nos países soberanos da Europa, mas o que o ele não sabe é que nas democracias europeias quem manda são os respectivos eleitores e são eles que, através do voto, decidem se querem “canhões ou manteiga”, segundo a famosa alternativa apresentada há muitos anos por Paul Samuelson, o americano que foi um dos primeiros Prémio Nobel da Economia.
O que a NATO  e os seus membros têm que fazer é definir quem é o inimigo. Hoje ninguém sabe quem é o inimigo. Não se sabendo quem é o inimigo, como se pode pressionar para aumentar a despesa militar para o dobro? De resto, o recente uso da NATO para servir interesses particulares, por exemplo no Iraque e na Líbia, foi uma das causas da destabilização mundial que se vive no mundo e continua sem ser assumido como uma intervenção à margem dos princípios da aliança.
Por isso, é natural que alguns dirigentes europeus não aceitem as arrogantes pressões do Donald, que continua a semear ventos um pouco por todo o mundo e, de certo modo, a fazer o que prometeu: "America first"... e os outros que se governem.

terça-feira, 10 de julho de 2018

Reino Unido, Brexit e todas as dúvidas

As negociações do Brexit têm sido complicadas e, por isso, a primeira-ministra britânica Theresa May tem procurado sempre o apoio do Partido Conservador. Assim aconteceu em data recente, para ultrapassar algumas dúvidas surgidas em torno da opção por um soft Brexit ou por um hard Brexit. Só que, alguns destacados membros do partido e do governo que em 2016 participaram na campanha pelo Brexit, decidiram acusar Theresa May de estar a aceitar um soft Brexit, ou mesmo um Brexit só no papel.
Como consequência, David Davis o ministro do Brexit, renunciou ao seu cargo, acompanhado pelo seu adjunto. Poucas horas depois, também Boris Johnson o ministro dos Negócios Estrangeiros, desde há muito tempo um crítico de algumas posições assumidas por Theresa May no processo de saída da União Europeia, renunciou às suas funções declarando que the Brexit dream is dying. O jornal The Times foi um dos periódicos londrinos que destacou esta declaração de Boris Johnson.
O problema é politicamente muito sério. Os britânicos escolheram o Brexit em Junho de 2016 por uma curtíssima margem de 51,9%, com o voto contra da Escócia, da Irlanda do Norte e da cidade de Londres. Os vencedores terão votado mais contra os imigrantes, mostraram-se apoiantes do racismo e da xenofobia e, provavelmente, não equacionaram as consequências da saída da União Europeia.
A saída destes ministros do governo de Theresa May é um duro golpe para o Brexit, uma vez que muitos sectores políticos e sociais têm agora a esperança “de ver chegar ao fim, finalmente, toda esta loucura” que, segundo dizem, “nunca devia ter acontecido”.
Aguardemos, portanto, o que vai acontecer.

Angola e Portugal: um renovado abraço

Depois de alguns tempos de falta de entendimento e até de ameaça de retaliações, parece que as relações entre Portugal e Angola estão a entrar na linha de onde nunca deviam ter saído. O chamado irritante que tanta tinta fez correr, parece estar ultrapassado e tudo se conjuga para que o Presidente João Lourenço visite Portugal, que o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa visite Angola, que as trocas comerciais se acentuem e que a cooperação bilateral se intensifique em todos os domínios.
Portugal e Angola não são apenas dois estados soberanos com assento na comunidade internacional, porque existe entre eles um tão vasto conjunto de afinidades culturais e afectivas resultantes de um convívio secular e de uma história comum, naturalmente marcada pelas vicissitudes próprias de qualquer processo histórico. Porém, dessa relação nasceu um património cultural comum assente na língua portuguesa e um conhecimento recíproco que é intenso e singular. Ninguém conhece Angola como os portugueses e os angolanos sabem que estão em casa quando entram em Portugal.
Por vezes ainda surgem lembranças menos felizes do passado colonial, mas essas são as excepções a confirmar a regra de uma recíproca admiração entre portugueses e angolanos.
O Jornal de Angola fala hoje em momento auspicioso. E tem razão. Numa altura de alguma instabilidade política internacional, é uma boa altura para que os dirigentes portugueses e angolanos saibam encontrar o caminho certo do diálogo e da cooperação para benefício das duas nações.

Espanha e Catalunha: um passo em frente

O problema político da Catalunha é muito complexo, não só porque pode representar o início de um processo de implosão generalizada da Espanha com repercussões contagiantes a uma Europa enfraquecida, mas também porque a própria população catalã está dividida entre o seu legítimo sentimento independentista e a fidelidade à unidade de um estado espanhol multinacional como está definido na Constituição.
No ano passado os ânimos exaltaram-se e tanto o governo espanhol de Mariano Rajoy como o governo catalão de Carles Puigdemont foram além do que seria desejável e, entre outras coisas, renunciaram ao diálogo.
Passou algum tempo e curiosamente no mesmo dia 2 de Junho, Rajoy cedeu o seu lugar de primeiro-ministro a Pedro Sanchez, enquanto o fugitivo Puigdemont foi substituído por Quim Torra.
São dois novos rostos para encarar o problema catalão, depois da fracassada encenação de uma declaração unilateral de independência do passado mês de Outubro, sob a orientação do desorientado Puigdemont, a que o governo espanhol e o Tribunal Constitucional se opuseram.
Ao tomar posse, o separatista Quim Torra desafiou o primeiro-ministro Pedro Sanchez para que o diálogo fosse retomado, depois de meses de crispação. Sanchez aceitou e ontem os dois políticos encontraram-se em Madrid no Palácio de La Moncloa, durante cerca de três horas. Com cordialidade. Com pontos de vista muito diferentes que estão em linha com o que pensaram Rajoy e Puigdemont. Tudo ficou como antes, com uma parte a reivindicar o seu direito à autodeterminação e a outra a defender a unidade do estado espanhol nos termos da Constituição. A reunião não serviu para convencer ninguém, mas foi um passo em frente no caminho do diálogo. Foi um bom princípio.

segunda-feira, 9 de julho de 2018

O salvamento dos jovens tailandeses

O mundo tem acompanhado com emoção e ansiedade o caso dos jovens que ficaram presos no complexo de cavernas de Tham Luang, que se estende por cerca de 10 km sob uma montanha no norte da Tailândia, a uma profundidade variável entre 800 e 1000 metros. Os 12 jovens praticantes de futebol, acompanhados pelo seu treinador, entraram no complexo de cavernas no fim da tarde do dia 23 de Junho, durante um passeio e foram surpreendidos por uma forte chuvada que inundou o complexo. Nessa contrariedade, o grupo decidiu fugir pelos túneis até se instalar num local seco a 4 km da entrada. Preocupada com o atraso do filho, uma mãe deu o alarme. As autoridades pediram ajuda internacional e foram iniciadas as buscas, tendo sido encontradas as bicicletas dos jovens na entrada do complexo de cavernas, além de mochilas e sapatos.
Porém, os jovens só foram encontrados no dia 2 de Julho, isto é, nove dias depois do seu desaparecimento, por dois mergulhadores britânicos que conseguiram chegar à gruta onde estavam os jovens, situada a cerca de 4 km da entrada. Para chegar até ao grupo, os dois mergulhadores nadaram durante seis horas, num percurso sinuoso e estreito que exige grande domínio das técnicas de natação e de mergulho. A partir de então foi instalado um centro de operações numa câmara do complexo de cavernas situado a 1700 metros de distância da entrada. Ontem foram resgatados quatro jovens e hoje foi anunciado o resgate de mais quatro. A operação de grande dificuldade e risco tem vindo a correr bem. O mundo quase respira de alívio perante esta vitória da tenacidade e da persistência, mas também da coragem dos socorristas. O impossível ou o milagre estão a acontecer.
Porém, para além da competência-coragem dos mergulhadores, o que mais impressiona nesta operação é a quantidade de especialistas de que Portugal dispõe neste domínio, que alimentam horas e horas nos canais televisivos. Até admira que não tenhamos enviado alguns destes luso-especialistas para a Tailândia.

sábado, 7 de julho de 2018

O Brasil também disse adeus ao Mundial

Ontem a selecção brasileira foi derrotada em Kazan pela selecção belga por 2-1 e foi eliminada do Campeonato do Mundo de Futebol. Uma boa parte do Brasil chorou, mas não é caso para isso. No futebol, como na vida, não se ganha sempre e é um erro muito doloroso pensar-se que se pode ganhar sempre ou que os adversários estão sempre condenados a perder. Se os adeptos das equipas que neste campeonato já foram derrotadas na Rússia começassem a chorar, teríamos lágrimas por todo o continente sul-americano desde o México à Argentina, passando pela Colômbia, pelo Peru e pelo Uruguai.
Por isso, os meus amigos brasileiros não têm razões para chorar, nem sequer para ficar tristes. Aqui na península Ibérica, onde também há muitos futebolistas de grande talento, as equipas nacionais de Portugal e da Espanha que tanto prometiam e tanto ambicionavam, também ficaram pelo caminho e não houve nenhuma comoção nacional.
A exagerada mediatização do fenómeno do futebol tem originado que um tão apreciado desporto-espectáculo se tenha transformado num negócio, cujas envolventes emocionais lhe dão contornos de um grande combate ou mesmo de uma grande guerra. Mas futebol não é combate, nem é guerra. É apenas futebol.
E ontem, os belgas que também são muito bons praticantes e muito competitivos, que têm a escola inglesa pois jogam nas suas grandes equipas, marcaram mais golos que os brasileiros. Foi só isso. Não é caso para chorar, nem sequer para ficar triste.

sexta-feira, 6 de julho de 2018

Portugal e Moçambique num novo ciclo

A visita que o primeiro-ministro português está a realizar à República de Moçambique e a que o jornal O País dá hoje um grande destaque, não se enquadra numa vulgar ou protocolar visita de Estado em que se marca presença em alguns locais simbólicos, se depõem coroas de flores, se assinam alguns acordos já antes negociados e se fazem declarações a revelar empatia entre o visitado e o visitante.
A visita de António Costa vai para além do simbolismo da presença do chefe do governo português na III Cimeira Luso-moçambicana, devido às suas ligações emocionais com aquela terra onde em 1929, na antiga cidade de Lourenço Marques, nasceu o seu pai, o escritor Orlando da Costa. De resto, António Costa tem familiares moçambicanos e essa circunstância facilita enormemente o fortalecimento das relações luso-moçambicanas que esta visita consolida.
Durante a visita foram assinados diversos acordos de cooperação, nomeadamente no domínio da segurança social, da administração interna e dos transportes aéreos mas, sobretudo, foram relançadas as relações históricas entre os dois países de língua portuguesa. António Costa foi recebido e conviveu com Filipe Nyusi, o chefe de Estado moçambicano e, das imagens que chegaram até nós, só podemos concluir que se abriram as portas para um novo ciclo de cooperação entre Portugal e Moçambique.

quinta-feira, 5 de julho de 2018

As bandeiras como símbolo de gratidão

Num país de forte emigração como é Portugal, há os emigrantes que regressam em definitivo e há aqueles que regressam para passar férias e para matar saudades.
Como expressão de gratidão à terra que os acolheu ou como exibição de um sucesso que a emigração proporcionou, muitos desses emigrantes criaram o hábito, que já tem o estatuto de tradição, de hastear a bandeira do país de acolhimento ao lado da bandeira nacional.
Assim, não é raro, sobretudo no Verão, encontrarmos algumas casas nas aldeias portuguesas em que são visíveis as bandeiras de alguns dos países de acolhimento, como por exemplo da França e da Alemanha.
Porém, esta prática tem uma singular expressão nos Açores. Os Açores são historicamente uma terra de emigrantes e nas suas nove ilhas proliferam os sinais que nos recordam essa realidade e são muito frequentes as bandeiras de Portugal e da Região Autónoma, muitas vezes acompanhadas pelas bandeiras dos Estados Unidos da América e do Canadá. Ontem, na ilha do Pico, fui confrontado com uma expressão de amizade luso-canadiana que me era desconhecida: uma bandeira-homenagem em que o escudo português se sobrepõe à folha do plátano-bastardo (Acer pseudoplatanus) que é a árvore nacional do Canadá. A curiosa bandeira flutuava ao vento junto da bandeira da Região Autónoma dos Açores e tratei de a registar próximo da vila da Madalena do Pico.

domingo, 1 de julho de 2018

Portugal nos XVIII Jogos do Mediterrâneo

Os Jogos do Mediterrâneo que, de quatro em quatro anos, se realizam desde 1951 e nos quais participam, através dos respectivos comités olímpicos, os países da orla do Mediterrâneo, terminam hoje em Tarragona. Era previsto que esta 18ª edição se realizasse em 2017, mas devido à instabilidade política e social que afectou a Catalunha no ano passado, os XVIII Jogos do Medioterrâneo foram adiados para o ano de 2018.
Participaram cerca de 4 mil atletas de 26 países mediterrânicos e, pela primeira vez, Portugal foi convidado para participar, tendo-se apresentado na cidade catalã com uma comitiva de 232 atletas para competir em 29 modalidades. Neste ano de estreia, a delegação portuguesa conquistou 24 medalhas, sendo três de ouro, oito de prata e treze de bronze, tendo as medalhas de ouro sido conquistadas no triatlo masculino e feminino e na hipismo por equipas.  As restantes medalhas de prata e de bronze foram conquistadas nas modalidades de tiro, natação, canoagem, ciclismo, atletismo, judo, taekwondo, ténis de mesa e basquetebol feminino. O número de medalhas conquistadas colocou Portugal no 13º lugar no ranking do medalheiro onde se encontram a Itália (155), a Espanha (120), a França (99),  a Turquia (95), o Egipto e a Grécia (45), a Eslovénia (36) e a Sérvia (31). Porém, ser o 13º numa lista de 26 países não é mau nem bom, antes pelo contrário...
Os meios de comunicação portugueses quase ignoraram este acontecimento desportivo, limitando-se a uns brevíssimos apontamentos com classificações, pois andavam demasiado ocupados com o futebol. Alguns atletas portugueses que competiram em Tarragona fizeram oportunas declarações a lamentar o desinteresse da comunicação social portuguesa por estes Jogos e pelas chamadas modalidades amadoras, mas também pelo seu enfeudamento à indústria do futebol. E têm toda a razão!
Os XIX Jogos do Mediterrâneo disputam-se em 2021 na cidade argelina de Oran e só há que esperar que os resultados possam ser ainda melhores do que aqueles que se verificaram em Tarragona.

Sim. Portugal perdeu mas a vida continua

A selecção nacional de futebol jogou ontem os oitavos de final do Campeonato do Mundo e perdeu por 2-1 com a equipa do Uruguai. Os jogadores bateram-se bem, mas o adversário meteu mais golos e ganhou. A imprensa portuguesa destaca hoje “o sonho desfeito”, enquanto as televisões que tanto contribuiram para um histerismo indescritível em torno da participação portuguesa, terão agora que arranjar outros temas para ocupar os seus tempos. Os incontáveis jornalistas e comentadores televisivos que tanto nos massacraram já poderão regressar destas férias na Rússia e descansar depois destas longas jornadas em que se repetiram muitas mil vezes e em que me cansaram.
Sobre a participação portuguesa, que em maior ou menor grau entusiasmou os portugueses, há que afirmar que foi digna e que só não foi mais além porque os adversários também sabem jogar futebol e terão pensado melhor na maneira de abordar o jogo. Ficamos pelos oitavos de final, mas a Holanda e a Itália nem sequer lá estiveram, enquanto a Alemanha nem aos oitavos de final chegou e a Argentina também abandonou ontem a competição depois de ter sido derrotada pela França. Portanto, não há motivos para desconsolos nem frustrações. Nem todos podem ganhar, nem sempre podem ganhar. Perdemos, mas a vida continua. Havemos de ganhar numa próxima vez. Por morrer uma andorinha não acaba a Primavera!
Muitos jornais internacionais parece que combinaram e destacam nas suas primeiras páginas as fotografias de Ronaldo e Messi, cujas equipas foram ontem eliminadas. Um desses jornais é o El País, mas as fotografias daqueles ídolos aparecem em muitos outros jornais: é o adiós a las estrellas ou a saída de cena dos melhores do mundo.