terça-feira, 10 de julho de 2018

Espanha e Catalunha: um passo em frente

O problema político da Catalunha é muito complexo, não só porque pode representar o início de um processo de implosão generalizada da Espanha com repercussões contagiantes a uma Europa enfraquecida, mas também porque a própria população catalã está dividida entre o seu legítimo sentimento independentista e a fidelidade à unidade de um estado espanhol multinacional como está definido na Constituição.
No ano passado os ânimos exaltaram-se e tanto o governo espanhol de Mariano Rajoy como o governo catalão de Carles Puigdemont foram além do que seria desejável e, entre outras coisas, renunciaram ao diálogo.
Passou algum tempo e curiosamente no mesmo dia 2 de Junho, Rajoy cedeu o seu lugar de primeiro-ministro a Pedro Sanchez, enquanto o fugitivo Puigdemont foi substituído por Quim Torra.
São dois novos rostos para encarar o problema catalão, depois da fracassada encenação de uma declaração unilateral de independência do passado mês de Outubro, sob a orientação do desorientado Puigdemont, a que o governo espanhol e o Tribunal Constitucional se opuseram.
Ao tomar posse, o separatista Quim Torra desafiou o primeiro-ministro Pedro Sanchez para que o diálogo fosse retomado, depois de meses de crispação. Sanchez aceitou e ontem os dois políticos encontraram-se em Madrid no Palácio de La Moncloa, durante cerca de três horas. Com cordialidade. Com pontos de vista muito diferentes que estão em linha com o que pensaram Rajoy e Puigdemont. Tudo ficou como antes, com uma parte a reivindicar o seu direito à autodeterminação e a outra a defender a unidade do estado espanhol nos termos da Constituição. A reunião não serviu para convencer ninguém, mas foi um passo em frente no caminho do diálogo. Foi um bom princípio.

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