sexta-feira, 18 de janeiro de 2019

Defesa do património cultural em Macau

Macau é, certamente, o maior símbolo da expansão marítima portuguesa do século XVI na Ásia Oriental e as ruínas da antiga igreja jesuíta da Madre de Deus e do convento de São Paulo são, porventura, o seu mais expressivo ex-libris. Essas ruínas são o que resta desse conjunto arquitectónico barroco depois de um incêndio acontecido em 1835, de que apenas se salvaram a fachada em granito da igreja da Madre de Deus e a escadaria monumental. Essas ruínas são um exemplo único da arquitectura barroca na China e localizam-se no centro histórico de Macau e, desde 2005, fazem parte da Lista do Património Mundial da Unesco.
A fotografia das chamadas ruínas de São Paulo ilustra a primeira página da edição de hoje do jornal Tribuna de Macau, conhecido habitualmente como o jtm, a propósito do Conselho do Património Cultural.
Acontece que a manutenção, reparação ou reconstrução dos edifícios dos mais antigos bairros macaenses se tem tornado um verdadeiro problema, em que se chocam os interesses imobiliários, muitas vezes especulativos, com a política de preservação do património cultural edificado. Aquele Conselho é o garante da salvaguarda desse património, que deve assentar essencialmente no restauro dos edifícios degradados e que se deve opor à sua demolição para reconstrução, embora aceite algumas situações intermédias em que possam ser preservadas apenas as fachadas dos edifícios.
O Conselho do Património Cultural tem competências no que respeita à classificação dos edifícios com interesse cultural de Macau e, por isso, é um alvo dos poderosos interesses imobiliários locais. Porém, o Conselho tem fortes apoios na instância política e a simples reprodução da imagem das ruinas de São Paulo na sua edição de hoje, revela que também tem o apoio da imprensa local de língua portuguesa. Nem podia ser de outra maneira...

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