quarta-feira, 10 de abril de 2019

Será amnésia ou o descontrolo do Aníbal?

O Independente (edição de 7 de Fevereiro de 1992)
A campanha eleitoral para as eleições europeias de 26 de Maio já começou, bem como a luta pelos 21 assentos e respectivas mordomias do Parlamento Europeu que cabem aos portugueses. Como é costume na luta política em Portugal, as campanhas eleitorais apoiam-se em promessas mentirosas e em casos, reais ou fictícios, e só raramente tratam dos programas e intenções dos partidos concorrentes e dos seus candidatos.
É nessa linha que sido desenvolvida uma campanha suja contra o governo, a que até o Cavaco se associou bem como alguns jornalistas rafeiros, em que têm sido tratados com insistência os casos das nomeações familiares para os gabinetes ministeriais.
Já no passado dia 28 de Março aqui tínhamos escrito que o arranjo de lugares “para maridos, mulheres, filhos e filhas, genros e noras, enteados, sogros, primos e primas, amigos e amigos dos amigos e por aí adiante”, sempre foi uma prática política em Portugal. No governo, nas autarquias e, durante muitos anos, nas empresas públicas. O que agora acontece pode ou não ser criticável, mas não é novo.
Assim, aconteceu um efeito bumerangue e não tardou que a campanha maliciosa se virasse contra os acusadores, ao ser revelado que fizeram exactamente a mesma coisa que agora criticam sem qualquer pudor, como revelou o jornal O Independente, então dirigido por esse estadista de plástico que é o Paulo Portas, quando dedicou a sua edição de 7 de Fevereiro de 1992 exactamente a esse tema, quando Cavaco era primeiro-ministro.  E lá estão os nomes e as fotografias de alguns dos que agora têm criticado o Costa, com o pequeno LMM à cabeça.  Depois, até o próprio Cavaco nomeou a cunhada para assessora da sua Maria que, tanto quanto sabemos, não tem direito a assessoras pagas pelos contribuintes. E, pasme-se, depois de dois mandatos, a dita cunhada até teve direito a ser condecorada com um alto grau da Ordem do Infante D. Henrique. Que vergonha para um ex-presidente ter feito o que fez e vir agora acusar os outros. Não sei se é amnésia, se é descontrolo psíquico ou se é um caso de pequenez. Que falta nos faz Almada Negreiros para nos escrever uma nova versão do seu Manifesto Anti-Dantas.

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