segunda-feira, 1 de abril de 2019

A desertificação e as assimetrias ibéricas

No próximo dia 28 de Abril realizam-se eleições legislativas em Espanha e as sondagens que vão sendo conhecidas estão a indicar que nenhum partido vai conseguir a maioria e que vai ser difícil formar coligações de governo. Depois, no dia 26 de Maio realizam-se as eleições para o Parlamento Europeu.
Perante este quadro eleitoral, muitas associações da chamada Espanha rural, agora também chamada La España vaciada, decidiram manifestar-se ontem no centro da capital espanhola para, em tempos de campanha eleitoral, exigirem dos poderes públicos mais investimento nas províncias mais desfavorecidas e mais atenção para travar o seu despovoamento. A iniciativa que juntou algumas dezenas de milhar de pessoas serviu para unir as reivindicações das províncias do interior da Espanha “desde León a Murcia y desde Cáceres a Huesca” e, segundo o jornal el Periódico de Aragón, a cidade de Madrid foi ocupada, o que significa que a mensagem dos manifestantes passou.
A Espanha está confrontada com o despovoamento do interior e a aglomeração populacional nas grandes cidades, de que resultam graves problemas económicos e sociais, que se traduzem em assimetrias regionais cada vez mais acentuadas. Embora em menor escala, também Portugal padece da acentuada desertificação do interior. É um problema que está diagnosticado e para o qual todos os políticos fazem promessas, sem que se note qualquer inversão da situação, até porque essas regiões “não dão votos”. Os poderes públicos fazem pouco para resolver a situação e calam-se perante o encerramento de tribunais, linhas ferroviárias, agências bancárias, estações dos correios, repartições públicas, esquadras da polícia, escolas secundárias e tudo o mais que não resiste à cegueira dos critérios financeiros da avaliação custo-benefício e que não olha a critérios sociais. 
Os espanhóis reclamaram ontem, mas os portugueses estão calados.

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