quarta-feira, 3 de abril de 2019

A guerra e a "geração perdida" da Síria

Embora não se conheça a verdadeira situação em que se encontra actualmente a Síria, parece que a guerra acabou depois de oito anos de combates que causaram cerca de 450 mil mortos e mais de dez milhões de deslocados e refugiados, o que representa cerca de metade da população do país. Parece, também, que o regime de Bashar al-Assad venceu com o apoio dos seus aliados russos e iranianos, que o Daesh foi derrotado por uma aliança entre as forças democráticas sírias, as forças curdas e a aviação americana e que, finalmente, o califado morreu em Bagouz, depois de ter chegado a ocupar um terço do território da Síria e um terço do território do Iraque. Parece, ainda, que o Irão e a Turquia passaram da situação de rivais a grandes amigos, com a Rússia de permeio. Estes "parece" significam, portanto, que a informação que nos chega é ocasional, pontual, pouco esclarecedora e, provavelmente, manipulada.
O que não há dúvida é que a Síria está confrontada com uma grave crise humanitária. Agora é necessária a urgente assistência às populações e em especial às crianças, a todas as crianças da Síria e não só aos filhos dos militantes do Daesh, pois todas sofreram a guerra e viveram vários anos sem escola e sem educação, viram as barbaridades cometidas e as escolas destruídas, aprenderam a usar armas e foram preparadas para uma guerra sem regras. Só no campo de Al Hol, no leste da Síria, estarão 25.000 crianças em idade escolar que foram instruídas para servir o Daesh. Estas crianças representam uma pequena parte daquilo que já foi chamado a “geração perdida da Síria”, isto é, os dois ou três milhões de crianças em idade escolar que perderam parte ou a totalidade de sua educação formal durante os oito anos da guerra, umas em território sírio e outras que se estão refugiadas em campos de internamento no Líbano, Jordânia, Turquia, Iraque e Egipto.
O jornal Los Angeles Times destaca em primeira página esta grave situação humanitária de que poucos falam. Porém, é a altura de perguntar quem são os responsáveis por esta guerra e de saber quem quis levar a primavera árabe para a Síria e quem estimulou e armou todos aqueles grupos que destruíram a Síria.

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