quinta-feira, 11 de julho de 2024

75 anos da NATO: a cimeira e a apreensão

Decorreu ontem e anteontem em Washington, a cimeira da NATO que assinalou o 75º aniversário da organização criada em 1949, da qual Portugal é um dos fundadores. 
Segundo foi divulgado, a cimeira tratou especialmente da guerra na Ucrânia, que resultou da invasão russa de Fevereiro de 2022, mas também tratou dos desafios resultantes do forte investimento militar da China e da coesão política entre os membros da NATO. Não sabemos se houve discursos dissonantes, sobretudo por parte de Viktor Órbán e até de Justin Trudeau, como hoje sugere a capa do jornal canadiano National Post, que se publica em Toronto. 
Os chefes de Estado e de governo presentes comprometeram-se com um mínimo de 40 mil milhões de euros para apoiar o esforço de guerra ucraniano, mas parece que nem todos assumiram esse compromisso.
Joe Biden esteve a “fazer prova de vida” em vésperas das eleições americanas e tratou de dizer que “a Ucrânia vai travar Putin” e que “vamos defender cada centímetro da aliança”, esquecendo-se que em Novembro pode haver outras ideias na Casa Branca. Porém, a grande surpresa da cimeira terá sido a declaração de Jens Stoltenberg, o secretário-geral da NATO em fim de mandato, que garantiu o apoio à Ucrânia para a sua futura integração na NATO. Em Moscovo esta declaração foi considerada uma “grave ameaça para a segurança nacional russa” porque a Rússia sempre recusou a expansão da NATO para a Ucrânia e vê agora ser afirmada a garantia da sua futura integração na NATO. Até parece uma declaração de guerra. A Rússia reagiu a essa declaração, acusou a NATO de estar "totalmente envolvida no conflito com a Ucrânia" e os Estados Unidos e a Europa de não serem partidários do diálogo, nem da paz, apostando na confrontação. A cimeira também acusou a China de ser “facilitador da guerra”, pelo que esta condenou a declaração da NATO, acusando-a de usar “retórica beligerante” e de “incitar ao confronto” entre blocos. 
Entretanto, o presidente turco Recep Tayyip Erdogan, que esteve na cimeira, manifestou-se apreensivo e assumiu que a perspectiva de um conflito directo entre a NATO e o Kremlin é muito preocupante. Também me parece.