segunda-feira, 29 de julho de 2024

Venezuela não se livra de Nicolás Maduro

Tal como muitos esperavam, as eleições presidenciais na Venezuela foram um grosseiro exercício de simulação democrática. Tudo foi manipulado para dificultar a vida aos adversários do ditador venezuelano e foi o próprio Nicolás Maduro que anunciou a sua vitória com 51.2% dos votos, com Edmundo Gonzalez Urrutia, o principal candidato da oposição, a obter apenas 44,2% dos votos. A oposição repudiou esta declaração e afirmou que Maduro só teve 30% dos votos e que Edmundo Gonzalez venceu com 70% dos votos.
O exuberante anúncio de vitória feito por Maduro, travestido de clown,  aconteceu quando estavam contados apenas 80% dos votos e sem haverem sido apurados os resultados parciais de milhares de mesas de voto, o que é surrealista e mentiroso. O ditador nem esperou pela contagem dos votos e tratou de se autoproclamar vencedor. Os portugueses, sobretudo aqueles que viveram as eleições presidenciais de 1958, em que Humberto Delgado ganhou nas urnas mas perdeu devido à extensão da fraude eleitoral, conhecem bem a forma fraudulenta como os ditadores ganham eleições.
A oposição venezuelana denunciou muitas irregularidades durante a campanha eleitoral, muitos viram a agonia do chavismo e o fim da ditadura bolivarista. Os resultados anunciados levaram a população para as ruas a contestar os resultados. Diz-se que o povo é quem mais ordena e o ambiente de tensão está a aumentar. Ninguém quer prever o que possa acontecer.
Alguns países já felicitaram a figura caricata de Nicolás Maduro, casos da China, Rússia, Cuba, Bolívia, Nicarágua, Honduras e Síria. Outros países recusam-se a reconhecer os resultados, como a Argentina, o Uruguai, o Brasil, o Perú e a Costa Rica e outros, ainda, mostraram-se cautelosos como o Chile, a Colômbia, os Estados Unidos e a União Europeia, pedindo maior transparência no processo de contagem dos votos.
A imprensa reflecte as posições dos diferentes países e enquanto alguns se limitam a repetir o anúncio do Conselho Nacional Eleitoral, dizendo que “Maduro é o vencedor mas a oposição contesta”, outros como acontece com o jornal peruano La Razón falam em “fraude na Venezuela”. 
Haverá alguém que tenha dúvidas de que as eleições foram fraudulentas?
O facto é que as eleições venezuelanas nada contribuiram para o desanuviamento de um panorama internacional cada vez mais complexo.