sábado, 17 de agosto de 2024

EUA: até parece que vale tudo na política

As eleições presidenciais americanas vão realizar-se no próximo dia 5 de novembro e são um dos grandes acontecimentos mundiais dos próximos meses, porque vão influenciar o futuro do mundo. Faltam apenas 80 dias para uma disputa eleitoral que, em todo o mundo, é estudada pela comunidade académica, através da Sociologia, da Comunicação e do Marketing, com a análise detalhada das frequentes sondagens e das estratégias de comunicação utilizadas pelos candidatos para influenciar os eleitores e conquistar votos. Dizem os especialistas que nenhuma disputa eleitoral é tão dura como as eleições presidenciais americanas e, em breve, os americanos vão ter de escolher entre os candidatos Republicano e Democrata, ou entre Donald Trump e Kamala Harris, cada qual com os seus discursos mais ou menos aliciantes para o eleitorado.
A campanha eleitoral americana é sempre personalizada e muito agressiva, utilizando muitas vezes o insulto pessoal, a crítica ao passado dos candidatos e os seus escândalos próprios ou das suas famílias, enquanto os projectos para o futuro não são discutidos. Tudo isto decorre num ambiente de manipulaçáo comunicacional e num quadro de concorrência mediática que envolve muito dinheiro, daí resultando que as televisões e os jornais não costumam ser neutrais e declaram apoio a um dos candidatos. Assim sucede, por exemplo, com o New Yok Post, um tablóide nova-iorquino que é o 13º jornal mais antigo e o 7º de maior divulgação nos Estados Unidos, que apoia Donald Trump e que há dias publicava em primeira página a fotografia de Kamala Harris com o título Kameleon, mas que hoje publica a fotografia de Kamala Harris com o título Kamunism
Até parece que do lado de lá do Atlântico vale tudo… Nós não estamos habituados a este tipo de agressividade política e de insulto pessoal nas nossas campanhas eleitorais.

Tragédia: mais de 40.000 mortos em Gaza

A imprensa árabe do Golfo, nomeadamente o jornal The National que se publica em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos, destaca nas suas edições de hoje que o número de mortos em Gaza já ultrapassa os 40.000 e que, segundo as autoridades sanitárias palestinianas, desde outubro de 2023, o número de feridos já ascende a 92.400. Estes números são chocantes e se os juntarmos às imagens da brutal destruição do território de Gaza, ficamos com a dimensão de uma tragédia e de um crime contra a humanidade, que muitos dirigentes mundiais e até os mass media parecem ignorar.
A acção do Hamas de 7 de outubro de 2023 foi um acto de natureza terrorista, cometido com barbaridade contra civis indefesos, que se enquadra na tipologia do crime de guerra e do crime contra a humanidade. Houve centenas de mortos, centenas de reféns israelitas e, naturalmente, Israel reagiu para punir o Hamas.
Porém, depressa adoptou uma estratégia que vem sendo classificada como de genocídio do povo palestiniano, pois tratou de todos massacrar sem cuidar de saber se eram ou não eram do Hamas. A Faixa de Gaza foi destruída pela brutalidade israelita e está em curso uma tragédia humanitária, mas o governo israelita tem ignorado todas as recomendações da comunidade internacional para se moderar e parar com a sua vingança que se manifesta todos os dias sobre hospitais e escolas, com o pretexto de que alojam terroristas. O Tribunal Penal Internacional acusou Netanyahu por crimes de guerra mas, como se viu recentemente, ele atravessou o Atlântico e foi recebido apoteoticamente nos Estados Unidos, regressando a Israel com a garantia de todo o apoio militar de que necessita.
Entretanto, a Espanha, a Noruega e a Irlanda reconheceram o Estado da Palestina para abrir caminho para a solução de dois Estados na região (Israel e Palestina), o que desde sempre foi defendido pelas Nações Unidas. O cessar-fogo é necessário, mas as inúmeras viagens de Antony Blinken ao Médio Oriente nada fizeram pela paz e apenas asseguraram o apoio americano ao regime de Netanyahu.
Por cá pouco se comenta esta tragédia humanitária e os espaços televisivos estão dominados por gente que serve Israel e que até confunde palestinianos com terroristas.