sexta-feira, 31 de maio de 2024

A condenação de Donald Trump e o futuro

Quase toda a imprensa americana destaca as suas edições de hoje o facto de, pela primeira vez na história dos Estados Unidos, um ex-Presidente ter sido condenado por decisão unânime de um júri de 12 membros, que considerou Donald Trump culpado das 34 acusações de suborno no caso Stormy Daniels, ocorrido em 2016. Inúmeros jornais escolheram o título “Trump Guilty” para as suas primeiras páginas, que também é o título escolhido pelo jornal Houston Chronicle, mas também há jornais como The New York Post que escreveu “Injustice” a toda a largura da sua primeira página, classificando a decisão do júri como “um golpe político”. Donald Trump reagiu e afirmou-se vítima de perseguição política “manipulada por um juiz corrupto”, mas também declarou que esta decisão e o seu julgamento se enquadra numa campanha para evitar que concorra e ganhe as eleições de 5 de novembro.
As opiniões dividem-se na sociedade americana quanto ao futuro de Donald Trump, mas poucos acreditam que ele venha a ser condenado nos tribunais e vá parar à prisão. Em quaisquer circunstâncias ele poderá manter a sua candidatura à Casa Branca, porque a Constituição americana não proíbe que um cidadão condenado criminalmente possa disputar a presidência e ocupá-la se tiver mais votos que o seu adversário. Há ainda quem pense que ele irá vitimizar-se perante o eleitorado e que este o vai recompensar com votos.
Há todas as opiniões possíveis sobre a situação. A evolução da situação política da mais poderosa nação do mundo interessa a toda a gente e chegam-nos notícias e comentários, muitas vezes enviezadas e manipuladas, que não nos permitem avaliar o cenário de disputa eleitoral e os seus efeitos sobre a conjuntura internacional. O que todos sabemos é que com Biden ou com Trump na Casa Branca, o futuro dos Estados Unidos e do mundo é cada vez mais uma incerteza.

quinta-feira, 30 de maio de 2024

As escolhas americanas: Biden ou Trump?

Faltam pouco mais de cinco meses para as eleições americanas e o mundo mostra-se cada vez mais interessado, talvez mesmo preocupado, com o que vai acontecer no dia 5 de novembro de 2024, isto é, se o próximo presidente dos Estados Unidos será o democrata Joe Biden ou o republicano Donald Trump.
Desde há vários meses que as sondagens têm sido favoráveis a Donald Trump, mas se há sondagens para todos os gostos em todo o lado, nos Estados Unidos essa é uma verdade ainda mais evidente. No entanto, os observadores têm destacado o facto de Trump estar em vantagem em cinco estados decisivos – Michigan, Arizona, Nevada, Geórgia e Pensilvânia – enquanto Biden não tem recuperado terreno, apesar da melhoria económica americana e da provável condenação de Trump no caso do pagamento a uma atriz pornográfica com dinheiros públicos. Porém, a mais recente sondagem que se conhece e que é analisada pela revista Newsweek, indica que há uma quebra no apoio a Joe Biden, sobretudo entre os eleitores mais jovens, nos negros e nos hispânicos, que contestam a política americana em relação a Israel. Embora os americanos não estejam a combater na Ucrânia, nem em Gaza, como aconteceu no Vietnam, no Iraque e no Afeganistão, a violência da guerra tem entrado diariamente em sua casa através das trágicas imagens televisivas. Ninguém aprova a violência israelita, mas Joe Biden não consegue acabar com ela. 
O protesto contra o apoio militar americano a Israel tem subido de tom entre os jovens, entre os árabes americanos e até em alguns judeus, que mostram indignação pelas dezenas de milhares de palestinianos mortos em Gaza. As imagens televisivas da tragédia geram um protesto que tem aumentado e podem custar a reeleição a Joe Biden, como refere a capa da Newsweek. Enfim, com Biden ou Trump, muitos americanos temem pelo futuro.

A enorme força dos festivais da Lusofonia

O jornal Correio da Manhã-Canadá que se classifica como “o melhor jornal em língua portuguesa do Canadá”, aparece semanalmente em Brampton, uma comunidade localizada na área metropolitana de Toronto. Na sua última edição, o jornal anuncia que é “já este fim-de-semana” que se inicia o 5º Lusofonia Festival e, ao mesmo tempo, convida cada um dos seus leitores para que “celebre connosco os 50 anos da cidade de Brampton e o Dia de Portugal”. A notícia é ilustrada com o logotipo do 5º Lusofonia Festival, onde se reconhecem as bandeiras dos nove países da CPLP e, também, a bandeira da Região Administrativa Especial de Macau.
A questão da Lusofonia é muito falada em Portugal, mas quase sempre com um conteúdo demasiado retórico e inconsequente. Por outro lado, em muitas das comunidades da diáspora, a Lusofonia é celebrada com orgulho e junta todos aqueles que falam português, com as suas músicas, as suas gastronomias, o seu folclore e artesanato, as suas festividades religiosas e as suas práticas culturais. Assim acontece no Canadá e nos Estados Unidos, na África do Sul e em Macau, mas também em outras comunidades lusófonas espalhadas pelo mundo e em especial na Europa.
Segundo os seus organizadores esta sequência de eventos na cidade canadiana de Bampton ”celebra a diversidade, fortalece laços económicos e sociais e promove a inclusão”, enriquecendo a comunidade lusófona. Aqueles que vivem ou viveram fora do território nacional envolvem-se com maior entusiasmo nas festividades lusófonas, atenuando as "saudades do fado e do bacalhau", mas evocando também as memórias mais profundas das suas origens. O facto é que estas iniciativas da sociedade civil, designadamente na diáspora, fazem mais pela língua portuguesa do que as conferências, os simpósios e os colóquios que as instituições públicas promovem, muitas vezes com elevados custos para o erário público.

quarta-feira, 29 de maio de 2024

A breve visita de Zelensky a Lisboa

O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky esteve ontem em Lisboa numa visita de cerca de 6 horas e, segundo anuncia o jornal Público, o nosso “apoio militar atinge os 126 milhões de euros já este ano”. Esse apoio solidário à Ucrânia resulta da guerra que está a enfrentar, que para alguns foi iniciada no dia 24 de fevereiro de 2022 com a invasão russa do seu território e, para outros, começou em 2014 com os levantamentos dos separatistas de Lugansk e Donetsk a contestar o autoritarismo de Kiev.
Independentemente da sua génese ou das suas circunstâncias, todas as guerras são indesejáveis pois trazem consigo a morte e a destruição e aquela que se trava em território ucraniano não foge a esta regra. Por isso, há que fazer todos os esforços para acabar com essa catástrofe humana e material, procurando reconciliar amigos e encontrar a paz, com cedências das partes e dos seus aliados. Ao fim de dois anos, ninguém acredita seriamente que possa haver vencedores. Essa é, ou deveria ser, a posição portuguesa, em obediência ao nosso princípio constitucional que preconiza “a solução pacífica dos conflitos internacionais”.
As lições do general prussiano Carl Von Clausewitz, que publicou em 1832 um livro sobre a guerra, incluem uma definição que parece inquestionável: “a Guerra é a continuação da Política por outros meios”. Assim sendo, é a Política que desencadeia as guerras e é a Política que deve acabar com elas, através de vários instrumentos, como por exemplo a Diplomacia. A generalidade dos políticos europeus não parece pensar assim e trata de mobilizar fundos para apoiar militarmente a Ucrânia, sabendo que isso pode contribuir para uma perigosíssima escalada que os seus cidadãos não desejam, como se vê no Eurobarometer.
Evidentemente que as desejáveis negociações de paz não serão fáceis, mas terá que ser esse o caminho. “A paz é o caminho”, disse hoje a Secretária de Estado da Defesa do governo português numa cerimónia militar a que eu assisti,  Não sei se durante a visita de Zelensky a Lisboa se tratou apenas do acordo de cooperação militar bilateral, ou se no recato das conversas, se falou realmente da necessidade que todos temos de ter paz na Ucrânia.

terça-feira, 28 de maio de 2024

Uma brutal guerra contra os palestinianos

No domingo à noite a aviação israelita bombardeou o campo de Tel al-Sultan, na zona oeste de Rafah, causando um incêndio devastador, com o fogo a alastrar e a devorar as tendas de plástico dos refugiados. Segundo as autoridades palestinianas morreram 45 pessoas e o Ministério da Saúde de Gaza acusou esta agressão israelita, afirmando que "nunca antes na história se utilizou um tão grande número de instrumentos de morte em massa diante do mundo como está a acontecer agora em Gaza, onde a população está privada de água, alimentos, medicamentos, eletricidade e combustível, destruindo as infraestruturas e todas as instituições". O próprio Netanyahu, sobre quem recentemente o TPI emitiu um mandado de captura, qualificou este brutal ataque como “um erro trágico”.
Entretanto, alguns daqueles que têm sido cúmplices com Israel, decidiram falar. A União Europeia expressou a sua indignação, tendo aparentemente decidido rever as suas relações com Israel, enquanto Emmanuel Macron se mostrou “indignado”. É muito pouco, pois estas declarações não são sérias, como vamos verificando todos os dias.
Porém, a situação de hipocrisia é bem mais grave. Uma pesquisa efectuada na imprensa europeia mostra como é grande a indiferença perante o massacre a que estão a ser sujeitos os palestinianos. Apenas o jornal El País e, em menor grau, os jornais The Guardian, Le Monde, L’Humanité e o Corriere della Sera, noticiam este grave acontecimento nas suas primeiras páginas. Nos Estados Unidos, tanto o The Washington Post como o The Wall Street Journal se referem ao massacre israelita como um "tragic accident", parecendo desculpabilizar Netanyahu. Tão grave como estas distorções informativas, é o enorme número de agentes contratados em Portugal como comentadores televisivos, para justificar a brutalidade do governo de Netanyahu e tudo lhes permitir em nome da sua luta contra o Hamas.

domingo, 26 de maio de 2024

Portugueses em destaque lá por fora

No 77º Festival de Cinema de Cannes que ontem terminou, o cinema portuguès esteve em destaque pois o cineasta Miguel Gomes ganhou o Prémio de Melhor Realização com o filme “Grand Tour” e, outro cineasta de nome Daniel Soares, recebeu uma menção honrosa pela curta-metragem “Mau por um Momento”. A Palma de Ouro, o mais alto galardão do festival, foi atribuido ao filme “Anora” do americano Sean Baker. 
Não é costume que o cinema português seja premiado internacionalmente e, por isso, a comunicação social tratou de elogiar os premiados, coisa a que me associo. Acontece até que os jornais de referência como o Diário de Notícias, mas também o Público, publicaram uma fotografia a cinco colunas do premiado Miguel Gomes na primeira página das suas edições de hoje. Certamente são critérios editoriais respeitáveis, mas que são difíceis de atender.
Enquanto arte, negócio ou actividade comercial, o cinema é importante, mas também são importantes outras áreas em que os portugueses ontem brilharam e aqueles jornais não lhes deram semelhante destaque. Foi o caso de Bruno Fernandes e Diogo Dallot que venceram a Taça de Inglaterra a jogar futebol pelo Manchester United, mas também de Vitinha e de Nuno Mendes que ganharam a Taça de França a alinhar pelo Paris Saint-Germain. Também na canoagem houve ontem brilho português, pois Fernando Pimenta conquistou a medalha de ouro na prova de K1 500 metros da Taça do Mundo disputada em Poznan, na Polónia. Não sei se na Política Internacional, na Arte ou na Ciência se destacaram ontem outros cidadãos portugueses, mas o Miguel Soares (e os seus patrocinadores) que me desculpem, mas o destaque que os jornais de referência hoje lhe deram é desproporcionado.
Vá-se lá saber porquê…

sexta-feira, 24 de maio de 2024

O fenómeno Taylor Swift está em Lisboa

É hoje! Desde as primeiras horas da manhã que à porta do Estádio da Luz, em Lisboa, se formam filas de entusiastas para tomarem os seus lugares e assistirem ao concerto de Taylor Swift, que se estreia em Portugal para realizar dois espectáculos, hoje e amanhã. Diz a imprensa que os bilhetes para os espectáculos estão esgotados desde julho do ano passado, que a artista e a sua equipa ocuparão um piso inteiro do Hotel Ritz e que o trânsito será cortado em várias ruas nas imediações do estádio.
Há poucos dias eu apenas conhecia vagamente o nome da artista americana, mas perante a taylormania que tomou conta dos mass media portugueses fui saber quem era aquela jovem que tanto entusiasmo despertava em Portugal. Trata-se de Taylor Alison Swift, uma cantora, compositora e actriz de 34 anos de idade, que é natural da Pensilvânia. Neste seu concerto em Portugal o fenómeno Taylor Swift apresentará o Eras Tour que tem sido um enorme sucesso e, segundo dizem as crónicas, deixou de ser um simples espectáculo de entretenimento para se tornar numa alavanca para as economias locais, mas também se diz que pode vir a ser muito importante nas eleições presidenciais americanas de Novembro. Os milhares de pessoas presentes no Estádio da Luz, dizem ainda as crónicas, irão passar colectivamente por diferentes emoções, incluindo “a alegria, o extâse, a felicidade, a euforia, o júbilo, o prazer, o deslumbramento, o entusiasmo”.
Os bilhetes custaram entre 62,5 e 539 euros, o que confirma estarmos perante um grande negócio. Na sua edição de hoje, o jornal Público dedicou a sua primeira página a esta Taylor que parece que vai receber dois milhões de euros por cada um dos seus dois espectáculos. Que grande menina!

quarta-feira, 22 de maio de 2024

A diplomacia autónoma da Espanha

Nas últimas eleições gerais espanholas os eleitorers deram 12,4% dos votos ao partido Vox de Santiago Abascal. Este partido realizou em Madrid no passado fim-de-semana uma convenção, para a qual convidou os líderes de diversos partidos da extrema-direita, incluindo Marine Le Pen, Giorgia Meloni, Viktor Orbán e até o Ventura, mas também o presidente argentino Javier Gerardo Milei, que é o líder do partido La Libertad Avanza e que ganhou as eleições presidenciais argentinas em Dezembro de 2023. Alguns desses líderes deslumbraram-se e excederam-se nas suas declarações, violando as regras de boa conduta política que os visitantes estrangeiros devem ter no país anfitrião. O presidente Javier Milei foi longe demais nessa reunião ao referir-se ao governo de Pedro Sánchez como “socialismo maldito e cancerígeno” e ao acusar de corrupção a sua mulher. O governo espanhol não gostou e reagiu, exigindo respeito e um pedido de desculpas a Javier Milei, ao mesmo tempo que tratou de ameaçar a Argentina com uma resposta “à altura da dignidade de Espanha”. Daí que tenha começado por retirar a embaixadora de Espanha na República Argentina, conforme relata hoje o jornal catalão ara, o que é uma decisão grave no contexto das relações internacionais e da vida diplomática.
Porém, o governo espanhol tem outras frentes de intervenção diplomática e hoje anunciou que, no próximo dia 28, irá reconhecer a Palestina como um estado soberano, em simultâneo com a Noruega e a Irlanda.
Portanto, a Espanha destaca-se com uma diplomacia e uma política externa autónomas, sem subserviências aos novos ditadores, sejam argentinos ou israelitas, coisa que não fazem as autoridades que mandam ou que influenciam em Bruxelas.
Portanto, que viva a España e a sua diplomacia firme e autónoma!

segunda-feira, 20 de maio de 2024

As munições activas da World War II

Quase oitenta anos depois do fim da Segunda Guerra Mundial (World War II), nas áreas francesas onde os aliados desembarcaram no dia 6 de Junho de 1994, mas também na costa atlântica, continuam a ser descobertas munições e minas que não detonaram ou que os alemães abandonaram quando retiraram do território francês. 
O jornal La Voix du Nord que se publica na cidade de Lille, anuncia hoje que há milhares de munições de diferentes calibres que estão enterradas e que poluem o litoral na área de Dunquerque, sobretudo nas praias da região de Hauts-de-France, no norte da França e perto da fronteira belga.
Nessa região realizou-se nos últimos dias uma operação de desminagem que obrigou a que 796 residentes de Fort-Nieulay, na cidade de Calais, fossem evacuados.
Porém, o problema também preocupa as comunidades da costa atlântica. Há poucas semanas, os sapadores da Segurança Civil destruiram milhares de munições antiaéreas que tinham sido descobertas num antigo bunker alemão em La Tremblade, perto do farol de Coubre que fica situado no estuário da Gironda, no sudoeste da França.
As operações de desminagem e de destruição ou desactivação de munições do tempo da Segunda Guerra Mundial são complexas e de elevado risco, mas parece que as autoridades francesas estão a intensificar a sua localização e neutralização.
Já não era sem tempo...

sábado, 18 de maio de 2024

As festas do Espírito Santo nos Açores

As festas do Espírito Santo são, provavelmente, a marca mais forte e mais importante da identidade e da cultura popular açoriana, realizando-se em todo o arquipélago e na diáspora. Porém, o seu palco mais notável ocorre na ilha do Pico onde tem um carácter especial, pois não há freguesia nem lugar que não celebre o Espírito Santo, num dos nove dias que vão do sábado de Pentecostes ou sábado do Espírito Santo (18 de Maio) até ao domingo da Trindade (26 de Maio).
O jornal Ilha Maior que se publica na vila da Madalena destaca na sua última edição os 29 Impérios e mais de 16 mil convidados – mais do que a própria população residente da ilha – salientando que são “5 dias de festa em toda a ilha do Pico”. O jornal publica um roteiro das festividades por toda a ilha, com a indicação dos locais e datas, dos respectivos mordomos e do número de convidados que, por exemplo na comunidade de São Roque, atingem o impressionante número de 1150. É uma semana intensa, sempre igual mas sempre renovada, em que muitos picoenses atravessam o Atlântico e regressam à ilha para participar nas cerimónias, umas de carácter religioso e outras de natureza profana. Toda a população se envolve nos festejos e se veste a rigor. A coroa do Espírito Santo segue para a igreja num desfile com a bandeira do Espírito Santo, seguindo-se a cerimónia da coroação. Depois, os irmãos e os amigos são convidados para as sopas servidas num salão devidamente decorado, sendo tudo preparado numa operação em que participa toda a comunidade, seguindo-se a solidária e tradicional distribuição de rosquilhas e de vésperas.
A música nunca falta, ou não houvesse nos Açores mais de uma centena de bandas filarmónicas, mas por vezes também aparecem os foliões, grupos de três ou quatro homens com vestes próprias e lenços na cabeça, que tocam pandeiros e tambores para animar as festas.
As festas do Espírito Santo não são apenas uma manifestação de fé e um símbolo da cultura popular açoriana, mas também são uma das mais expressivas manifestações da cultura popular portuguesa.

sexta-feira, 17 de maio de 2024

O Ocidente contra o resto do Mundo

O semanário Courrier International tem a sua sede em Paris e os temas que trata em cada uma das suas edições resultam de escolhas editoriais feitas pelo seu corpo redactorial, depois de previamente debatidos, o que significa alguma independência em relação aos interesses que cada vez mais manipulam a informação, através da desinformação ou das fake news.
Na sua última edição o semanário aborda a questão geopolítica do momento e afirma que “as guerras na Ucrânia e em Gaza ampliaram ainda mais o fosso entre os países ocidentais e o Sul Global” e afirma que estão “a pôr em causa a ordem internacional herdada da Segunda Guerra Mundial e as instituições que a acompanham”. Segundo a revista, a expressão “L’Occident contre le reste du Monde” ou “The West versus the Rest” é cada vez mais utilizada para designar o fosso entre os países ocidentais e a multiplicidade de países que são o resto do mundo e que parece rejeitarem cada vez mais a visão ocidental da ordem internacional, como se verificou na recente votação a favor da Palestina nas Nações Unidas. Quando se esperava que o prestígio histórico das democracias ocidentais assumissem um papel de moderadores ou de esforçados mediadores na reconciliação, na arbitragem e na manutenção da paz e da harmonia, optaram por se tornarem protagonistas activos sob a direcção das Ursulas e dos Stoltenberg e, sobretudo, dos grandes interesses ligados à produção e venda de material de guerra.
No caso da Ucrânia e, sobretudo, na aliança objectiva com o extremismo de Benjamin Netanyahu, o chamado Ocidente parece alucinado e perde terreno face ao dinamismo asiático, comporta-se como um velho aristocrata falido e, muitas vezes, tende a apresentar-se como se ainda fosse o centro do mundo. A sua narrativa conta cada vez menos e, como salienta o Courrier International, temos “l’Occident contre le reste du Monde”.

A aliança “sem limites” entre Xi e Putin

Vladimir Putin iniciou ontem uma visita de Estado à República Popular da China, onde foi recebido por Xi Jinping com todas as honras militares, tendo essa visita tido grande destaque na imprensa chinesa e na imprensa mundial. Nas primeiras declarações conjuntas, os dois líderes reafirmaram a sua parceria “sem limites”, criticaram as alianças militares americanas na Ásia e na região do Pacífico e assinaram uma declaração conjunta sobre aprofundamento dos laços entre os seus países.
Aparentemente, as relações entre a Rússia e a China continuam fortes e têm-se aprofundado devido às crescentes pressões ocidentais, cujos poderes não querem perder o seu estatuto hegemónico no mundo.
Embora a China venha procurando apresentar-se ao mundo como neutra no conflito ucraniano, o facto é que apoiou a narrativa que afirma que a Rússia foi provocada pelo Ocidente e que a tem apoiado diplomaticamente, que lhe forneceu tecnologia avançada para uso civil e militar e se tornou um dos principais mercados do petróleo e do gás natural russos. A China também apresentou um plano de paz para a guerra na Ucrânia, em 12 pontos, que foi rejeitado pelos ucranianos e pelos seus apoiantes ocidentais, pois perrmitia que a Rússia conservasse os seus ganhos territoriais no leste da Ucrânia.
Provavelmente, tanto Putin como Xi pensam na Ucrânia e em Taiwan e, na sua perspectiva, estão sob a mesma ameaça. Entretanto, depois de Pequim, Putin vai visitar a cidade de Harbin, perto da fronteira entre os dois países, que é conhecida como a “Pequena Moscovo da China”, onde se realiza uma feira comercial russo-chinesa.
Esta visita à China tem um importante significado político e confirma que Vladimir Putin, com 71 anos, e Xi Jinping, com 70 anos, têm interesses comuns, pois já se reuniram mais de 40 vezes, pessoal ou virtualmente. Encontraram-se agora, mas Xi Jinping estivera em Moscovo em Março de 2023, enquanto Putin visitara Pequim em Outubro de 2023.

quinta-feira, 16 de maio de 2024

A Nova Caledónia em luta com a França

Nas suas últimas edições a imprensa francesa tem ignorado as guerras da Ucrânia e do Médio Oriente, concentrando-se nos violentos motins que desde há três dias estão a agitar a Nova Caledónia e que já levaram o presidente Emmanuel Macron a declarar o estado de emergência.
A Nova Caledónia é um território francês com cerca de 18.500 km2, que abrange algumas dezenas de ilhas do sul do oceano Pacífico e que está situado a leste da Austrália e a norte da Nova Zelândia. Tem cerca de 270 mil habitantes, dos quais 45% são os autóctones chamados kanak, 37% são de origem europeia ou descendentes de europeus, havendo também comunidades de polinésios, vietnamitas, indonésios e chineses.
A onda independentista que varreu as ilhas do Pacífico também chegou à Nova Caledónia e em 1980 verificaram-se situações de tensão entre os opositores e os partidários da independência e, em 1986, o Comité de Descolonização das Nações Unidas incluiu a Nova Caledónia na sua lista de territórios não-autónomos. Seguiu-se um referendo sobre a independência que foi rejeitado por larga maioria da população e, em Outubro de 2020, foi realizado um novo referendo em que 46,7% dos eleitores votaram a favor da independência e 53,3% votaram contra. O independentismo crescera com largo apoio da população kanak. Porém, em Paris foram tomadas medidas legislativas atentatórias da vontade e dos direitos dos autóctones que reagiram, com distúrbios nas ruas, motins violentos e confrontos armados entre manifestantes, milícias e polícias. A tensão entre as diferentes comunidades acentuou-se. Já há mortes e o caos está instalado. Nos últimos dias foi imposto o recolher obrigatório, declarado o estado de emergência e enviados reforços militares para o território. O jornal La Croix pede urgência no diálogo, mas o jornal Le Monde refere “le spectre de la guerre civile”, significando que a França e Emmanuele Macron têm um grande problema para resolver a 16.000 quilómetros de distância.

quarta-feira, 15 de maio de 2024

Viva! Aí está o novo aeroporto de Lisboa!

Ontem foi um dia importante na política portuguesa porque, depois de 55 anos de avanços e de recuos, de estudos e de mais estudos, de pressões e de hesitações, foi finalmente anunciada a decisão sobre o novo aeroporto de Lisboa. Após tantos anos e tantos primeiros-ministros, foi um improvável Luís Montenegro que, com apenas 32 dias de governo, assumiu essa decisão, devendo salientar-se que teve o apoio das forças políticas mais representativas, o que é um bom sinal de cooperação interpartidária face ao interesse nacional, o que raramente tem acontecido em Portugal. O jornal Público, como nenhum outro jornal português, destacou essa importante notícia na sua edição de hoje.
O reconhecimento da necessidade de um novo aeroporto de Lisboa nasceu durante a chamada “primavera marcelista”, através do Decreto-lei 48.902, de 8 de março de 1969, que criou no Ministério das Comunicações, o Gabinete do Novo Aeroporto de Lisboa, com personalidade jurídica e autonomia administrativa, com a missão de “empreender, promover e coordenar toda a actividade relacionada com a construção do novo Aeroporto de Lisboa”. Esse documento foi assinado por Marcello Caetano e foi promulgado pelo presidente Américo Deus Rodrigues Thomaz, mas ninguém esperava que fosse preciso mais de meio século para escolher o local.
Havia inicialmente quatro possíveis localizações, respectivamente na Fonte da Telha, no Montijo, no Porto Alto e em Rio Frio. Depois apareceu a hipótese de Alcochete, em finais da década de setenta surgiu a hipótese Ota e, mais tarde, as soluções Samora Correia e Santarém. Os interesses eram conflituantes e as pressões dos ambientalistas e dos municípios eram enormes, mas a decisão foi sempre adiada. Nem Mário Soares nem Cavaco, nem Guterres ou Barroso, Sócrates, Coelho ou Costa, tomaram uma decisão. O novo aeroporto de Lisboa já entrara no anedotário nacional.
Não faltaram estudos e ponderações e, por isso, saúda-se que, finalmente, tenha havido uma decisão. Parece que é desta que vamos ter o novo Aeroporto de Lisboa e que vai chamar-se Luís de Camões!

segunda-feira, 13 de maio de 2024

O independentismo catalão foi derrotado

A actividade política e as eleições na Catalunha são acontecimentos que nos interessam por razões de proximidade geográfica e de coesão ibérica. Numa altura em que há algumas tensões na velha Europa e em que não se vislumbra quem possa arrumar a casa e liderar a sua caminhada para o futuro com harmonia e progresso, a estabilidade ibérica é um elemento importante. 
Depois de catorze anos em que o independentismo ameaçou a comunidade autónoma da Catalunha e a unidade espanhola, o Partido dos Socialistas da Catalunha de Salvador Illa venceu as eleições de ontem com 27,9% dos votos e passou de 33 para 42 dos 135 deputados, com expressivas vitórias nas províncias de Barcelona e Tarragona, enquanto o conjunto dos partidos independentistas apenas elegeu 59 deputados, embora tivesse sido maioritário nas províncias de Lérida e Girona.
Foi a primeira vez que o Partido dos Socialistas da Catalunha venceu uma eleição, tanto em número de votos como em número de deputados eleitos, o que também reforça o poder de Pedro Sanchéz que é muito próximo de Salvador Illa. O jornal La Razón escolheu como manchete a frase “Derrota do independentismo”, enquanto o jornal El País diz que “el triunfo de Illa entierra el ‘procés’ e o ABC escolheu o título “Cataluña castiga el independentismo”, o que parece mostrar alguma unanimidade quanto à interpretação dos resultados eleitorais. Aparentemente, os catalães cansaram-se da instabilidade social gerada pelas lutas independentistas e perceberam que a União Europeia não apoiava o soberanismo catalão. Porém, a estabilidade política da Catalunha ainda vai depender dos acordos que o partido mais votado consiga fazer para poder governar.

sábado, 11 de maio de 2024

Em defesa do reconhecimento da Palestina

A Assembleia Geral das Nações Unidas aprovou ontem uma Resolução não vinculativa que pede o reconhecimento da Palestina como um estado soberano, que garante “novos direitos e privilégios” aos palestinianos e que pede ao Conselho de Segurança que reconsidere o pedido para plena adesão, o que a tornaria no 194º membro da organização. A Resolução foi aprovada por 143 votos a favor, com 25 abstenções e nove votos contra, apresentados pela Argentina, Israel, Estados Unidos, República Checa, Hungria, Micronésia, Nauru, Palau e Papua-Nova Guiné. A notícia não teve a devida repercussão nos mass media internacionais, mas o jornal catalão La Vanguardia destaca na sua edição de hoje que “la Asamblea de la ONU vota que Palestina tiene derecho a ser miembro”. Mahmoud Abbas, o presidente da Autoridade Nacional Palestiniana, regozijou-se com esta Resolução que abre as portas ao reconhecimento da Palestina pelas Nações Unidas, mas Israel criticou esta decisão que classificou como “um prémio ao Hamas”. A decisão cabe agora ao Conselho de Segurança, embora seja de prever o veto dos Estados Unidos.
Entretanto, a imprensa espanhola anuncia hoje que “España reconocerá a Palestina el 21 de mayo”, havendo notícias que referem que, no mesmo dia, também a Irlanda, a Bélgica, a Eslovénia, Malta e a Noruega, reconhecerão o Estado da Palestina. Afirmando que o reconhecimento da Palestina é do interesse da Europa, a Espanha afirma-se com vontade própria e não alinha com o grupo de países europeus que, com grande hipocrisia, continuam a fornecer armas a Israel e a apoiar o governo extremista de Benjamin Netanyahu na sua política de destruição do povo palestiniano. A Espanha bem merece a nossa saudação.

quinta-feira, 9 de maio de 2024

Paris 2024: a chama olímpica já chegou

A imprensa francesa é hoje unânime a noticiar a chegada a Marselha da chama olímpica, que saíra da Grécia no dia 16 de abril, publicando a fotografia da chegada do navio-escola Belem, escoltado por centenas de embarcações. A partir de agora, a chama olímpica vai percorrer todo o território francês e mais de cinco centenas de localidades, numa viagem que terminará em Paris na noite de 26 de julho, quando se realizará a cerimónia de abertura oficial dos XXXIII Jogos Olímpicos.
Segundo o jornal Le Figaro, estiveram em Marselha a esperar o navio-escola Belem e a chama olímpica entre 150 e 230 mil pessoas, o que mostra como “à boleia dos Jogos Olímpicos”, se está a trabalhar num projecto promocional da França sob a liderança do pequeno napoleão, que Emmanuel Macron parece querer ser.
Os Jogos Olímpicos são a maior manifestação desportiva mundial, mas cada vez mais se afastam dos ideais olímpicos, enunciados através do lema Citius, Altius, Fortis, que significa “o mais rápido, o mais alto, o mais forte”. Se antigamente se considerava que o importante era competir e não vencer, nas suas últimas edições os Jogos Olímpicos tornaram-se um tabuleiro onde se procura “vencer” a qualquer preço, porque isso se traduz numa operação de prestígio interno e internacional. Por isso, os jogos de Paris 2024 vão ser uma monumental operação de marketing dos franceses para si próprios e para o mundo. O presidente Emmanuel Macron e o chauvinismo francês vão, provavelmente, estar insuportáveis na reversão a seu favor de tudo o que os Jogos Olímpicos lhes poderão dar em prestígio, em auto-estima e em vaidade, esperando que todo o mundo ouça muitas vezes a Marselhesa: 
             Allons, enfants de la Patrie / Le jour de gloire est arrivé 
             Contre nous, de la tyrannie/L'étendard sanglant est levé.
Procuremos, portanto, acompanhar a festa desportiva que vai ser o Paris 2024, mas tenhamos paciência com os exageros de egocentrismo a que vamos assistir.

quarta-feira, 8 de maio de 2024

Catástrofe climática no Rio Grande do Sul

Desde há cerca de uma semana que violentos temporais e chuvas de grande intensidade estão a afectar o estado brasileiro do Rio Grande do Sul (RS), que faz fronteira com o Uruguai e com a Argentina. Trata-se do estado mais meridional do Brasil, que é três vezes maior que Portugal e tem cerca cde 12 milhões de habitantes. A cidade de Porto Alegre, que é a sua capital, tem as suas rotas de acesso bloqueadas pelas águas e estima-se que 85% da cidade esteja sem água potável, nem energia eléctrica. O aeroporto Salgado Filho está inundado, como mostra a fotografia publicada na edição de ontem da Folha de S.Paulo, tendo sido encerrado por tempo indeterminado. É uma verdadeira catástrofe climática e humanitária, que está a afectar cerca de um milhão e meio de gaúchos, estando já contabilizados 95 mortos e mais de 130 desaparecidos, mas também cerca de quatro centenas de feridos e mais de duzentos mil desalojados. No centro histórico da cidade de Porto Alegre a inundação atingiu 5,25 metros, sem haver quaisquer garantias de que se reduza nos próximos dias porque há dificuldades na drenagem das águas, mas há situações bem mais extremas, como sucedeu no rio Taquari cujas águas subiram 30 metros.
Os meteorologistas afirmam que os temporais que ocorrem no Rio Grande do Sul são reflexo de três fenómenos que ocorrem localmente e que são agravados pelas alterações climáticas, respectivamente, a onda de calor e as correntes intensas de vento frio que sopram do sul, a influência da Amazónia e um bloqueio atmosférico.
A catástrofe representa um prejuizo incalculável e está a gerar uma onda de solidariedade, tanto no Brasil, como no exterior.

segunda-feira, 6 de maio de 2024

A promoção dos vinhos portugueses

A edição de hoje do jornal O Globo, que se publica no Rio de Janeiro, tem a sua primeira página ocupada com um anúncio da marca Vinhos de Portugal e informa que o maior evento de vinhos portugueses no Brasil se realizará no Rio de Janeiro entre os dias 7 e 9 de Junho. 
O evento seguirá depois para a cidade de São Paulo onde será apresentado entre os dias 13 e 15 de Junho no Pavilhão Ciccillo Matarazzo, uma infraestrutura de grande prestígio, que foi desenhada por Óscar Niemeyer no Parque Ibirapuera.
A marca Vinhos de Portugal/Wines of Portugal tem tido um assinalável sucesso comercial e resulta de uma iniciativa da ViniPortugal, uma organização interprofissional dos vinhos portugueses reconhecida pelo governo português, que foi fundada em 1996. A ViniPortugal faz a gestão daquela marca colectiva e tem como objectivo a promoção da qualidade e da excelência dos vinhos portugueses. A primeira campanha de marketing dos Vinhos de Portugal realizada no Brasil aconteceu em 2010 e a iniciativa agora anunciada já é a 11ª campanha, o que mostra o sucesso que os vinhos portugueses têm tido no Brasil ao longo dos anos. Esta importante parceria entre os produtores portugueses mostra-se muito activa e, nas mais recentes semanas, foram feitas apresentações e degustações de vinhos portugueses na cidade do México, em Toronto, Montreal, S. Francisco, Nova Iorque e Houston, a mostrar um dinamismo que não é habitual na economia portuguesa.  

sexta-feira, 3 de maio de 2024

O protesto universitário contra Netanyahu

O povo palestiniano está a ser vítima de uma agressão cruel, violenta e desumana por parte das forças extremistas de Benjamin Netanyahu, perante a objectiva cumplicidade dos seus mais poderosos aliados que continuam a fornecer-lhe armamento. Nada, nem ninguém, parece poder travar a ânsia vingativa de Netanyahu.
Porém, nos últimos dias, manifestou-se um movimento de solidariedade para com os palestinianos, cuja expressão mais visível tem acontecido nas universidades americanas, desde Harvard a Los Angeles. Há registo em várias universidades americanas de protestos pró-Palestina e pelo fim da guerra em Gaza, o que já levou o presidente Joe Biden a pedir aos manifestantes moderação e o cumprimento da lei, ao mesmo tempo que se verificava a intervenção policial. Anunciam-se confrontos e mais de duas mil detenções. Os protestos já “atravessaram” o Atlântico e disseminaram-se por várias universidades do Reino Unido, onde os estudantes reclamam o fim da guerra e manifestam a sua solidariedade para com o povo da Palestina. Também em França, conforme documenta a edição de hoje do jornal Le Télégramme, que se publica em Brest, são cada vez mais as universidades que manifestam o seu apoio solidário ao povo palestiniano. A lição a tirar destas manifestações é que há muita gente a querer a paz e que estão cada vez mais isolados os que querem a guerra ou, ainda, que os líderes cedem a interesses sectoriais e não respeitam a vontade dos cidadãos.
Lamentavelmente, há comentadores televisivos entre nós que ainda defendem que a proposta israelita de cessar-fogo “é generosa”, manifestando uma chocante indiferença perante a destruição e a morte que as hostes de Netanyahu têm causado na Faixa de Gaza.

quinta-feira, 2 de maio de 2024

O novo e moderno porta-aviões chinês

A edição de hoje do jornal China Daily destaca com uma eloquente fotografia, o início dos primeiros testes de mar do novo porta-aviões da Marinha do Exército Popular de Libertação da China, que está a ser construído em Xangai, desde há seis anos. Trata-se do Fujian, o terceiro porta-aviões chinês, que desloca 80 mil toneladas e que se junta ao Shandong de 66 mil toneladas e ao Liaoning de 60 mil toneladas.
Logo que entre ao serviço, só a Marinha americana terá porta-aviões maiores que o Fujian. De acordo com a notícia, o novo porta-aviões chinês dispõe de um sistema de catapulta electromagnética semelhante ao do USS Gerald Ford, o único porta-aviões que até agora dispunha desse sistema, o que lhe permitirá operar aviões maiores e com maior capacidade de transporte. Com este novo navio e com as tecnologias que terá disponíveis, a China melhora enormemente a capacidade da sua Marinha, o que parece ser uma preocupação para os Estados Unidos, pelo seu impacto no que respeita ao domínio do mar da China e, sobretudo, em relação à questão de Taiwan.
Porém, o crescimento da Marinha chinesa não é uma novidade, pois nesta altura já é a maior força naval do mundo com mais de 340 navios de guerra e com uma produção a “um ritmo frenético” de novos navios em estaleiros chineses. Relativamente aos porta-aviões, desde 1985 que a China decidiu estudá-los para que a sua indústria os pudesse projectar e construir, tendo para esse efeito comprado quatro porta-aviões que estavam fora de serviço, sendo um australiano (HMAS Melbourne) e três utilizados pela ex-União Soviética (Minsk, Kiev e Varyag).
E assim vai o mundo no que respeita ao rearmamento...

Submarino emergiu da calote polar ártica

A edição de hoje do jornal The New York Times apresenta com grande destaque uma reportagem do seu jornalista Kenny Holston, que embarcou num submarino de ataque com propulsão nuclear, “para ver como o Pentágono está a treinar para uma potencial guerra abaixo do mar congelado”. 
O jornalista embarcou no USS Hampton (SSN 767), uma unidade da classe Los Angeles, habitualmente estacionada na Base Naval de Point Loma, em San Diego. O navio navegou para a região polar e emergiu no gelo ártico duas vezes, no quadro da sua participação na Operação Ice Camp, uma operação anual de três semanas que testa a capacidade da frota submarina americana operar em ambiente hostil. O jornalista descreveu a navegação sob a calote de gelo polar, tendo verificado como é complexa, acontecendo por vezes que o submarino navega entre duas ameaças: a camada de gelo por cima e o fundo do mar por baixo. Segundo o comandante do navio “operamos o navio a 6 metros do fundo, com 12, 18 metros de gelo acima de nós, assim conseguindo evitar os picos de gelo, virados para baixo”.
Como acontece em qualquer submarino, o espaço é sempre muito escasso e a reportagem aborda esse problema, muito importante quando o submarino está submerso, bem como a comida limitada e a ausência de qualquer comunicação externa durante várias semanas.
O embarque do jornalista Kenny Holston no USS Hampton, insere-se numa campanha de divulgação das actividades da Marinha americana, pois esta missão do submarino está relatada em diferentes jornais.