sábado, 31 de agosto de 2024

Evocação do referendo de 1999 em Timor

Por diversas razões, incluindo as anomalias da descolonização portuguesa e a guerra civil timorense, no dia 28 de novembro de 1975 a Fretilin (Frente Revolucionária de Timor-Leste Independente) proclamou unilateralmente a independência daquele território que ocupa a parte oriental da ilha de Timor, mas essa declaração não foi reconhecida por Portugal, nem pelas Nações Unidas, nem pela comunidade internacional.
Por isso, no dia 7 de dezembro de 1975, quando as tropas portuguesas se limitavam a uma presença simbólica na pequena ilha de Ataúro, a vizinha e poderosa Indonésia invadiu a antiga colónia portuguesa da ilha de Timor que, de jure, ainda tinha soberania portuguesa, decretando a sua anexação. A repressão indonésia foi violenta e gerou uma resistência armada que lutou nas montanhas e criou dificuldades aos ocupantes. Estima-se que tenham morrido quase duzentos mil timorenses. Apesar de alguns países, como a Austrália e os Estados Unidos, terem aceite a ocupação indonésia, os sucessivos governos portugueses defenderam a causa timorense e mobilizaram a comunidade internacional para respeitar o direito do povo timorense a escolher o seu destino. Depois de um longo e complexo processo diplomático, o secretário-geral das Nações Unidas, Kofi Annan, conseguiu que os governos da Indonésia e de Portugal estabelecessem negociações e chegassem a um Acordo sobre a Questão de Timor-Leste, que previa a realização de um referendo, que veio a ser realizado no dia 30 de agosto de 1999. Foi há 25 anos e a generalidade dos mass media portugueses estiveram distraídos e não evocaram esse dia histórico, tanto para Portugal como para Timor-Leste. Uma das honrosas excepções foi o Et cetera, o suplemento semanal do Jornal Económico, cuja primeira página evoca a figura de Xanana Gusmão, ex-comandante da guerrilha timorense, ex-presidente eleito da República e actual primeiro-ministro de Timor-Leste.
Nesse dia 30 de agosto de 1999, sob a supervisão das Nações Unidas, houve 78,5% de timorenses que rejeitaram a proposta de autonomia especial de Timor-Leste, o que significava a independência e a separação da Indonésia.
A independência chegou no dia 20 de maio de 2002. Foi um dia memorável em Portugal. Quem se recorda desse dia?

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