terça-feira, 17 de setembro de 2024

Incêndios florestais: a tempestade perfeita

Vivemos uma situação climática muito angustiante em Portugal, que está sob uma “tempestade perfeita” em muitas regiões continentais, com temperaturas do ar acima dos 30 graus, humidade relativa do ar abaixo dos 30 por cento e ventos coma mais de 30 quilómetros por hora. Como destaca o jornal Público na sua edição de hoje, “em dois dias ardeu tanto como no resto do ano”. O presidente da Câmara Municipal de Aveiro, uma região muito afectada pelos incêndios, afirmou que “sobrevoei a Espanha e não vi um incêndio. Passei a fronteira e, só da janela do meu avião, vi sete”, o que nos deixa com demasiadas interrogações sobre o que se passa no nosso país, onde muita coisa se vem degradando rapidamente perante a passividade do Estado, dos seus dirigentes, dos seus servidores e da população em geral.
As condições meteorológicas são muito adversas e vão persistir durante alguns dias, com temperaturas elevadas e ventos fortes. Todos os anos, em maior ou menor escala, o problema repete-se com inúmeros incêndios, com populações ameaçadas e com milhares de hectares de floresta devorados pelas chamas. Todos os anos se conclui que se faz pouco pela prevenção, que é uma responsabilidade colectiva de que quase todos se demitem. Anuncia-se o envolvimento de meios aéreos e de milhares de bombeiros, enquanto as televisões mostram as imagens do fogo e do fumo e, sobretudo, anunciam “o número de operacionais envolvidos e o número de viaturas”, a mostrar que não é a eficiência do combate que mais interessa, mas antes a dimensão do negócio. Enquanto isto, as televisões dão cobertura a uma feira de vaidades dos que gostam de ser vistos – autarcas, bombeiros, especialistas encartados ou não, gente da protecção civil – muitos dos quais “falam, falam, mas não os vemos fazer nada”, como diria o RAP.
O quadro é muito preocupante, como se viu ontem com as declarações de um primeiro-ministro visivelmente preocupado.

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