sexta-feira, 14 de junho de 2024

A paz ainda será possível na Ucrânia?

Na pátria de Gutemberg é enorme a produção de jornais e revistas, embora o nosso desconhecimento da língua alemã torne muito difícil a interpretação das notícias, das reportagens ou dos comentários. Porém, mesmo sem conhecer a língua, a nossa atenção centrou-se na capa da edição de ontem da revista alemã Stern, que é publicada em Hamburgo e tem quase oito milhões de leitores (cerca de 11,5% da população alemã com 14 anos ou mais). A capa reproduz uma ilustração que mostra Zelensky e Putin a cumprimentarem-se sobre o símbolo da paz e do amor. Como era bom que em vez de uma ilustração fosse uma fotografia!
Com a ajuda dessa ferramenta extraordinária que é o Google, fiz a tradução. O título “Ist frieden noch möglich?” significa “A paz ainda é possível?”, enquanto o subtítulo diz que “A semana das negociações: como esta guerra poderia terminar sem o afundamento da Ucrânia".
Estas considerações aparecem no mesmo dia em que o G7 aprova “um pacote de 50 mil milhões de dólares para a Ucrânia” e em que Jens Stoltenberg “pede aos membros da NATO que reconsiderem os limites no envio de armas para a Ucrânia”. Há uma semana foi Macron, já chamado o petit Napoléon, que anunciou “a transferência para a Ucrânia de caças franceses Mirage 2000-5 e um programa de formação de soldados”. Há cerca de um mês, também Rishi Sunak anunciou “um pacote adicional de 500 milhões de libras para fornecer rapidamente munições, defesa antiaérea, drones e apoio de engenharia”.
Paralelamente, vários países prometeram aviões F-16, embora vão dizendo que “não podem ser usados para atacar território russo” e até aquele nosso promissor ministro chamado Nuno Melo já anunciou que “Portugal vai instruir militares ucranianos na utilização de carros de combate”. Ninguém fala em paz, apesar de todos os dias verem os horrores da guerra pela televisão. Só a revista Stern pergunta se a paz ainda é possível, mostrando que todo este belicismo é perigoso e que não é da vontade dos europeus, como se sabe pelo Eurobarómetro e se viu na França e na Alemanha nas recentes eleições europeias.

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