sábado, 4 de maio de 2019

EUA: a campanha eleitoral já começou

A edição do New York Post, um dos mais antigos jornais americanos, anuncia hoje que o desemprego nos Estados Unidos é de 3,6%, o que corresponde à mais baixa taxa de desemprego americano desde Dezembro de 1969. Além disso, é salientado que os salários estão a crescer e que, contrariamente ao que afirmam os Democratas, as classes médias e os pobres americanos não estão a perder poder de compra. O jornal reproduz em primeira página uma frase de Donald Trump em que, com a sua costumada fanfarronice, afirma que “nós somos a inveja do mundo”. Parece mesmo uma página de publicidade paga.
O New York Post é um jornal alinhado à direita, é considerado populista e apoiou a candidatura de Donald Trump nas eleições presidenciais de Novembro de 2016. Nessa altura o seu editor-chefe era Col Allan, um experiente jornalista e confesso admirador de Donald Trump, que foi premiado pela sua dedicação e foi trabalhar para junto do seu patrão e principal accionista do jornal, o australo-americano Rupert Murdoch, também ele amigo próximo do Donald.
Porém, porque os americanos estão a cerca de 18 meses das eleições presidenciais de 2020, Rupert Murdoch tratou de recolocar Col Allan como editor-chefe do jornal e é nessa lógica que a primeira página da edição de hoje já se parece com um anúncio de apoio à candidatura de Donald Trump, ou mesmo, com um indirecto apelo ao voto no actual presidente.
Portanto, os americanos já estão em campanha paras as eleições presidenciais de 3 de Novembro de 2020 e, segundo dizem algumas crónicas, para o Donald agora apenas contam essas eleições e não lhe interessam outros temas, como a Venezuela ou a Coreia, nem tão pouco Putin ou Kim Jong-un.

Pois que venham as eleições antecipadas

António Costa, o primeiro-ministro português, fez ontem uma importante declaração quando anunciou que, no caso de ser aprovada pela Assembleia da República uma lei que obriga à reposição das carreiras dos professores, o seu governo se demitiria. Depois de três anos e meio de indiscutível sucesso governativo – credibilidade externa, confiança interna, crescimento da economia e convergência com a Europa, redução do desemprego, da dívida pública e do défice orçamental – não se esperava o surgimento de qualquer crise.
Tudo parecia correr sem grandes problemas, a reboque do optimismo de António Costa, do dinamismo de Marcelo Rebelo de Sousa, da competência de Mário Centeno e do impulso do turismo. Até que ontem, os partidos da oposição, pela esquerda e pela direita, provavelmente a pensar no voto dos professores, resolveram votar favoravelmente uma lei que obriga o governo a repor as suas carreiras, o que representa uma cedência ao radicalismo dos sindicatos e um custo de muitos milhões de euros para o erário público e, naturalmente, para os contribuintes. A questão está, portanto, em saber se prevalecem os direitos dos professores e, depois, os de todos os outros grupos profissionais que foram afectados pela crise de 2008/2009, muitos dos quais perderam o emprego ou tiveram que emigrar, ou se prevalecem os direitos dos contribuintes e o equilíbrio das contas públicas.
Na minha família sempre houve muitos professores, mas não são os professores que estão em causa. O que está em causa é que em todas as economias, as necessidades são ilimitadas, mas os recursos são escassos e, por isso, não há recursos para satisfazer as mil e uma reivindicações, por mais justas que sejam, das corporações profissionais de professores, enfermeiros, oficiais de justiça, polícias, militares, juízes, técnicos de diagnóstico, bombeiros, guardas prisionais e tantas outras que o Estado suporta, só porque são alimentadas pelos activistas sindicais que se limitam a defender os seus interesses particulares e ignoram os interesses gerais. Ao governo compete gerir, de forma equilibrada, os interesses da sociedade que raramente são convergentes. É assim a política.
Andaram muito mal os partidos que se aliaram ao radicalismo sindical e que vão pagar por isso nas urnas. António Costa fez bem ao anunciar que se demitiria e, provavelmente, não aceitará outra coisa que não sejam eleições antecipadas, onde aparecerá como o homem do equilíbrio, da sensatez, do equilíbrio orçamental, da estabilidade financeira e das contas certas. Que as eleições venham depressa para clarificar tudo isto. Entretanto, em Belém houve tempo para saber do estado de saúde do  futebolista Iker Casillas, mas ainda não houve tempo para comentar esta situação.
Não é costume, mas até parece que MRS está embaraçado.