sábado, 6 de julho de 2024

J. Biden, D. Trump e o drama americano

O debate realizado no dia 27 de junho em Atlanta, em que se enfrentaram os candidatos presidenciais Joe Biden e Donald Trump, trouxe para o primeiro plano da política americana o problema da idade dos candidatos e até a sua saúde mental. O debate foi considerado um desastre e a generalidade da imprensa classificou Biden como senil e Trump como mentiroso. No campo democrata surgiu uma onda de pânico e as capacidades de Joe Biden para um novo mandato estão a ser postas em dúvida. Segundo divulgou o The New York Times, uma recente sondagem revela que como consequência do desempenho de Joe Biden no debate, o candidato Donald Trump ampliou a sua vantagem em seis pontos percentuais e Joe Biden passou a ser considerado “velho demais para o cargo” por 74% dos eleitores.
As dúvidas a respeito de Biden são crescentes em todos os grupos demográficos, geográficos e ideológicos, sobretudo no eleitorado democrata e nos independentes, havendo muita gente que lhe pede que renuncie à sua recandidatura.
Esta embaraçosa situação por que passa a corrida presidencial americana está a ser caricaturada por alguma imprensa internacional, como por exemplo pela revista Newsweek, cuja capa mostra um George Washington assustadoe pela revista The Economist, cuja capa mostra uma cadeira de rodas com os símbolos presidenciais. Porém, a ilustração escolhida como capa da revista alemã Stern trata do “drama americano”, refere “o velho e o mentiroso”, diz que “os Estados Unidos ainda podem ser salvos” e mostra Trump a engolir Joe Biden. Talvez seja a mais expressiva de todas essas capas.

O Reino Unido e a sua viragem política

As eleições realizadas no passado dia 4 de julho no Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte tiveram um resultado demolidor para o governo do Partido Conservador e deram a vitória ao Partido Trabalhista de Keir Starmer, que conquistou 412 dos 650 lugares do Parlamento (antes tinha 205), o que significa que conquistou a maioria absoluta.
Depois dos trabalhistas Tony Blair e Gordon Brown, a partir de 2010 o governo de Sua Majestade foi exercido pelos primeiros-ministros conservadores David Cameron, Theresa May, Boris Johnson, Liz Truss e Rishi Sunak. Foram 14 anos em que aconteceu o Brexit, o covid-19, vários escândalos políticos e a instabilidade global se acentuou nos serviços públicos, na economia, na segurança e na imigração. Os Conservadores foram fortemente penalizados e têm agora 121 deputados (antes tinham 344).
A terceira força política britânica são os Liberais Democratas que passaram a ter 71 deputados (antes tinham apenas 15). Como nota de curiosidade, regista-se a eleição à oitava tentativa de Nigel Farage, lider dos Reformistas de extrema-direita e considerado o pai do Brexit, que passaram a ter 4 deputados.
Os britânicos votaram na 4ª feira e na 6ª feira de manhã o rei Carlos III recebeu Keir Starmer no Palácio de Buckingham e convidou-o a formar governo. Aceite o convite, Starmer foi investido ao início da tarde e dirigiu-se depois para o número 10 de Downing Street, onde fez uma curta declaração a anunciar a necessidade de uma “renovação nacional” e da “devolução da política ao serviço público”, começando de imediato a trabalhar. Tudo rápido como deve ser.
Porém, a maior curiosidade da política britânica é a sua viragem à esquerda, quando na Europa e nos Estados Unidos parece estar em curso uma viragem para a direita.

O Euro 2024 terminou para Portugal

Ontem em Hamburgo estiveram frente a frente as selecções de Portugal e da França para disputar um lugar nas meias-finais do Euro 2024. Durante 120 minutos o jogo foi equilibrado, muito equilibrado, mas nenhuma das equipas marcou golo. Seguiu-se a lotaria dos penaltis, a mesma lotaria que nos permitira ultrapassar a Eslovénia. Tudo podia acontecer e nenhuma das equipas merecia perder.
João Félix acertou no poste, Diogo Costa não fez nenhum milagre, a França acertou nos cinco penaltis e Portugal, que estava entre os oito melhores, não passou ao grupo dos quatro melhores. C’est fini, como diz o título da edição de hoje do jornal O Jogo.
Um outro jornal desportivo português escreveu que houve falta de pontaria e que a selecção esteve “seis horas sem marcar”. É verdade. A equipa portuguesa marcou um golo à República Checa (Francisco Conceição) e dois golos à Turquia (Bernardo Silva e Bruno Fernandes), aproveitou dois auto-golos dos adversários, mas não marcou qualquer golo à Geórgia, nem à Eslovénia, nem à França.
O futebol é uma arte que deve ser representada por artistas de excelência, como são os jogadores portugueses, mas nessa representação artística não podem faltar os golos que são a parte mais emocionante do espectáculo. Muitas vezes, os jogadores portugueses parecem esquecer esse axioma e parecem satisfazer-se com a continuada e inconsequente troca da bola de uns para os outros. Os jogadores portugueses são habilidosos e experientes como poucos, são temidos pelos adversários, mas depois esquecem-se de rematar para fazer golo.
Como disse o seleccionador português Roberto Martinez, “o futebol pode ser cruel”. Desta vez foi mesmo cruel, pois uma equipa onde está a élite do futebol europeu, ficou pelo caminho porque, entre outros erros e adversidades, houve um João Félix que acertou no poste