sexta-feira, 19 de julho de 2024

Mais cinco anos para Ursula von der Leyen

Ursula von der Leyen, uma política alemã com 65 anos de idade, foi ontem reeleita presidente da Comissão Europeia com 401 votos a favor, 284 votos contra, 15 abstenções e sete votos nulos. Precisava de 360 votos mas superou essa fasquia por 41 votos, significando que teve mais votos do que tivera em 2019, o que pode ser interpretado como uma grande vitória e uma prova de confiança no trabalho realizado durante o seu anterior mandato. Porém, apesar do voto ser secreto, esta eleição é o resultado do acordo celebrado entre algumas famílias políticas para os chamados top jobs (Conselho Europeu, Parlamento Europeu e Comissão Europeia). De qualquer forma, Ursula von der Leyen foi a escolha dos eurodeputados, embora tivesse recebido um significativo número de votos contra.
Durante o seu mandato de 2019 a 2024, a União Europeia estagnou por efeitos diversos, desde o covid-19 até ao conflito na Ucrânia, com Ursula von der Leyen a secundarizar os problemas dos europeus, designadamente as alterações climáticas, as migrações, a energia, a habitação, a demografia, a pobreza, a independência científica, a capacidade tecnológica, as concorrências chinesa e americana, mais outros tantos problemas, enquanto demasiadas vezes, mostrou um espírito belicista contrário à lógica de paz e de cooperação que levou à criação da União Europeia, que é um projecto de paz e de progresso. Em vez de ser o motor do desenvolvimento e do bem-estar dos europeus, a sua acção esqueceu-os e ela nada se esforçou na busca de soluções para fazer a paz na Ucrânia, mostrando-se obcessiva no apoio militar a Zelensky e subserviente em relação às orientações americanas. Além disso, ao contrário do que se esperava, sempre apoiou os excessos cometidos por Israel, sem se demarcar da violência ou criticar a crueldade que está a ser praticada contra o povo palestiniano.
A senhora von der Leyen pensa mais em guerra do que em paz. As indústrias militares agradecem-lhe. Como vão longe os tempos de Jean Monnet, que acreditava que o projecto europeu iria impedir novos conflitos militares na Europa, ou de Jacques Delors, que foi o principal arquitecto da unidade, do progresso e da paz na União Europeia.