quinta-feira, 29 de agosto de 2024

O paradoxo dos negócios do armamento

Os negócios do armamento sempre foram muito lucrativos e a sua prosperidade depende das tensões internacionais e das guerras que delas derivam. 
Os aviões de combate são apenas um subconjunto nesse negócio e é sobre ele que trata a edição de hoje de La Tribune, um jornal económico e financeiro francês. A sua primeira página é dedicada ao avião de combate Dassault Rafale, construído pela Dassault Aviation, a propósito de uma possível nova encomenda de 12 unidades por parte da Sérvia que, dessa forma será, além da França, o oitavo país a escolher “os aviões de combate tricolores”.
No campo da aviação militar, tal como na área da aviação comercial, há uma enorme rivalidade entre construtores e, no caso dos aviões de combate, concorrem vários construtores europeus, designadamente com o Dassault Rafale (projecto da França), o Eurofighter Typhoon (projecto do Reino Unido, Alemanha, Itália e Espanha) e o Saab JAS 39 Gripen (projecto da Suécia). Neste negócio de muitos milhões, é caso para dizer “amigos, amigos… negócios à parte”.
O Dassault Rafale já equipa as forças aéreas da França, India, Egipto, Qatar, Croacia, Grécia, Emirados Árabes Unidos e Indonésia; o Eurofighter Typhoon foi adoptado pelas forças aéreas do Reino Unido, Alemanha, Itália e Espanha, mas também pela Áustria, Arábia Saudita, Omã, Qatar e Kuwait; o Saab JAS 39 Gripen equipa as forças aéreas da Suécia, África do Sul, República Checa, Hungria, Tailândia e Brasil.
Há, portanto, uma verdadeira disputa por este riquíssimo nicho de mercado e de poder, sendo que cada um destes aviões custa cerca de cem milhões de euros, dependendo o preço da configuração escolhida pelo comprador. Significa que éste negócio se fundamenta num paradoxo terrível, pois é preciso que haja guerras, ou a ameaça de as haver, para alimentar a prosperidade ou a sobrevivência dos negócios do armamento.