quinta-feira, 20 de junho de 2024

Felipe VI e os seus dez anos de reinado

No dia 19 de junho de 2014 o parlamento espanhol proclamou Felipe VI como Rei de Espanha, depois do seu pai Juan Carlos I ter abdicado, num momento em que o então chefe de Estado estava envolvido em polémicas relacionadas com a sua vida íntima e comportamentos pessoais considerados pouco éticos, a que se somaram suspeitas de corrupção que afectavam também outros membros da família real. Felipe VI tinha então 46 anos de idade e, desde então, tem procurado regenerar a imagem da Monarquia, através de medidas concretas de que se destaca a rejeição da herança material do seu pai e o corte com abusos que aconteciam até na sua própria família.
De acordo com a Constituição de 1978, a Espanha é constituída por 17 comunidades autónomas e duas cidades autónomas, dotadas de autonomia legislativa e executiva e, no seu artigo 2º, reconhece e garante “o direito à autonomia das nacionalidades e regiões que compõem o Estado”, dentro da “indissolúvel unidade da Nação espanhola, pátria comum de todos os espanhóis”. Desta forma, a Espanha tem o espanhol como língua oficial, mas tem quatro línguas co-oficiais, que são faladas em seis das 17 comunidades: galego, basco, catalão e aranés. Significa que, perante um quadro tão diverso, o Rei é o símbolo maior de unidade nacional.
Ontem assinalaram-se dez anos de reinado de Felipe VI, com muitas cerimónias e celebrações, parecendo ter havido uma grande unanimidade em torno da sua “ejemplaridad, lealtad y transparencia”, como mostram as primeiras páginas dos principais jornais espanhóis, como por exemplo o Heraldo de Aragón. Porém, a vida política de Felipe VI não tem sido fácil, porque embora tenha havido apenas dois primeiros-ministros durante o seu reinado, respectivamente Mariano Rajoy (PP) e Pedro Sánchez (PSOE), tem-lhe cabido manter um papel de equilíbrio na crise resultante das reivindicações independentistas da Catalunha e na gestão de todas as assimetrias regionais do Reino de Espanha. 
No entanto, o que todos os portugueses desejam é que a Espanha se conserve estável, próspera, pacífica e, sobretudo, seja um bom vizinho.

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