domingo, 25 de agosto de 2024

A História é uma moeda com duas faces

A revista francesa L’Express foi criada em 1953 e entre os seus fundadores estava o famoso jornalista Jean-Jacques Servan-Schreiber que, pelo seu prestígio, tornou aquela revista num sucesso da comunicação social francesa e europeia, tendo inspirado muitos projectos jornalísticos em vários países que, por vezes, até o seu nome copiaram. Ao longo da sua vida o L’Express passou por diferentes proprietários, modelos de gestão e orientações editoriais situadas no campo da esquerda democrática, mas a partir de 1980 a sua orientação tem-se situado claramente à direita e, como se vê na última edição, assume características panfletárias. 
A revista entrou pelos caminhos da História e escolheu como capa da sua última edição, uma galeria dedicada a cinco tiranos encartados – Josef Stalin, Mao Tsé-Tung, Fidel de Castro, Pol Pot e Nicolas Maduro – classificando-os como “dictateurs qui ont tant fasciné la gauche”, com a curiosidade de incluir essa figura exótica e caricata que é Nicolas Maduro. Não sei se estes indivíduos fascinaram a esquerda, ou que sector das muitas esquerdas que existem, mas a História regista que estes homens aterrorizaram muitos outros homens, que foram tiranos e despóticos, que perseguiram, torturaram e mandaram matar muitos dos seus adversários, sem qualquer observância dos princípios que vieram a ser classificados como direitos humanos.
Porém, essa galeria é enganadora sob o ponto de vista histórico. O bem e o mal existem tanto à esquerda como à direita. Daí que nessa galeria poderiam ser incluídos muitos outros tiranos e tiranetes da nossa História recente, como Adolfo Hitler, Benito Mussolini, Francisco Franco, Augusto Pinochet e Benjamin Netanyahu que, como sabemos, também fascinam muita gente.
A História é como uma moeda e tem sempre duas faces. Não há meias Histórias como aquela que o L'Express nos quer contar.

1 comentário:

  1. Era bom que conseguissemos livrarmo-nos destes figurões, duns e doutros, ou melhos, evitar que aparececem, mas isso tem sido impossível. Eles acabam por consguir convencer multidões a segui-los, quais ímans fortíssimos, só reconhecendo a populaça o mal quando já é tarde.
    Mal comparado, é como no futebol, conseguir que um amante desta modalidade não se veja inclinado para um qualquer clube, principalmente dos grandes.

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