domingo, 24 de julho de 2011

Até na máquina fiscal há corrupção

Na sua edição de hoje, o Correio da Manhã trata de uma importante faceta da corrupção – a corrupção na máquina fiscal.
Há cerca de um mês, um ex-autarca do Porto denunciou na televisão e nos jornais, que o Parlamento tem sido o "centro de corrupção" em Portugal, mais parecendo "um verdadeiro escritório de representações, com membros da comissão de obras públicas que trabalham para construtores e da comissão de saúde que trabalham para laboratórios médicos”.
Perspectiva diversa tem um estudo promovido em 2010 pela Procuradoria-Geral da República, que conclui que quase 90% da corrupção em Portugal envolve os órgãos de poder local, sobretudo as câmaras e as empresas municipais.
Estas apreciações têm por base a corrupção como conceito jurídico.
Porém, a corrupção também é um conceito social e é com ele que nos confrontamos diariamente em Portugal. Assume inúmeras formas e vai desde a pequena cunha, do jeitinho e do tráfico de influências, até ao suborno, ao grande negócio e ao enriquecimento ilícito.
O Correio da Manhã revela-nos que até na máquina fiscal há corrupção, que vale milhões, na linha do que há dias afirmara a directora do DCIAP, ao dizer que a fraude fiscal em Portugal é assustadora. As práticas corruptas que o jornal denuncia resultam do facto de haver trabalhadores dos impostos que colaboram com escritórios de contabilidade, com escritórios de advogados e com empresas, sem respeito pelo seu código de conduta e sem que nada lhes aconteça.
Há que combater exemplarmente essas práticas que não podem ficar impunes. A corrupção em Portugal não é apenas um problema jurídico porque é, também, um problema de cultura cívica, que urge combater, tal como se fez com o analfabetismo ou com o tabagismo.

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