domingo, 12 de novembro de 2017

Catalunha: a luta soberanista continua

Realizou-se ontem em Barcelona uma gigantesca manifestação a exigir a libertação dos chamados “presos políticos”, isto é, a dezena de pessoas ligadas ao governo regional da Catalunha que a Justiça espanhola constituiu como arguidos e mandou para a prisão com a acusação de sedição, rebelião e desvio de fundos, na sequência das trapalhadas que foram o acto referendário de 1 de Outubro e a declaração unilateral de independência (DUI).
A realização desta grande manifestação onde foi cantada a “Grândola vila morena”, mostra que o independentismo não está derrotado e que já se está a mobilizar para as eleições de 21 de Dezembro e para as lutas que virão no futuro, provavelmente sem Puigdemonts, Junqueras, Forcadells e outros líderes que terão traído a causa catalã. É curioso que enquanto os jornais da Catalunha, caso do ara mas não só, publicaram com grande destaque as fotografias dessa manifestação, a generalidade da imprensa espanhola ignorou-a. Significa, portanto, que a imprensa está alinhada com os unionistas ou com os independentistas e que, para sabermos a verdade, teremos que ler os jornais afectos às duas partes. É enorme a quantidade de mensagens que estão a ser passadas para o público, umas verdadeiras e outras não verdadeiras, com o objectivo evidente de manipular o eleitorado. Hoje, por exemplo, o prestigiado El País invoca uma sondagem para dizer que “a maioria dos catalães apoia a realização de eleições” e que “dois de cada três habitantes da Catalunha consideram agora impossível a secessão”.
Por tudo isto, o imbróglio catalão tem que continuar a ser acompanhado por quem deseje que seja encontrada a melhor solução que, naturalmente, não passa por aventureirismos.

A nascente do rio Douro secou

O Jornal de Notícias apresenta hoje uma reportagem de grande qualidade jornalística assinada por Eduardo Pinto, intitulada “A nascente do rio Douro secou”.
Essa reportagem é ilustrada com excelentes fotografias e como por vezes uma imagem vale mais do que mil palavras, neste caso o resultado é esclarecedor quanto ao que se está a passar.
Eduardo Pinto foi aos picos de Urbión onde o rio Douro nasce a 2.160 metros de altitude, falou com algumas pessoas de Duruelo de la Sierra e viu que o rio já é pouco mais do que um fio de água, devido à falta de chuva e à seca extrema que afecta toda a Península Ibérica. Ouviu os mais velhos dizer que nunca tinham visto uma seca tão grave, que os pastos faltam e que os rebanhos estão ameaçados. Depois, o jornalista seguiu o curso dos 897 quilómetros do rio até ao Porto.
A primeira represa do rio é o Embalse de la Cuerda del Pozo, que fica a 20 quilómetros da nascente e que apenas mostra um fio de água. A ponte romana que ficou submersa aquando da construção da barragem tem, literalmente, a água a passar-lhe outra vez por baixo. É uma imagem impressionante! A caminho de Aranda del Duero, na província de Burgos, vê-se que o rio Douro leva água, mas corre devagar e apresenta-se turvo. Depois a paisagem volta a mudar. Entra-se na zona de Valladolid e na Ribeira del Duero, onde se produzem alguns dos melhores vinhos de Espanha. Chega-se depois a Zamora e o panorama continua a ser desolador. Após passar Zamora e antes de chegar a Portugal há o Embalse de Ricobayo, um dos mais impressionantes da Europa e que nesta altura está com menos de 15% da sua capacidade de água.
A situação do rio Douro impressiona. Em Espanha, tal como em Portugal, a seca é a grande ameaça do momento e as previsões dos técnicos da meteorologia para os próximos tempos não são nada animadoras.