Realizou-se ontem
em Barcelona uma gigantesca manifestação a exigir a libertação dos chamados
“presos políticos”, isto é, a dezena de pessoas ligadas ao governo regional da
Catalunha que a Justiça espanhola constituiu como arguidos e mandou para a
prisão com a acusação de sedição, rebelião e desvio de fundos, na sequência das
trapalhadas que foram o acto referendário de 1 de Outubro e a declaração
unilateral de independência (DUI).
A realização
desta grande manifestação onde foi cantada a “Grândola vila morena”, mostra que
o independentismo não está derrotado e que já se está a mobilizar para as
eleições de 21 de Dezembro e para as lutas que virão no futuro, provavelmente
sem Puigdemonts, Junqueras, Forcadells e outros líderes que terão traído a
causa catalã. É curioso que enquanto os jornais da Catalunha, caso do ara
mas não só, publicaram com grande destaque as fotografias dessa manifestação, a
generalidade da imprensa espanhola ignorou-a. Significa, portanto, que a
imprensa está alinhada com os unionistas ou com os independentistas e que, para
sabermos a verdade, teremos que ler os jornais afectos às duas partes. É enorme a quantidade de
mensagens que estão a ser passadas para o público, umas verdadeiras e outras não
verdadeiras, com o objectivo evidente de manipular o eleitorado. Hoje, por
exemplo, o prestigiado El País invoca
uma sondagem para dizer que “a maioria dos catalães apoia a realização de eleições”
e que “dois de cada três habitantes da Catalunha consideram agora impossível a
secessão”.
Por tudo isto, o
imbróglio catalão tem que continuar a ser acompanhado por quem deseje que seja
encontrada a melhor solução que, naturalmente, não passa por aventureirismos.