terça-feira, 25 de setembro de 2012

Os doutores-ministros que nos governam

Tanto quanto sei, o actual governo de 11 ministros tem dois doutores. São doutores-ministros que vieram de fora – um de Bruxelas e outro de Vancouver. Seguramente são competentes em Estatística, Econometria, Microeconomia, Finanças Públicas, Planeamento Económico e outras matérias curriculares. O seu percurso académico ou profissional será modelar, sem vírus do tipo relvas. Vieram com a sua sabedoria, para ajudar o país a sair da situação desregulada que se criou e acentuou, é bom salientá-lo, desde a nossa entrada na Comunidade Económica Europeia e do deslumbramento novo-riquista que o cavaquismo nos trouxe.
Porém, ao fim de 15 meses de actividade, nem os nossos dois doutores-ministros, nem os seus dez Secretários de Estado, conseguiram controlar as contas públicas nem o seu principal problema que é o excesso de despesa, nem melhorar a competitividade da economia, nem travar o desemprego, nem mobilizar novos investimentos. Limitaram-se a atacar quem trabalha. Erraram no diagnóstico. Erraram nas previsões. Os seus “modelos económicos” não resultaram e o panorama está a agravar-se com a brutal queda do consumo que arruína a receita fiscal, com a subida do desemprego que delapida a Segurança Social e com a ameaça de ruptura social. Esses doutores-ministros falharam. Ainda não perceberam a diferença entre o que está nos livros e a realidade da nossa economia, do nosso Estado e da nossa sociedade. Não estudaram na mais antiga escola de economia que existe em Portugal - o Instituto Superior de Economia e Gestão. Se lá tivessem estudado conheceriam a frase de Bento de Jesus Caraça que está afixada à entrada: “Se não receio o erro, é porque estou sempre disposto a emendá-lo”. Seriam mais humildes e emendariam os seus erros ou, então, regressavam imediatamente aos seus lugares de origem com um valente "chumbo por teimosia e incompetência".