Invocando razões
de precaução, aconteceu que 21 dos 27 estados-membros da União Europeia
suspenderam a utilização da vacina AstraZeneca. Houve um alarme geral até que a
OMS (Organização Mundial de Saúde) e a EMA (European Medicines Agency) vieram
serenar os espíritos mais exaltados e declarar que a vacina do consórcio
anglo-sueco era safe and effective,
isto é, a vacina da AstraZaneca recebeu o sim das autoridades sanitárias. O que
se passou começou a ser explicado e parece não ser mais do que um episódio da
guerra entre as multinacionais farmacêuticas, de que resultaram desconfianças,
tomada de precauções, redução da velocidade de vacinação e atrasos na
imunização dos europeus.
Apesar da União
Europeia ser um dos espaços que tem mais gente vacinada, temos assistido nos
dois últimos dias a uma acusação contra as autoridades europeias e, em
particular, contra Ursula von der Leyden, porque não terão sabido negociar as
suas necessidades com a indústria farmacêutica. Porém, quando se esperava que
um jornalismo sério contribuísse para devolver a confiança às populações, o que
temos visto é uma repetida suspeita de tipo inquisitorial para arranjar culpados
pela suspensão da AstraZeneca e pelos atrasos que sofreram os planos de vacinação.
Mesmo quando esse tipo de jornalismo surge embrulhado em títulos de referência,
os seus agentes não passam de figurões que preferem o sensacionalismo à verdade e ignoram os seus deveres de informar. Eles e elas não querem informar nem esclarecer, mas apenas visam enterrar alguém na praça pública. Infelizmente o nosso panorama
mediático está cheio de gente dessa.