Há cerca de dois anos um investigador da Faculdade de Economia do Porto realizou um estudo sobre as viagens organizadas pela Presidência da República e pela Presidência do Conselho de Ministros, que se baseou num inquérito e em entrevistas aos empresários convidados para integrarem as comitivas presidenciais. Esse estudo pretendia avaliar os resultados empresariais dessas viagens, mas concluia que os empresários convidados não aproveitavam para desenvolver negócios com empresários locais, mas tão somente com outros empresários da comitiva, defendendo que, tanto os empresários como o Estado, deviam repensar o modelo de participação nessas viagens presidenciais.
Todos os anos são realizadas algumas dezenas dessas viagens, por vezes com alargadas e muito dispendiosas comitivas, sem termos informação sobre a sua composição nem sobre os seus resultados empresariais. Tornaram-se rotineiras. Sem qualquer interesse para o Estado. Os próprios jornalistas convidados para integrar essas comitivas limitam-se a recolher declarações e não tratam dos resultados empresariais. Fazem uma cobertura mediática mínima e de encomenda. Nessas circunstâncias, a opinião pública desconfia do interesse de muitas dessas viagens e toma-as como um gasto desnecessário, supérfluo ou, até, um luxo de Estado.
Actualmente o Presidente da República encontra-se em visita oficial à Finlândia e na sua comitiva lá estão os habituais empresários, sem sabermos o número total de pessoas da comitiva. Entretanto, na agenda presidencial parece estar a promoção do investimento finlandês em Portugal, mas quando se começa por sugerir esse investimento à Nokia, que na véspera despedira 4 mil pessoas, ficamos na maior das perplexidades.
De facto, não consigo ver qualquer interesse nestas viagens presidenciais.