A comunicação social tem dado grande destaque à acusação formal contra Donald
Trump, o ex-presidente dos Estados Unidos, pela prática de 37 crimes
relacionados com os documentos confidenciais que, depois de ter deixado a
Casa Branca, levou para a sua residência de Mar-a-Lago, na Florida. Ontem, o
jornal New York Post assumiu posições em defesa de Trump e tratou de
perguntar “what about the Bidens?”, referindo-se a Hunder Biden, o filho do
presidente Joe Biden, contra o qual há suspeitas de ser viciado em drogas e ter
desenvolvido negócios ilegais na Ucrânia e na China. Independentemente destes
casos que os jornais divulgam, que podem configurar ameaças à segurança
nacional dos Estados Unidos, estas notícias relacionam-se com a luta política
entre Democratas e Republicanos e com as próximas eleições presidenciais, nas
quais há fortes probabilidades de Biden e Trump se reencontrarem depois da sua
disputa eleitoral de 2020. Porém, estes casos de luta política levada ao mais
alto plano nacional sempre acontecem nos países democráticos, onde "vale tudo" para derrotar os adversários políticos, parecendo que nos anos mais recentes essa lógica se
tem acentuado.
São muitos os
exemplos que nos chegam, mas destaquemos apenas alguns que nos estão mais
próximos, casos do Brasil, da França e da Escócia. No Brasil aconteceu em 2019 a
prisão durante 580 dias do ex-presidente Lula da Silva e, agora, estão sob
investigação alguns comportamentos políticos de Jair Bolsonaro, incluindo os
crimes de terrorismo, associação criminosa, golpe de estado e abolição violenta
do estado de direito democrático. Em França, foi o antigo presidente Nicolas
Sarkozy que foi condenado a três anos de prisão, por corrupção e tráfico de
influências. Na República Checa o ex-primeiro-ministro Petr Necas foi condenado a dois anos e meio de prisão por corrupção. Da Escócia chega-nos a notícia que a ex-primeira-ministra Nicole
Sturgeon esteve detida durante algumas horas a fim de ser interrogada numa
investigação sobre o financiamento do SNP, o seu partido. Todos estes casos são
diferentes, mas cada um deles mostra como os tempos têm mudado em relação às lutas
políticas, bem como à percepção que as comunidades - moldadas mediaticamente - têm
dos seus políticos, das suas actividades e dos seus comportamentos.