segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

Barcelona: um jantar para o diálogo?

Começa hoje em Barcelona o Mobile World Congress (MWC), a primeira grande feira de tecnologia da temporada e o palco de lançamento de alguns dos mais aguardados smartphones do ano, apresentados pela Samsung, Huawei, LG, Nokia, Sony e outros fabricantes. Da mesma forma, estarão no evento as maiores operadoras telefónicas mundiais, como sucede com a Orange, a Vodafone e a Telefónica, entre outras.
O MWC2018 espera receber 108 mil visitantes provenientes de cerca de duas centenas de países e prevê-se um impacto económico de 471 milhões de euros, pois os hotéis e os restaurantes vão estar cheios e já foram criados 13 mil postos de trabalho temporários. É um evento de grande importância nacional e para a economia e a reputação da cidade de Barcelona. Por isso, o rei Filipe VI decidiu visitar a MWC2018 e dar-lhe o seu apoio institucional, para além de se mostrar aos participantes.
Os tempos não estão nada fáceis para o poder de Madrid e para o símbolo da unidade da Espanha que é o Rei, mas Filipe VI não hesitou e foi a Barcelona, provavelmente porque sentiu ser esse o seu dever. Os principais poderes locais – Parlamento da Catalunha e Alcaldesa de Barcelona – não o receberam na entrada da feira, o que foi um acto descortês e de grande hostilidade política, mas que parece não ter impressionado o Rei.
Porém, havia o jantar em honra dos participantes na MWC2018 e todos perceberam que o boicote ao Rei punha em risco a continuidade da MWC em Barcelona, que acontece desde 2006. Então, aconteceu o insólito: o Rei Filipe VI, a vice-presidente do governo central Soraya Sanchez de Santamaria, o presidente do Parlamento catalão Roger Torrent e a alcaldesa de Barcelona Ada Colau sentaram-se na mesma mesa. Era a realpolitiks a funcionar. Não sei se conversaram, mas todos os grandes jornais espanhóis publicaram a fotografia dessa mesa. Oxalá que esse jantar e essa fotografia possam ser uma porta aberta para o diálogo que é tão necessário na Catalunha.

Pyeongchang 2018 foi uma grande festa

Terminaram os Jogos Olímpicos de Inverno e todos os participantes merecem felicitações, embora no aspecto desportivo uns mereçam mais do que outros. É o caso de Marit Bjørgen, uma esquiadora norueguesa de Trondheim que, aos 37 anos de idade, se tornou na atleta que mais medalhas olímpicas conquistou nos Jogos de Inverno: uma medalha em Salt Lake City 2002, uma medalha em Turim 2006, cinco medalhas em Vancouver 2010, três medalhas em Sochi 2014 e, agora, cinco medalhas em Pyeongchang 2018. Exactamente 15 medalhas, das quais 8 de ouro! É obra.
A Noruega foi a grande vencedora desportiva em Pyeongchang ao conquistar 39 medalhas, o que se tornou num novo record. No ranking das medalhas olímpicas aparecem 28 países e, depois da Noruega, está a Alemanha com 31 medalhas, o Canadá com 29, os Estados Unidos com 23 e, com grande surpresa, a Holanda com 20 medalhas.
De facto, surpreende como os atletas de um país sem montanhas alpinas e sem neve nem gelo, conseguem ganhar vinte medalhas olímpicas e classificar-se em 5º lugar numa hipotética “classificação geral das nações”. O jornal De Telegraaf, o maior diário holandês com uma circulação média diária de 800 mil exemplares, na sua edição de hoje homenageou os olympische helden (heróis olímpicos, segundo o nosso amigo Google).
Para além dos aspectos desportivos, os Jogos de Pyeongchang tiveram um outro grande vencedor que foi a Coreia do Sul, não só pela qualidade da sua organização mas, sobretudo, pela possibilidade que abriu ao diálogo com a Coreia do Norte, que o mesmo é dizer, a um entendimento que conduza à paz na península coreana e ao desanuviamento internacional na Ásia Oriental.
Nesse aspecto simbólico, ainda se está para perceber por que razão os Estados Unidos se fizeram representar na cerimónia de encerramento por Ivanka Trump, como se fosse a princesa herdeira de Donald I. Seguem-se os Jogos Olímpicos de Inverno em Pequim 2022.