Começa hoje em
Barcelona o Mobile World Congress (MWC), a primeira
grande feira de tecnologia da temporada e o palco de lançamento de alguns dos mais aguardados smartphones do ano,
apresentados pela Samsung, Huawei, LG, Nokia, Sony e outros fabricantes. Da
mesma forma, estarão no evento as maiores operadoras telefónicas mundiais,
como sucede com a Orange, a Vodafone e a Telefónica, entre outras.
O MWC2018
espera receber 108 mil visitantes provenientes de cerca de duas centenas de
países e prevê-se um impacto económico de 471 milhões de euros, pois os hotéis
e os restaurantes vão estar cheios e já foram criados 13 mil postos de trabalho
temporários. É um evento de grande importância nacional e para a economia e a reputação da
cidade de Barcelona. Por isso, o rei Filipe VI decidiu visitar a MWC2018 e
dar-lhe o seu apoio institucional, para além de se mostrar aos participantes.
Os tempos não
estão nada fáceis para o poder de Madrid e para o símbolo da unidade da Espanha
que é o Rei, mas Filipe VI não hesitou e foi a Barcelona, provavelmente porque sentiu ser esse o seu dever. Os principais poderes
locais – Parlamento da Catalunha e Alcaldesa de Barcelona – não o receberam na
entrada da feira, o que foi um acto descortês e de grande hostilidade política,
mas que parece não ter impressionado o Rei.
Porém, havia o jantar em honra dos
participantes na MWC2018 e todos perceberam que o boicote ao Rei punha em risco a
continuidade da MWC em Barcelona, que acontece desde 2006. Então, aconteceu o
insólito: o Rei Filipe VI, a vice-presidente do governo central Soraya Sanchez
de Santamaria, o presidente do Parlamento catalão Roger Torrent e a alcaldesa
de Barcelona Ada Colau sentaram-se na mesma mesa. Era a realpolitiks a funcionar. Não sei se conversaram, mas todos os grandes jornais
espanhóis publicaram a fotografia dessa mesa. Oxalá que esse jantar e essa
fotografia possam ser uma porta aberta para o diálogo que é tão necessário na Catalunha.