segunda-feira, 20 de fevereiro de 2023

Um ano de guerra na Ucrânia (I)

Quando se perfaz um ano sobre o início da invasão russa da Ucrânia a que Vladimir Putin chamou “operação militar especial”, são inúmeras as edições especiais impressas e televisivas dedicadas â passagem de “um ano de guerra”, com análises da situação, operações militares, armamentos em confronto, avanços e recuos, sucessos e insucessos das partes. Há muita destruição, muita propaganda e, lamentavelmente, há poucos apelos para que as armas se calem e se encontre a paz. As narrativas e as opiniões sobre o conflito são as mais diversas, sendo muito interessante analisar algumas sondagens nacionais e, sobretudo, os inquéritos de opinião realizados regularmente em nome da Comissão Europeia. 
Assim, os resultados do inquérito realizado entre 12 de Outubro e 7 de Novembro de 2022 que envolveu entrevistas presenciais a 26.443 cidadãos dos 27 estados-membros e deu origem ao Eurobarómetro de Outono de 2022 do Parlamento Europeu, foi publicado em Janeiro. Relativamente à invasão russa da Ucrânia há uma larga maioria de 74% de cidadãos europeus que aprovam o apoio da União Europeia à Ucrânia, com 33% a aprovar fortemente, 41% a aprovar moderadamente, mas com 16% a desaprovar moderadamente e 17% a desaprovar fortemente.
Apesar de Portugal ser o país da União Europeia situado mais longe da frente de batalha, há 92% de portugueses que concordam com o apoio financeiro, militar e humanitário que a União Europeia tem dado à Ucrânia, o que o coloca como um dos países mais favoráveis a esse apoio, só superado pela Suécia (97%), pela Finlândia (95%) e pelos Países Baixos (93%), enquanto do lado dos menos entusiastas com esse apoio, se encontram a Bulgária e a Grécia (48%), a Eslováquia (49%), o Chipre (53%) e a Hungria (59%). É bem curiosa esta quase unanimidade portuguesa, numa Europa onde nem todos pensam da mesma maneira e onde há posições bem diferentes. Enquanto Mateusz Morawiecki, o primeiro-ministro polaco, diz que o mundo precisa de uma “desputinização”, porque Putin “é mais perigoso que Hitler e Estaline” e que “a Rússia não vai parar em Kiev”, já Viktor Orbán, o primeiro-ministro húngaro, afirma que a Europa se envolveu indirectamente no conflito ucraniano ao enviar armas, ajudas e dinheiro para Kiev, ao mesmo tempo que acusa a União Europeia e a NATO de serem a favor da guerra e defende que a paz deve ser negociada entre Moscovo e Washington. 
O facto é que não se vislumbra a forma de apagar este incêndio que arrasa a Ucrânia e que ameaça o mundo.