sexta-feira, 24 de abril de 2020

A falta de sensatez de um líder sindical

O Orçamento do Estado para 2020 foi aprovado pela Assembleia da República no dia 6 de Fevereiro e foi promulgado pelo Presidente da República no dia 23 de Março, devendo entrar em vigor no dia 1 de Abril.
O Orçamento do Estado é o principal instrumento de política económica e a sua apresentação, discussão e votação são alguns dos mais relevantes momentos da vida política. Neste orçamento, para além da passagem de déficite para superávite das contas públicas, de se continuar pelo quinto ano consecutivo o processo de convergência europeia e de se reduzir o peso da dívida pública no PIB até aos 116%, havia o compromisso de melhorar o rendimento real, pelo terceiro ano consecutivo, da grande maioria dos pensionistas e retomar a normalidade dos aumentos salariais anuais na Administração Pública, coisa que não acontecia há uma dezena de anos. Ainda o Orçamento não estava promulgado e já as circunstâncias se tinham alterado completamente, o que vai obrigar a que seja feito um orçamento rectificativo porque, como se tem dito, esta é uma crise que não se sabe até onde vai durar e que não tem precedentes na história económica deste século. É um caso muito sério!
O Orçamento para 2020 prevê um aumento de 0,3% para todos os trabalhadores da Administração Pública, em linha com a inflação de 2019, embora com um aumento maior para os salários mais baixos. Porém, aconteceu que no dia 21 de Abril se soube que os profissionais da saúde não iriam receber os seus aumentos no corrente mês, tendo o Ministério da Saúde comunicado que isso acontecera por dificuldades informáticas, mas que em Maio tudo seria regularizado com retroactivos. Então não é que o líder da UGT veio dizer que isto é uma estupidez? O homem estará no seu pleno juízo? Onde é que está a estupidez? Em vez de se preocupar com a crise geral da economia e do emprego que se avizinha, ou com os trabalhadores que estão em lay-off e com redução dos seus salários, ou até de aceitar que esses aumentos fiquem congelados, este homem de Neandertal saíu das cavernas e veio classificar de estupidez uma inoperância dos serviços de um ministério que tem sobre a cabeça uma responsabilidade inimaginável. Se isto é ser líder sindical…