quinta-feira, 16 de novembro de 2023

O aperto de mão que o mundo esperava

Os presidentes dos Estados Unidos e da China, ou os senhores Joe Biden e Xi Jinping, encontraram-se frente a frente numa cimeira bilateral em São Francisco, na Califórnia, no âmbito do fórum de Cooperação Económica Ásia-Pacífico (APEC). 
Como foi noticiado pela imprensa “foi o aperto de mão que o mundo esperava”. 
Segundo foi divulgado pelo The Washington Post e pela imprensa americana, o encontro decorreu durante mais de quatro horas, tendo sido tratados os problemas económicos e comerciais pendentes entre os dois países e discutidas várias questões diplomáticas que preocupam o mundo, como as guerras na Ucrânia e em Gaza e, naturalmente, a questão de Taiwan, que a China pretende integrar pacificamente no seu território através de um processo de reunificação, mas que continua a não ter o apoio americano. Porém, mais importante do que os assuntos que possam ter sido discutidos, a retoma do diálogo entre os dois líderes foi o melhor resultado desta cimeira que o mundo tanto esperava, pois pode travar as escaladas belicistas que por vezes afectam as suas relações, mas também pode ser um contributo para atenuar as actuais tensões internacionais. No fim, realizou-se uma conferência de imprensa em que Joe Biden considerou as conversas havidas como “algumas das discussões mais construtivas e produtivas” que já tivera com Xi Jinping, acrescentando que “o que estamos a tentar fazer é mudar a relação para uma fase melhor”. No entanto, o ambiente de grande cordialidade que caracterizou o encontro entre os dois líderes, não escondeu a enorme competição que travam em todos os domínios e até parece ter sido afectado por algumas declarações finais de Joe Biden, consideradas agressivas pelos chineses, mas que teriam sido utilizadas para servirem na campanha eleitoral americana, o que levou as autoridades chinesas a considerá-las irresponsáveis e inamistosas, ou seja, na cimeira nem tudo aconteceu como parece, apesar de ter acontecido “o aperto de mão que o mundo esperava”.

O rei Carlos III e a nova moeda do Canadá

No passado dias 14 de Novembro o rei Carlos III da Inglaterra celebrou o seu 75º aniversário e a Royal Canadian Mint apresentou em Winnipeg, as novas moedas do sistema monetário canadiano que serão postas em circulação a partir de Dezembro, em que se destaca a efígie de Carlos III.
Formalmente, Carlos III é o rei ou chefe de Estado do Canadá, tal como acontece nos quinze reinos da Comunidade das Nações (Commonwealth of Nations), onde se incluem também a Austrália e a Nova Zelândia. Esta comunidade faz parte da Commonwealth propriamente dita, que é uma organização intergovernamental de 56 estados independentes, sem especial ligação ao rei da Inglaterra, pois até inclui 33 repúblicas.
Portanto, as novas moedas e notas canadianas terão a efígie de Carlos III e substituirão as peças monetárias que circulam desde 1953 com a efígie da rainha Isabel II. O desenho da efigie de Carlos III foi criado pelo artista canadiano Steven Rosati, tendo sido escolhido de entre 350 propostas que se candidararam e que foi aprovado pelo palácio de Buckingham.
A edição de ontem de Le Journal de Montréal, critica subtilmente a decisão de escolher a figura de Carlos III, tal como o Bloc Québécois, um partido nacionalista que defende a independência da província do Quebec, pois “o governo de Trudeau não respeitou a opinião pública” e, em vez de “homenagear aqueles que lutaram pela democracia e contribuíram para a história do país, optaram por promover a monarquia em vez da democracia”. Por caminho diferente andou a Austrália que, sendo uma monarquia da Commonwealth of Nations e ter Carlos III como o seu rei, se recusou a introduzir a sua efígie nas notas e moedas australianas, quebrando uma prática que se verificava desde 1923. Na província do Quebec desabafou-se com um "oh, my God", mas na Austrália o rei foi simplesmente ignorado.