sábado, 28 de janeiro de 2023

Ainda as sequelas da guerra das Falklands

O diário chileno Las Últimas Noticias divulgou na sua edição de ontem, com destaque de primeira página, uma curiosa história que envolveu um navio-patrulha da Royal Navy, que integra em permanência a força naval britânica estacionada nas ilhas Malvinas ou Falklands. Trata-se do HMS Forth (P 222), um navio da classe River, que desloca 2.000 toneladas, tem 90 metros de comprimento e uma guarnição de 50 elementos. O navio costuma visitar o porto chileno de Punta Arenas para reabastecimento e para realizar alguns trabalhos de manutenção, mas no passado mês de Novembro, em que se previa a sua participação na Exponaval de 2022 que se realizou na cidade chilena de Valparaiso, as autoridades chilenas não autorizaram a visita do navio britânico para não melindrar os seus vizinhos argentinos. Segundo revela o jornal, tudo resultou de excesso de zelo de alguns funcionários do Ministério dos Negócios Estrangeiros e esta decisão foi muito criticada, porque ao procurarem agradar à Argentina, acabaram por ofender o Reino Unido, que até esteve representado em Valparaiso pelo subchefe da Royal Navy.
De facto, a Marinha chilena tem uma relação bicentenária com a Royal Navy e o almirante escocês Lord Cochrane é um dos seus heróis nacionais, pelo papel que teve na luta pela independência chilena e, depois, na ajuda que deu à independência do Brasil, isto é, “la marina de Chile es hija de la marina británica y se ha mantenido en ese papel durante los ultimos 200 años”.
Certamente que a República do Chile já apresentou desculpas ao Reino Unido por este seu lapso histórico e diplomático, mas é curioso verificar que, quarenta anos depois da guerra das Falklands ou Malvinas, continuam os ressentimentos argentinos em relação à presença britânica naquelas ilhas.