O diário chileno Las
Últimas Noticias divulgou na sua edição de ontem, com destaque de
primeira página, uma curiosa história que envolveu um navio-patrulha da Royal
Navy, que integra em permanência a força naval britânica estacionada nas ilhas
Malvinas ou Falklands. Trata-se do HMS Forth
(P 222), um navio da classe River, que desloca 2.000 toneladas, tem 90
metros de comprimento e uma guarnição de 50 elementos. O navio costuma visitar
o porto chileno de Punta Arenas para reabastecimento e para realizar alguns
trabalhos de manutenção, mas no passado mês de Novembro, em que se previa a sua
participação na Exponaval de 2022 que se realizou na cidade chilena de Valparaiso,
as autoridades chilenas não autorizaram a visita do navio britânico para não
melindrar os seus vizinhos argentinos. Segundo revela o jornal, tudo resultou
de excesso de zelo de alguns funcionários do Ministério dos Negócios
Estrangeiros e esta decisão foi muito criticada, porque ao procurarem agradar à
Argentina, acabaram por ofender o Reino Unido, que até esteve representado em
Valparaiso pelo subchefe da Royal Navy.
De facto, a Marinha
chilena tem uma relação bicentenária com a Royal Navy e o almirante escocês
Lord Cochrane é um dos seus heróis nacionais, pelo papel que teve na luta pela
independência chilena e, depois, na ajuda que deu à independência do Brasil,
isto é, “la marina de Chile es hija de la marina británica y se ha mantenido en
ese papel durante los ultimos 200 años”.
Certamente que a
República do Chile já apresentou desculpas ao Reino Unido por este seu lapso histórico
e diplomático, mas é curioso verificar que, quarenta anos depois da guerra das
Falklands ou Malvinas, continuam os ressentimentos argentinos em relação à
presença britânica naquelas ilhas.