A situação que
atravessamos é cada vez mais complexa e a recente decisão do Tribunal
Constitucional apenas veio confirmar que o governo já não consegue disfarçar a
sua incapacidade para mudar de políticas. O governo diz tudo e o seu contrário.
Que não tinha Plano B e afinal…Que não tinha necessidade de mais tempo nem de
mais dinheiro e afinal… As previsões são grosseiramente erradas e o professor
Marcelo já veio dizer que o ministro Gaspar parece um astrólogo e perdeu
credibilidade. O discurso dos partidos da coligação é completamente diferente
do discurso que fizeram durante a campanha eleitoral. Não se prepararam. Não
estudaram. Não sabem o que se está a passar na economia e na sociedade, nem na
eminente ruptura social que nos ameaça. As oposições reclamam o fim desta
caminhada sem rumo e desta teimosa escolha de austeridade, sem que seja feita
qualquer coisa pelo crescimento e pelo emprego. Mas não são apenas as oposições
a protestar.
Hoje, o Jornal de Notícias
destaca em primeira página que “Barões laranja levantam a voz contra o Governo”
e lá estão plasmadas as declarações de Manuela Ferreira Leite, António Capucho
e Rui Rio. E o que dizem? Que a insistência
na austeridade não vai levar a lado nenhum, que há um despacho a proibir
novas despesas que “não tem ponta por onde se lhe pegue” e “é sintoma de um
governo que já está sem norte e faz disparates desta natureza”, ou que se trata
de um governo que “é incapaz e incompetente”. Depois, há Pacheco Pereira que
pede a demissão do governo e salienta o seu “espírito de vingança em relação a
todos os que lhe criam obstáculos”; e Ângelo Correia que se mostra indignado
com a receita de austeridade imposta pelo governo”; e Alberto João Jardim a
dizer que “não basta a demissão do ministro das Finanças, mas que tem que ser
um novo governo”. E são muitos mais. Contudo, o nosso primeiro é surdo e
teimoso. Acusado de ter à sua volta gente inexperiente e incompetente, decidiu
recorrer a um maduro. Já tinha um branco,
agora tem um maduro. Infelizmente não
deve ser com estes maduros que podemos alimentar a esperança em dias melhores.