domingo, 8 de janeiro de 2023

A corajosa luta das mulheres iranianas

O jornal italiano La Stampa que se publica em Turim, teve a iniciativa de promover uma petição pública que recolheu 300.000 assinaturas para pressionar o governo do Irão a poupar a vida de Fahimeh Karimi, mas também para pedir o fim das prisões injustas, das torturas e das sentenças de morte daqueles que, desde há mais de cem dias, se manifestam pacificamente no Irão para mudar o regime dos aiatolás. Foi o director do jornal que, em frente da embaixada da República Islâmica do Irão em Roma e acompanhado por muitos activistas e cidadãos empenhados na defesa dos direitos humanos, depositou oito caixas com as assinaturas recolhidas junto da porta da embaixada iraniana.
Esta iniciativa surgiu como um acto de solidariedade para com as mulheres iranianas e como homenagem à memória de Mahsa Amini, uma jovem mulher curda iraniana de 22 anos de idade, que foi presa em Teerão pela Patrulha de Orientação da República Islâmica do Irão, que zela pelo cumprimento da lei islâmica. O motivo da prisão foi o uso “indevido” do seu hijab e Mahsa Amini veio a morrer no dia 16 de setembro de 2022, por não ter colocado correctamente o véu com que as autoridades islâmicas obrigam todas as mulheres a cobrir a cabeça. Durante três dias foi agredida e não resistiu, tornando-se um símbolo da violência contra as mulheres na República Islâmica do Irão. 
Desde então, o popular slogan curdo Mulher, Vida, Liberdade (em italiano Donna, vita, libertà) que é usado pelos movimentos independentistas curdos e pelos manifestantes que em todo o mundo defendem os direitos das mulheres islâmicas, também passou a simbolizar os movimentos de solidariedade para com a corajosa luta das mulheres iranianas pelos seus direitos. Daí que tivesse sido repetido pelos manifestantes em Roma e tivesse feito manchete na edição do diário La Stampa, cuja capa é ilustrada com o rosto de uma mulher iraniana.

Russos e ucranianos num veleiro pela paz

A edição de hoje do jornal Paris-Normandie, um diário regional francês que se publica em Rouen, a sede do departamento do Sena Marítimo e capital da Normandia, dedica a sua manchete e uma desenvolvida reportagem ao festival Armada 2023, um encontro de veleiros que se realiza regularmente no seu porto.
Esse festival realiza-se entre os dias 8 e 18 de junho de 2023 e é um ex-libris cultural da cidade de Rouen, que se localiza na margem direita do rio Sena a cerca de 120 quilómetros da foz. A organização espera que cerca de cinquenta grandes veleiros internacionais tomem parte no Armada 2023 e o jornal anuncia os nomes de alguns dos que já confirmaram a sua presença, como o Dar Mlodziezy, um navio-escola polaco que é o único grande-veleiro (tall ship) que desde 1989 sempre participou no festival, o brasileiro Cisne Branco, o mexicano Cuauhtemoc e outros.
A grande novidade é a ausência dos gigantes russos – o Mir e o Sedov – por causa da guerra na Ucrânia, mas a fragata russa Shtandart estará presente. Este navio foi construído em 1999 por iniciativa de uma organização privada russa - a Shtandart Project - e é uma réplica do navio-almirante da frota do czar Pedro o Grande, que tinha sido construído em 1703 para a frota do Báltico. Desde o início da guerra na Ucrânia, a fragata Shtandart que tem três mastros e 32,70 metros de comprimento, não regressou a São Petersburgo, o seu porto de registo. O navio tem uma tripulação russo-ucraniana e, desde então içou as bandeiras de ambos os países, no sentido de transmitir uma mensagem de paz nos portos que o têm abrigado.
Um belo exemplo das íntimas relações históricas entre a Rússia e a Ucrânia que, muitos políticos e muitos interesses, agora querem quebrar.