O mundo anda
muito confuso e os meios de comunicação social estão a contribuir para essa
confusão, através da crescente desinformação com que enganam os leitores, os
ouvintes, os telespectadores e os internautas. Um bom exemplo dessa
realidade foi-nos dada na edição de hoje do secular Corriere della Sera, que é
um jornal generalista que se publica em Milão e que, em vez de destacar o
cessar-fogo e a paz que estão a ser negociadas para o conflito de Gaza, ou a
situação complexa que se vive na Ucrânia, ou a crise política francesa que está
a deixar o Emmanuel Macron desorientado, escolheu para tema central da sua
primeira página o futebolista Cristiano Ronaldo, apenas porque “bateu mais um
record” e é um homem endinheirado.
Aos 40 anos de idade, Cristiano Ronaldo atingiu um marco inédito no
futebol mundial pois tornou-se o primeiro jogador da história a acumular um
património milionário. Segundo a análise da agência Bloomberg, este património
resultou da sua passagem por clubes de futebol muito ricos, como o Manchester
United, o Real Madrid e a Juventus, que depois foi aumentado numa escala
meteórica quando assinou um contrato milionário com o Al-Nassr, da Arábia
Saudita. A somar a estas contratações futebolísticas, o jogador ainda manteve, ou mantém, parcerias de patrocínio comercial com marcas como a Nike, a Armani e
outras, além ter vários negócios com a sua marca CR7 na área da hotelaria, da
moda e dos serviços. Com tudo isto, a Bloomberg estima que Cristiano Ronaldo tenha um património
líquido da ordem dos 1,4 mil milhões de dólares, isto é, quase 1,2 mil milhões
de euros.
O elogio
futebolístico de Cristiano Ronaldo está feito e todos os seus muitos recordes
são conhecidos. Ele é um campeão. Porém, admira como um jornal respeitável como o Corriere
della Sera se deixe deslumbrar com os milhões que são pagos a um futebolista e
traga esse assunto para a sua primeira página. O poder do dinheiro. Sinais dos tempos…