Na madrugada de
hoje, Vladimir Putin falou aos russos e ao mundo para anunciar a iniciativa que
todos temiam, mas que poucos acreditavam ser possível, isto é, a invasão da
Ucrânia. Depois de muitos dias de diálogo, contactos diplomáticos, consultas e
conversações, mas também de ameaças, acusações e insultos, tudo parecia
caminhar no sentido de ser encontrada uma solução que resultaria de alguma
cedência das partes e que recusasse a guerra e as suas consequências
catastróficas.
Porém, aconteceu uma crescente radicalização, sem que cada parte
atendesse aos argumentos da outra.
No longo discurso
que pronunciou esta madrugada, Putin considerou que a Rússia e o seu povo
estavam cada vez mais ameaçados pelos Estados Unidos e pela NATO, afirmando que
“decidi conduzir uma operação militar especial” e que “a Rússia moderna, mesmo
após o colapso da URSS e a perda de uma parte significativa do seu potencial, é
hoje uma das potências nucleares mais poderosas do mundo”, o que deve ser
associado a outra passagem do seu discurso em que Putin também disse que “quem
nos tentar impedir, deve saber que a resposta da Rússia será imediata”. Trata-se
de uma declaração de guerra à NATO e ninguém sabe o que vai acontecer. É um dia
muito negro na História da Europa. A iniciativa de Putin tem sido condenada com
veemência, com as excepções do costume. Só a imprensa sul-americana não deu a
notícia da invasão da Ucrânia porque quando Putin falou, a América do Sul ainda estava no dia anterior…
Em Portugal temos o presidente Marcelo a condenar a violação do direito internacional e temos o primeiro-ministro Costa a afirmar
que está preparada uma força militar portuguesa para missões de dissuasão da
NATO, mas que a NATO não vai intervir na Ucrânia.
Todos condenam Putin e
declaram solidariedade para com o povo ucraniano. Nós também. Que o cessar-fogo
e a diplomacia cheguem depressa. Que tudo isto seja apenas um mau sonho.