quinta-feira, 24 de fevereiro de 2022

Um dia muito negro na História da Europa

Na madrugada de hoje, Vladimir Putin falou aos russos e ao mundo para anunciar a iniciativa que todos temiam, mas que poucos acreditavam ser possível, isto é, a invasão da Ucrânia. Depois de muitos dias de diálogo, contactos diplomáticos, consultas e conversações, mas também de ameaças, acusações e insultos, tudo parecia caminhar no sentido de ser encontrada uma solução que resultaria de alguma cedência das partes e que recusasse a guerra e as suas consequências catastróficas. 
Porém, aconteceu uma crescente radicalização, sem que cada parte atendesse aos argumentos da outra.
No longo discurso que pronunciou esta madrugada, Putin considerou que a Rússia e o seu povo estavam cada vez mais ameaçados pelos Estados Unidos e pela NATO, afirmando que “decidi conduzir uma operação militar especial” e que “a Rússia moderna, mesmo após o colapso da URSS e a perda de uma parte significativa do seu potencial, é hoje uma das potências nucleares mais poderosas do mundo”, o que deve ser associado a outra passagem do seu discurso em que Putin também disse que “quem nos tentar impedir, deve saber que a resposta da Rússia será imediata”. Trata-se de uma declaração de guerra à NATO e ninguém sabe o que vai acontecer. É um dia muito negro na História da Europa. A iniciativa de Putin tem sido condenada com veemência, com as excepções do costume. Só a imprensa sul-americana não deu a notícia da invasão da Ucrânia porque quando Putin falou, a América do Sul ainda estava no dia anterior…
Em Portugal temos o presidente Marcelo a condenar a violação do direito internacional e temos o primeiro-ministro Costa a afirmar que está preparada uma força militar portuguesa para missões de dissuasão da NATO, mas que a NATO não vai intervir na Ucrânia. 
Todos condenam Putin e declaram solidariedade para com o povo ucraniano. Nós também. Que o cessar-fogo e a diplomacia cheguem depressa. Que tudo isto seja apenas um mau sonho.