Foi há 50 anos,
no dia 9 de Outubro de 1967, que Ernesto Guevara de la Serna, mundialmente
conhecido como “Che” Guevara, foi executado em La Higuera, na província de
Vallegrande, no sudoeste da Bolívia. Tinha 39 anos de idade e a revista Time considerou-o uma das cem
personalidades mais importantes do século XX.
Nascera em 1928 na
cidade argentina de Rosário no seio de uma família abastada e formara-se em
Medicina na Universidade de Buenos Aires, mas veio a trocar a vida confortável
que o esperava por uma causa em que acreditou, ao juntar-se aos oposicionistas
cubanos que lutavam contra o ditador Fulgêncio Baptista, então exilados no
México. No dia 26 de Novembro de 1956 integrou o grupo de 82 homens que sob o
comando de Fidel de Castro, partiu do porto mexicano de Tuxpan a bordo do
pequeno iate Granma e, uma semana
depois, desembarcou numa praia da província cubana do Oriente. Durante o
desembarque o grupo foi atacado pela aviação cubana e apenas 12 homens sobreviveram.
Ernesto Guevara foi um deles. Esse pequeno núcleo de sobreviventes reagrupou-se
na Sierra Maestra, conduziu a guerrilha contra o regime cubano e cerca de 25
meses depois, no dia 1 de Janeiro de 1959, as forças do exército rebelde entraram
triunfantes em Havana. Foi uma grande vitória militar e o médico argentino que integrara
a guerrilha, tornara-se num dos seus mais destacados comandantes. Mais do que
Fidel, Camilo ou Raúl, o Che tornou-se o símbolo da vitória.
Sobre a revolução
cubana que foi dura, violenta e sangrenta já quase tudo foi escrito, quer pelos
seus inflamados defensores, quer pelos seus intransigentes críticos.
Depois de ter
ocupado vários importantes cargos no período pós-revolucionário, o Che deixou
Cuba em 1965 com a intenção de levar a luta armada ao Terceiro Mundo. Nunca
mais voltou a Cuba. Primeiro esteve em África a apoiar a independência do Congo
e, depois, instalou-se nas montanhas da Bolívia onde, inspirado no exemplo da
Sierra Maestra, pretendeu criar um foco guerrilheiro. Porém, não teve os apoios
populares por que esperava e foi derrotado. No dia 8 de Outubro de 1967 foi
capturado pelas forças militares bolivianas apoiadas pela CIA, quando estava ferido
e doente. Na manhã seguinte, veio de La Paz a ordem para que fosse executado e
a ordem foi cumprida com uma rajada de espingarda metralhadora. Nasceu então o
mito do Che revolucionário, idealista e mártir.
Cinquenta anos
depois, o simbolo maior da revolução cubana e da utopia da libertação dos povos
da América Latina mantém-se vivo. As actuais gerações que por todo mundo usam a imagem do Che, quase como uma marca comercial
de sucesso, mas não o fazem por razões políticas ou ideais revolucionários, mas
apenas porque ele representa um homem de causas e de ideais que não se deixou
corromper pelo poder e que tudo sacrificou a esses valores. Por isso, o seu
exemplo continua presente um pouco por todo o lado e alguns jornais, como o
diário boliviano La Razón, evocam o homem e a sua memória.