domingo, 24 de abril de 2022

Viva o 25 de Abril, viva o dia da Liberdade!

Cartaz da Associação 25 de Abril
Já lá vai o tempo em que alguns discutiam se o 25 de Abril tinha valido a pena, mas 48 anos depois daquele dia inicial inteiro e limpo, já ninguém ousa discutir a importância que tiveram para a sociedade portuguesa as portas que Abril abriu.  Hoje, só os mais velhos sabem o que foram os tempos sombrios da ditadura e das suas verdades indiscutíveis, das perseguições políticas e da emigração maciça, do obscurantismo cultural e do subdesenvolvimento económico, da intransigência salazarista-caetanista e da guerra colonial.
As sociedades são dinâmicas e evoluem por ciclos. Os nossos quase nove séculos de história mostram-nos isso mesmo, com ciclos como os tempos faustosos das índias e dos brasis, mas também com os tempos das humilhações da ocupação filipina e das invasões francesas. Mais recentemente, ao ciclo da repressão política e do conformismo em que vivemos desde 1926, seguiu-se depois de 1974 um esperançoso ciclo com a integração no espaço democrático europeu e a apressada recuperação do tempo perdido, com liberdade, bem-estar económico e paz social.
Porém, nos tempos que vivemos é imprevisível definir ou antecipar que outro tipo de ciclo nos espera. Por isso, a evocação do 25 de Abril não pode ser apenas uma referência histórica e um marco festivo e emocional para aqueles que viveram a alegria da libertação, mas tem que constituir um momento de reflexão relativamente aos princípios e valores que esse dia nos ajudou a adquirir, mas que carecem de aprofundamento no que respeita ao nosso sistema político e social, designadamente na defesa dos interesses e das causas públicas, no combate às desigualdades sociais e às assimetrias regionais, no reforço da solidariedade nacional e na prevenção das alterações climáticas e dos seus efeitos. 
Os princípios democráticos e de desenvolvimento que nortearam o 25 de Abril têm que ser reafirmados a propósito da sua celebração, para mostrar aos cidadãos e aos que eles escolheram como seus representantes, que desejamos uma sociedade mais justa e mais solidária, sem corrupção, sem tráfico de influências e sem clientelismo. 
Será nesse espírito que amanhã havemos de celebrar o 25 de Abril.