Alguns jornais
espanhóis noticiam hoje que a mais longa viagem ferroviária da História
terminou ontem em Madrid, depois de um comboio de mercadorias ter percorrido em
21 dias a distância de 13.052 quilómetros desde Yiwu, no leste da China. Entre
esses jornais, destaca-se o Ideal de Jáen que é o único diário
que ilustra a notícia com uma fotografia de primeira página a 5 colunas com o
título “China-Madrid en 21 dias”. O comboio transportou 40 contentores com 1400
toneladas de mercadorias, sobretudo enfeites para reforço das vendas de Natal,
regressando à China com presunto, azeite, vinho e outros produtos espanhóis. Ana
Botella, a presidente da Câmara Municipal de Madrid, disse que “é uma nova rota
da seda, mas que agora é feita nos dois sentidos”.
Essa ideia da “nova
rota da seda” já tinha sido referida ontem neste blogue a propósito da ligação
ferroviária entre a China e a Europa que foi iniciada em 2011, quando um
comboio com contentores saiu de Chongqing e chegou a Duisburg, na Alemanha,
depois de ter percorrido 10.300 quilómetros em 16 dias de viagem. Essa linha
ferroviária atravessa a Mongólia, o Cazaquistão, a Rússia, a Bielorússia e a
Polónia e é explorada pela TEL – Trans
Eurasia Logistics, uma empresa detida em partes iguais por capitais alemães
e russos. Em 2012 essa linha passou a operar com regularidade e, actualmente,
tem quatro partidas semanais para a China, Rússia e países da Comunidade de
Estados Independentes. Esta opções
parecem afirmar-se como uma boa alternativa ao transporte marítimo que demora o
dobro do tempo e é mais caro, o que também pode significar uma maior invasão de
produtos chineses no curto prazo.
Segundo informa hoje o EL Pais,
há a intenção da ligação ferroviária entre a Espanha e a China se tornar regular. Nuestros hermanos não perdem tempo com dispendiosas comitivas governamentais que levam os empresários ao colo. Nuestros hermanos fazem-se ao caminho e quando
recebem os regalos de Natal chineses,
na volta do correio mandam-lhes presuntos, muitos presuntos.