Afectos (Fonte: ilustragargalo.blogspot.com) |
Os incêndios do
passado fim-de-semana em Portugal foram uma calamidade e têm gerado reacções
muito emocionadas por parte dos agentes políticos, umas mais sentidas e outras
cheias de hipocrisia, outras inesperadas e outras tão oportunistas que, em
conjunto, bem podem ser consideradas como um case study de uma nova disciplina a designar como Gestão emocional das calamidades públicas.
Os exemplos são
muitos, mas basta ver alguns. O presidente da República levou a sua presença e
uma palavra de alento às regiões sinistradas, mas rapidamente se deslumbrou e
passou dos afectos a uma inoportuna e despropositada campanha de promoção
pessoal; o primeiro-ministro esteve no meio de uma tempestade perfeita e viu-se cercado pelos estagiários do microfone
e pelos comentadores de serviço, pelo que não reagiu bem à situação e até admitiu
que não fez uma boa gestão emocional da tragédia; a deslumbrada jovem que
dirige os centristas ainda inconformados com o seu afastamento do arco do
poder, quis aproveitar a transição que se vive no PSD para sair da sua
insignificância política, tratando de apresentar uma moção de censura ao
governo e exigir o corte de cabeças, quando os incêndios ainda não estavam
dominados.
Todas estas
reacções merecem uma análise profunda que cada cidadão não dispensa de fazer Foi
o que fez o cartoonista Vasco Gargalo que criou um cartoon com o título Afectos,
dedicado a Marcelo Rebelo de Sousa e que publicou no passado dia 20 de Outubro no
seu blogue.
A oportuna
intervenção afectiva e solidária de Marcelo Rebelo de Sousa nas regiões
sinistradas, rapidamente descambou para uma inoportuna peregrinação de demagogia
presidencial, ornamentada por extensas comitivas de fotógrafos e de
estagiários, naturalmente convidados pelos serviços da presidência da República
para perpetuarem os afectos do presidente em imagem e som. Não está certo e, como diz o povo, no
melhor pano cai a nódoa. Parabéns Vasco Gargalo.