Com títulos diversos e em vários jornais, estamos a ser fustigados com a notícia que, apesar da austeridade, as coisas não estão a correr bem devido à quebra nas receitas fiscais, o que deixa o objectivo do défice de 4.5% para 2012 mais longe de ser alcançado. Embora a despesa com a administração pública tenha caído quase mil milhões de euros devido sobretudo ao corte de subsídios aos funcionários e pensionistas, verificou-se uma brutal quebra na receita fiscal, estimando-se que o desvio atinja três mil milhões de euros, que é um montante superior a 1,5% do PIB e que “atira” o défice para 6.0%.
A execução orçamental de 2012 está pressionada pela subida da despesa com prestações sociais e subsídios de desemprego e com a quebra das contribuições para a Segurança Social, que são consequência desta austeridade. O governo já em Maio alertara para o aumento dos "riscos e incertezas" que ameaçavam o cumprimento da meta do défice, devido aos resultados da execução orçamental do lado da receita. O que é que esperava o gaspar e os contabilistas que nos governam? Conhecem o país e a economia reais? Provavelmente, não! Toda a gente sabe que quando se espreme um limão, a partir de certa altura já não dá sumo. O caminho adoptado não está a resolver o nosso problema e são precisas novas ideias. Talvez novas pessoas. Talvez menos viagens. Talvez menos austeridade. Assim, isto é um naufrágio, não é um ajustamento.
Aqueles que há dezasseis meses afirmavam que não seriam cortados subsídios e que tudo seria resolvido com a saída do pinto de sousa e com o corte de gorduras, em vez de assumirem que erraram e que não são competentes, já nos ameaçam com mais austeridade. Os nossos contabilistas e os seus assessores são mesmo uns teimosos!