sexta-feira, 14 de fevereiro de 2025

A Europa sem voz no conflito da Ucrânia

A conversa telefónica da passada quarta-feira entre Trump e Putin parece ter apanhado de surpresa a União Europeia e os seus estados-membros, pois a reacção foi muito lenta. Os primeiros relatos mostraram que os europeus, mas também os ucranianos, foram totalmente marginalizados pelos interesses de Washington e de Moscovo. Porém, passadas as primeiras horas, já se começaram a ouvir algumas vozes a reagir e a exigir a presença da Europa e de Zelensky nas conversações que foram anunciadas, nas quais estão a ser arredados e que se afirma irão ser muito demoradas… e difíceis. No entanto, o complexo quadro negocial que se vai apresentar parece não fazer sentido sem a participação ucraniana, embora a eventual presença europeia servirá apenas para perturbar e para agravar as clivagens entre Trump e os europeus.
Aqueles que mais apostaram na vitória da Ucrânia, casos de Ursula von der Leyen e Mark Rutte, ou a União Europeia e a NATO, têm avisado que o expansionismo russo vai continuar a ameaçar a Europa e defendem o seu rearmamento, mesmo à custa dos direitos sociais dos europeus, chegando mesmo a parecer vendedores das empresas de armamento e a fazer declarações atentatórias da soberania de cada um dos estados-membros.
A situação é muito complexa e preocupante. O facto é que a administração Trump veio baralhar toda a gente e dar esperança aos que desejam que a guerra acabe e com ela o morticínio e a destruição, o que parece ser cada vez mais a posição das opiniões públicas nacionais que estão cansadas da guerra e do discurso da guerra. Na Europa das Pátrias, de muitas línguas e muitas culturas, demograficamente envelhecida e tecnologicamente atrasada, vacilam os valores e faltam os líderes capazes enfrentar com realismo a complexa situação em que está a Europa. Como hoje mostra a capa do jornal Libération, parece que Putin e Trump estão sós no mundo…
Pobre e irrelevante Europa que não tem quem a comande.