A conversa
telefónica da passada quarta-feira entre Trump e Putin parece ter apanhado de
surpresa a União Europeia e os seus estados-membros, pois a reacção foi muito lenta. Os primeiros relatos mostraram que os europeus, mas também os
ucranianos, foram totalmente marginalizados pelos interesses de Washington e de
Moscovo. Porém, passadas as primeiras horas, já se começaram a ouvir algumas vozes a reagir e a exigir a
presença da Europa e de Zelensky nas conversações que foram anunciadas, nas
quais estão a ser arredados e que se afirma irão ser muito demoradas… e
difíceis. No entanto, o complexo quadro negocial que se vai apresentar parece
não fazer sentido sem a participação ucraniana, embora a eventual presença
europeia servirá apenas para perturbar e para agravar as clivagens entre Trump
e os europeus.
Aqueles que mais
apostaram na vitória da Ucrânia, casos de Ursula von der Leyen e Mark Rutte, ou
a União Europeia e a NATO, têm avisado que o expansionismo russo vai continuar
a ameaçar a Europa e defendem o seu rearmamento, mesmo à custa dos direitos
sociais dos europeus, chegando mesmo a parecer vendedores das empresas de
armamento e a fazer declarações atentatórias da soberania de cada um dos
estados-membros.
A situação é
muito complexa e preocupante. O facto é que a administração Trump veio baralhar
toda a gente e dar esperança aos que desejam que a guerra acabe e com ela o
morticínio e a destruição, o que parece ser cada vez mais a posição das
opiniões públicas nacionais que estão cansadas da guerra e do discurso da
guerra. Na Europa das Pátrias, de
muitas línguas e muitas culturas, demograficamente envelhecida e
tecnologicamente atrasada, vacilam os valores e faltam os líderes capazes
enfrentar com realismo a complexa situação em que está a Europa. Como hoje mostra
a capa do jornal Libération, parece que Putin e Trump estão sós no mundo…
Pobre e
irrelevante Europa que não tem quem a comande.