segunda-feira, 9 de agosto de 2021

Heranças coloniais e derrubes de estátuas

A edição de ontem do jornal madrileno ABC destaca que “el odio a España se enseña en las escuelas de América” e ilustra a sua primeira página com uma fotografia em que um jovem arrasta uma cabeça de uma estátua de Colombo por uma rua da cidade colombiana de Barranquilla.
A rejeição das heranças coloniais, com todas as suas grandezas e desgraças, parece estar a tornar-se uma moda, em que se acentua a exploração dos colonizados pelos colonizadores, assim como a escravatura, o trabalho forçado, a apropriação de terras e recursos, bem como muitas outras facetas do domínio colonial. Aqueles que a História tem registado como pioneiros do descobrimento do mundo, do encontro de culturas e da globalização, caso dos Colombos, dos Gamas, dos Cartier, dos Janszoon ou dos Cook, tendem a ser contestados nas regiões que procuraram dominar, civilizar, cristianizar ou simplesmente trazer para o seu convívio cultural de acordo com os padrões da sua época. Nesse tempo não havia “direitos humanos” e esses padrões eram por vezes marcados por grande violência e crueldade, mas não eram uma prática exclusiva dos colonizadores para com os colonizados dos novos continentes, pois manifestavam-se com iguais características nas sociedades medievais europeias e algumas chegaram mesmo até aos nossos dias, como se viu no recente conflito da ex-Jugoslávia.
A actual contestação africana ou latino-americana que derruba estátuas e contesta a herança colonial, tem uma narrativa que é tão distorcida como aquela que agora rejeita. A reescrita da História faz sentido e pode ser necessária, mas não pode ser vista com os olhos do nosso tempo de modas, de redes sociais e de ajustes de contas. Diz o ABC que o ódio a Espanha se ensina nas escolas da América, mas se assim é, não faltará muito tempo para que essa moda se espalhe e que, em vez de caminharmos para uma sociedade mundial mais harmoniosa e mais justa, se multipliquem os factores de conflitualidade.

Terminou Tóquio 2020. Venha Paris 2024

Terminaram os Jogos Olímpicos de Tóquio com os Estados Unidos na liderança do chamado medalheiro global com 113 medalhas conquistadas, sendo 39 de ouro, 41 de prata e 33 de bronze, seguindo-se a China com 88, o Comité Olímpico Russo com 71, a Grã-Bretanha com 65 e o Japão com 58. Os nossos amigos brasileiros aparecem em 12º lugar com 21 medalhas, os nossos vizinhos espanhóis em 22º lugar com 17 medalhas e o nosso Portugal em 56º lugar com 4 medalhas. Foi a melhor prestação olímpica portuguesa de sempre, com quatro medalhas e quinze diplomas atribuídos aos atletas que se classificaram entre o 4º e o 8º lugar, mas porque houve 93 países que ganharam medalhas, ficamos na segunda metade da tabela.
Pode ser que surjam agora os apoios necessários para que a preparação olímpica para 2024 em Paris, permita que se dê mais um salto no campo da “convergência desportiva”. De facto, se analisarmos os resultados olímpicos dos países europeus de dimensão semelhante a Portugal encontramos alguns países que quase nos fazem inveja, como por exemplo a Hungria (20 medalhas), a Suiça (13), a Dinamarca (11), a Suécia e a Sérvia (9), a Croácia (8) e a Bélgica (7). 
Curiosamente o ponto final nos Jogos de Tóquio quase foi ignorado pela imprensa portuguesa e teve que ser o jornal macaense ponto final a assinalar o desempenho histórico de Portugal.