Nos últimos tempos estivemos tão concentrados nas coisas do futebol e no que se passava nos relvados, que nem demos a devida atenção ao que se passava com o relvas, habituados como estávamos a ouvi-lo falar de tudo, de bandeirinha na lapela e sempre rodeado de abraços, vénias e seguranças. Muito se escreveu sobre o poderoso relvas, dizendo-se que tudo controlava e que até o nosso primeiro dele dependia. Porém, nas últimas semanas o relvas foi protagonista da nossa imprensa por razões menos felizes. Em sucessivos artigos, era denunciado o uso de um excessivo poder, as pressões e as ameaças feitas sobre a imprensa, as ligações às secretas, à televisão pública e aos grandes interesses económicos internos e internacionais. O relvas parecia atravessar transversalmente a nossa sociedade. Estava em todas e a inteligente e arguta Clara Ferreira Alves já lhe dedicara um interessante artigo a propósito das suas ligações à Família Santos e à terra africana onde ele próprio crescera.
De repente, surgiu a dúvida e levantou-se o problema de saber se o relvas era doutor ou apenas um simples licenciado, qual era a sua especialização e como atingira tão elevado patamar académico. O assunto demorou algum tempo a esclarecer. Soube-se agora que o percurso académico do relvas é um cambalacho de todo o tamanho. Aparentemente fez uma ou duas cadeiras das 36 a que o plano de estudos o obrigava e, ao fim de um ano, teve o diploma. Uma vergonha para ele, para a instituição universitária e para nós todos. Algumas universidades entraram na promíscua relação entre a política e os negócios e, aparentemente, andam muitos relvas por aí. Como se imaginava. Agora fico com a curiosidade de ouvir aqueles que tanto atacaram o pinto de sousa por muito menos. E não tardará a aparecer um qualquer paco bandeira a cantar: ó relvas, ó relvas, badajoz à vista...
É sempre assim: quem semeia ventos, colhe tempestades!
É sempre assim: quem semeia ventos, colhe tempestades!