terça-feira, 6 de fevereiro de 2018

Macron e os independentistas corsos

O Presidente Emmanuel Macron realiza hoje a sua primeira deslocação oficial à Córsega para homenagear Claude Érignac, o prefeito de Ajaccio que foi assassinado há 20 anos por um comando da Frente de Libertação Nacional da Córsega (FLNC). O tema está na capa do Libération que refere a visita presidencial como "o momento corso"
É um momento muito ousado e muito difícil para Macron pois tomou a iniciativa inédita de conversar com os dirigentes nacionalistas corsos, nomeadamente o presidente do executivo local que é o autonomista Gilles Simeoni e o presidente da Assembleia Regional que é o líder independentista Jean-Guy Talamoni, que também é membro do partido independentista Corsica libera e do Conselho da Língua e da Cultura Corsa. Tal como tem acontecido nos anos anteriores, enquanto o autonomista Simeoni estará presente na cerimónia de homenagem a Érignac, o independentista Talamoni estará ausente. Desconhece-se a agenda destes encontros, mas Simeoni já declarou que é uma janela de oportunidade histórica para sair da lógica do conflito e passar para a lógica do diálogo, mostrando que a lição da Catalunha está presente na Córsega.
As reivindicações independentistas corsas resultam do facto da população que tem um pouco mais de 300 mil pessoas, ter língua e cultura próprias e se sentir mais italiana do que francesa. Por isso, em 1976 foi criada a FLNC (Fronte di Liberazione Naziunale Corsu), como movimento político que defende a independência da ilha de 8 mil km2, mas que é considerada uma organização criminosa por usar métodos de acção violentos que são inspirados na mafia italiana, como atentados, sequestros e vinganças.
A actividade da FLNC foi sempre muito dinâmica, embora tivesse anunciado em 2014 a sua progressiva desmilitarização e saída da clandestinidade. Emmanuel Macron terá aproveitado esta pausa e esta oportunidade para homenagear Claude Érignac, mas também para  tomar a iniciativa política e conversar com autonomistas e independentistas, por forma a evitar que a Córsega se transforme num problema semelhante ao da vizinha Catalunha.