O Presidente
Emmanuel Macron realiza hoje a sua primeira deslocação oficial à Córsega para
homenagear Claude Érignac, o prefeito de Ajaccio que foi assassinado há 20 anos
por um comando da Frente de Libertação Nacional da Córsega
(FLNC). O tema está na capa do Libération que refere a visita presidencial como "o momento corso"
É um momento
muito ousado e muito difícil para Macron pois tomou a iniciativa inédita de
conversar com os dirigentes nacionalistas corsos, nomeadamente o presidente do
executivo local que é o autonomista Gilles Simeoni e o presidente da Assembleia
Regional que é o líder independentista Jean-Guy Talamoni, que também é membro
do partido independentista Corsica libera
e do Conselho da Língua e da Cultura Corsa. Tal como tem acontecido nos anos
anteriores, enquanto o autonomista Simeoni estará presente na cerimónia de
homenagem a Érignac, o independentista Talamoni estará ausente. Desconhece-se a
agenda destes encontros, mas Simeoni já declarou que é uma janela de
oportunidade histórica para sair da lógica
do conflito e passar para a lógica do
diálogo, mostrando que a lição da Catalunha está presente na Córsega.
As reivindicações
independentistas corsas resultam do facto da população que tem um pouco mais de
300 mil pessoas, ter língua e cultura próprias e se sentir mais italiana do que
francesa. Por isso, em 1976 foi criada a FLNC (Fronte di Liberazione
Naziunale Corsu), como movimento político que defende a independência da
ilha de 8 mil km2, mas que é considerada uma organização criminosa por
usar métodos de acção violentos que são inspirados na mafia italiana, como atentados,
sequestros e vinganças.
A actividade da
FLNC foi sempre muito dinâmica, embora tivesse
anunciado em 2014 a sua progressiva desmilitarização e saída da clandestinidade. Emmanuel Macron
terá aproveitado esta pausa e esta oportunidade para homenagear Claude Érignac, mas também para tomar a iniciativa política e conversar com autonomistas e independentistas, por forma a evitar que a Córsega se
transforme num problema semelhante ao da vizinha Catalunha.