terça-feira, 5 de junho de 2012

Um desfile náutico memorável no Tamisa

Há muitos, muitos anos, aprendia-se nas nossas escolas primárias que a aliança luso-britânica assinada em 1373 e confirmada pelo Tratado de Windsor de 1386, era a mais antiga aliança diplomática do mundo ainda em vigor. Com o correr dos anos e com a aprendizagem da História que fomos tendo ao longo do tempo, começamos a ver que essa aliança foi sempre mais vantajosa para os ingleses do que para nós e que eles, muitas vezes, não só não foram nossos aliados, como foram nossos intransigentes adversários, que nos atraiçoaram, nos combateram e nos humilharam. Assim aconteceu quando perdemos as praças da costa do Malabar para os holandeses, quando perdemos Baçaim e a Província do Norte do Estado da Índia para os maratas, quando nos ocuparam a Madeira e Goa com o pretexto das invasões napoleónicas ou quando nos humilharam com o Ultimato de 1891. Por todas estas razões e como republicano, não tenho especial atracção pelos ingleses e pela sua monarquia, embora goste de muitas coisas que eles têm para nos oferecer. Destaco, por exemplo, a sua língua universal, os museus de Londres, os grandes concertos e a Premier League. Além disso, admiro a solenidade com que a sociedade inglesa celebra os grandes momentos da Casa Real, de que é exemplo o conjunto de iniciativas que nestes dias assinalaram as Bodas de Diamante da Rainha e que a televisão nos mostrou. Destaco, em especial, o desfile náutico do Tamisa com mais de mil embarcações que escoltaram a Rainha e os milhões de pessoas que a ele assistiram, a lembrar ao mundo o simbolismo do poder naval inglês e a forma como a Família Real e os ingleses o evocam. Destaco, igualmente, a forma como os jornais de todo o mundo relataram esse memorável desfile náutico. Aqui, lamentavelmente, a nossa herança marítima é menos evocada do que devia e, nem o Tejo nem o Douro, têm servido para estas coisas.